Versos sobre Flores

Cerca de 2040 versos sobre Flores

Aleppo

Havia uma cidade
E uma população
Padarias, doces e cores
Flores e odores
Famílias vendo televisão
Havia felicidade

Havia uma cidade
Havia um país
Casas, crianças e cães
Mas o ódio fincou raiz
Choram todas as mães
Pelo que restou da humanidade

Já não há cidade
Nem casas nem nada
Fez-se a destruição e o caos
Levando vidas pela metade
Já não há amor nem nada
Só ganância sem piedade

Inserida por purapoesia

Nem todas as flores
vivem gloriosamente em flor.
Uma delas sobrevive
catando os nossos restos
juntando os nossos pedaços
do playground à lixeira

marGARIda-amarela
marGARIda-do-campo
marGARIda-sem-terra
marGARIda-rasteira
marGARIda-sem-teto
marGARIda-menor

pela terra mais garrida
de maio a maio arrastando
o seu carrinho de GARI.

Catando os nossos restos
juntando os nossos pedaços
vai e vem uma marGARIda
brotar no seu jardim

Inserida por pensador

Flores do mais

devagar escreva
uma primeira letra
escreva
nas imediações construídas
pelos furacões;
devagar meça
a primeira pássara
bisonha que
riscar
o pano de boca
aberto
sobre os vendavais;
devagar imponha
o pulso
que melhor
souber sangrar
sobre a faca
das marés;
devagar imprima
o primeiro
olhar
sobre o galope molhado
dos animais; devagar
peça mais
e mais e
mais

Inserida por pensador

Aurora

Aurora singular refugia-se na mata sombria
Em meio a flores mortas, apenas nela a luz cintila
O sol relutante neste lugar negou-se renascer
Sabia que era meu dever aparecer

Que mal tem fugir da escuridão?
Verdade profunda ali habitava
Coração em meu peito gritava
Porém era meu o dever de aparecer

Oh, Aurora, fique aí!
Me dê mais uma chance
E te alcançarei
Se nesta mata ainda há vida
Ressurgirá comigo em teu canto

Inserida por micaellaester

A minha esperança é azul. Propagação. Níveis do Inferno.
Flores de Jacarandá no chão.
Gostava de me decifrar. Perdi o relógio, perdi a caneta, não perdi o anel. Ele arde-me.
Era isso! A faísca. No caos, a faísca. Tu. Não esquecer.
Fazer ver a leveza da tempestade. Até doerem os dedos. Até chorar. Até rir. Até dormir descansada no teu peito azul.

Inserida por pensador

Há muitos pássaros e flores soporíficas em minh’ mente, sementes de papoulas...
Lindas intenções e falácias líricas, soníferos sonhos que somente tu sabes, que fulmina o tempo, germina ao vento, somente quando a primavera em setembro se abre...

Inserida por SoniaMGoncalves

Seja em qualquer estação,
que germinem muitas flores
no canteiro do coração
junto à alegria e amores

Inserida por neusamarilda

FLORES

Minhas mãos, não sei
Ainda cheiram as flores
Que eu nunca entreguei

Inserida por PoetaCarmo

Borboletas no estômago

Te construí com cada pedaço de emoção
Juntei as flores que jamais entreguei
As cartas que nunca enviei
As declarações que deixei de pronunciar
A prazerosa expectativa do encontro
As borboletas no estômago
A esperança do sentimento correspondido
Concepção de sua essência
Contemplei o seu alvor
Celebrei sua existência
Imanência, oh louvor
Encanto que sublima
Envolve e fascina
Obra prima do artista amor

Inserida por PoetaCarmo

Oh era uma primavera
de folhas de peles selvagens e flores de cobalto
enquanto cadillacs caíam como chuva entre as árvores
encharcando com demência os relvados
e de cada nuvem de imitação
escorriam multidões múltiplas
de sobreviventes de nagasaki desasados

