Versos e poesias de Saudades Lembranças
Às vezes, os meus olhos se vestem de lembranças tuas, outras vezes, são as lembranças que se vestem de você.
Para sentir saudades é necessário recriar, reinventar o passado. Buscar nele o instante no qual a felicidade parou para se eternizar nessa aura de mistério que envolve as memórias e quando menos esperamos nos transportam para outros tempos e nos coloca sob outros céus.
No fundo, no fundo todos nós temos em um cantinho empoeirado da memória uma lembrança que a gente não quer que se apague.
Saudade é um pedaço dourado de vida que ficou presa na fenda do tempo, entre as memórias e o esquecimento.
Almas perfumadas sempre deixam por onde passam muito mais do que lembranças e um rastro doce de saudades: deixam pegadas de luz, suavidade, leveza e o inconfundível cheiro de flor.
Hoje li um texto que dizia: "agora estamos aqui, mas amanhã podemos ser só lembranças". A frase que eu já havia lido tantas outras vezes, dessa vez me intrigou, vibrou dentro de mim de uma forma diferente das outras vezes e imediatamente me remeteu à fragilidade da vida, ao quanto a existência é efêmera. Todos nós temos que partir um dia, isso é inevitável, não podemos escolher ir ou não, mas podemos escolher ser ou não lembrança no coração das pessoas. Por isso, viva de tal forma que quando partir, quando não puder ser mais nada além de pó nessa Terra, você possa tornar-se uma lembrança bonita, uma saudade para alguém. Isso é o que de mais precioso podemos deixar àqueles que amamos e que nos amam, também.
Igual roupas estendidas no varal do tempo minhas lembranças se agitavam ao serem tocadas pelo vento da saudade, como se quisessem ganhar asas e transpor essa linha invisível que separa os dois tempos.
Hoje acordei saudade. Uma saudade miúda, levinha, levinha... Saudade dessas que chegam com a brisa delicada da manhã, cheirando a flor de laranjeira.
Todo amor é imortal, já que é possível evocá-lo com as memórias e com a força da saudade devolver-lhe a vida.
Entre tantas lembranças que guardo da infância a que mais me enternece é a da minha mãe deitada ao meu lado, do calor do seu abraço me envolvendo como um cobertor quentinho e do som da sua doce voz que como uma canção de ninar embalava lentamente os meus medo, antes que o sono chegasse.
As lembranças são como vinho de uma boa safra guardadas na garrafa da memória. Vez ou outra, por mero descuido ou propósito a abrimos e nos embriagamos de saudades.
Saudade é um punhado de recordações aromatizadas pelo passado no eclipse crepuscular do pensamento.
O tempo leva tudo embora, apaga tudo da memória, exceto as lembranças que permanecem suspensas na atmosfera do presente com o precioso cheiro da saudade.
Não é o que vai embora que dói, é o que fica com as lembranças, com as memórias, e sobretudo, com a saudade.
A pele da memória torna-se surpreendentemente sensível ao toque da saudade quando está repleta de sensações voluptuosas.
Certas lembranças não são um passado morto. São um presente vivo, com forte potencial para transformar-se em futura saudade.
A saudade é uma pedra que o tempo joga nas águas turvas da memória, fazendo com que algumas lembranças subam à superfície.