E ao longe perdidas
flutuavam xícaras
repletas com nossas cinzas

Inserida por pensador

As mãos pressentem a leveza rubra do lume
repetem gestos semelhantes a corolas de flores
voos de pássaro ferido no marulho da alba
ou ficam assim azuis
queimadas pela secular idade desta luz
encalhada como um barco nos confins do olhar

ergues de novo as cansadas e sábias mãos
tocas o vazio de muitos dias sem desejo e
o amargor húmido das noites e tanta ignorância
tanto ouro sonhado sobre a pele tanta treva
quase nada

Inserida por pensador

Acordar tarde

tocas as flores murchas que alguém te ofereceu
quando o rio parou de correr e a noite
foi tão luminosa quanto a mota que falhou
a curva - e o serviço postal não funcionou
no dia seguinte

procuras ávido aquilo que o mar não devorou
e passas a língua na cola dos selos lambidos
por assassinos - e a tua mão segurando a faca
cujo gume possui a fatalidade do sangue contaminado
dos amantes ocasionais - nada a fazer

irás sozinho vida dentro
os braços estendidos como se entrasses na água
o corpo num arco de pedra tenso simulando
a casa
onde me abrigo do mortal brilho do meio-dia

Inserida por pensador

Mesmo de longe, percebo teu perfume,
sinto nele o encanto,
misto de flores e folhas maceradas
sob a volúpia do verão
vou prender esse odor, amor,
acorrentando você ao coração

Inserida por neusamarilda

No paraíso fechado para pecadores
Aonde o concreto, esmaga as flores.

Inserida por ratho_zl

Use flores, ame pessoas.
Construa caminhos, quebre barreiras.
Faça conexões, desligue o wi-fi.
Dê vida a um sorriso, mate a saudade.
Use flores mas floresça você.

Inserida por ShandyCrispim

Das mais belas flores do campo
És o meu girassol
Está direcionada diretamente ao sol
E ai de quem descuidá-la

Está de costas para a escuridão
De costas para o sofrimento
De costas à toda dor e todo ódio
De costas para toda a infelicidade

Está de frente à todo o amor
De frente à toda paixão consolidada
De frente à toda a simplicidade
De se saber ser feliz com o pouco

Quem me dera se todos fossem assim
Tais como você sorridente sempre
Você é algo a se guardar e nunca mais soltar
Fique comigo, eu lhe peço

Este mundo não é para você
Sua perfeição é digna de um próprio universo
É digna de um próprio cultivo e colheita
És para sempre o meu girassol

Inserida por EmanuelAlvesPedro

⁠Flores no caminho —
Sol brilha detrás do templo
Trilhas de Bashô

Inserida por georgegoldberg

⁠Outono

As horas do dia se foram
em seu ritmo bem ensaiado
folhas e flores outonaram
em seu destino traçado

Pela janela tudo percebi
na magia do por do sol
e fiquei à espera de ti
que sempre vem junto ao arrebol

Hoje não vieste e chorei,
algo, sei, aconteceu e triste
- que outono cinza, pensei,
pois sei que me esqueceste...

Inserida por neusamarilda

⁠A noite ser

As flores do meu corpo não dormem
Entre o peso do orvalho e as lágrimas dos anjos nasce uma
chama para esfriar-me o rosto
Haverá como alçar voo desse jardim de ossos?
Desse sol sem urgência que ao caminhar destrói o meu
punhado de assombros?
Tenho todo tempo do mundo para olhar o tempo perdido;
a vida que não tenho.
A que flecha pertence o arco que atinge as minhas consciências?
No fundo de mim o que há de mim?
De que âncora nasce-me a vida?
De que plenitude me vejo externa ao meu corpo?
Alago-me nos livros que se compõem na minha incompletude
de páginas – betumes e luzes que gotejam em fragas
de espuma e espera.

Inserida por teretavares22

⁠Plante flores no
jardim das dores

Inserida por ab24zxh88