Versos e poesias de Saudades Lembranças

Cerca de 1945 versos poesias Versos e de Saudades Lembranças

⁠CANTANDO EM VERSO A SAUDADE

Este vazio de uma poesia sem um feito
Essa lembrança poetando com espinho
É igual a uma aflição pinicando o peito
O que era a dois, depois, virou sozinho
E, os versos ardentes jazem no passado
Escrevendo a tal dor de uma despedida
A poética indigente... o poema cansado
E em cada ênfase uma emoção partida

É aperto em cada canto rimando a sina
Em compasso aflitivo que não termina
Sussurrante a uma ausência que brade
É uma linguagem suspirada da solidão
Da nostalgia, fria, do pesar do coração
Carecido, cantando em verso a saudade...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
07 outubro, 2022, 17’57” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠SUMIDO NO PASSADO

Embora as saudades dos idos distantes
Nos faz, lembranças pesarem, azoadas
Embora no tempo seja apenas instantes
Eclodem velhas sensações desfolhadas
Embora as prosas sonhem descuidadas
Por sentimentos golpeados e cruciantes
Embora as atenções fiquem derrocadas
Tudo passa, pois, nada será como antes

E no melhor da saudade, bom ter vivido
Indiferentemente do caminhar, dividido
Que seja! A emoção, é sentido apurado

Assim, vejo, o arfante lamento da gente
Fundir-se ao comum... e tão vorazmente
O gemido afiado estar sumido no passado!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30 março, 2023, 15'02" – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠... um dia foram tuas

Fui reaver na saudade, abandonada
Certa lembrança de outrora perdida
Que, por estar poeirenta e desbotada
Ficou a um canto, posposta, ali caída
Estava sem vida, sem ser encantada
Já não mais tinha aquela dor sentida
Tão pouco aquela paixão desprezada
Ah! versejar vão, de expressão doída

O passado que passou, desgostaste
São poéticas esquecidas no coração
E também coisa que a mim rejeitaste
Hoje já não és poesia, de ter-te jejuas
Apenas versos cheios de recordação
Ternas trovas que um dia foram tuas.

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
21 agosto, 2023, 20’58” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

Saudade em silêncio

Hoje a celebração é em lembrança
Da tua lacuna, forte é sua presença
Que no peito enflora em dor, lança
Que atravessa o amor, em sentença
Sinto falta neste silêncio, da aliança
Interrompida. Que a saudade lamenta
Reza, medita, e na fé, firme é a fiança
Pois, afeto de mãe não morre, ausenta!

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

MEDIDA DO AMOR (soneto)

Não se tem saudade, sem ter lembrança
Não se tem amor, sem que se tenha dor
A separação é a pétala de uma rara flor
Que se desgarra do fado em sua dança

A nossa existência é um bafo de vapor
Na emoção tem renúncia e esperança
É nos riscos que nos faz perseverança
De um olhar, um sonhar, de um clamor

Não se deixa os trilhos de ser criança
Sem paixão, afeto, calor a se interpor
Pois, na vida sempre há semelhança

A distância de um amor, vai onde for
Sua medida não se afere na balança
Viverá sempre conosco, no interior...

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

VENDAVAL (soneto)

Entre a saudade, a aridez do cerrado
ressecando as lembranças tão sós
adormecendo luas e sóis para nós
em suspiro e soluço ali amargado

Eis que um vendaval de tão feroz
arrombou-nos os sonhos sonhado
deixando o intervalo assim atado
num amarrilho lamento, num retrós

Aí, neste embaraçado, eu atordoado
Oh! Amor, nem sei se estou acordado
ou tão pouco adormecido na ilusão

Só sei que pouco a pouco aqui calado
na solidão, o coração tão esperançado
em vigília, que aporte de novo na paixão...

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SAUDADES SECAS (soneto)

Saudades secas, no cerrado, banham
De lágrimas as lembranças já findas
E assim choram, tristonhas, e choram
Enxugando o soluço em sujas nerindas

Quando entardece as noites revindas
É hora de preces que os céus imploram
Oram de mãos postas, e ali tão pindas
Que tristuras secas, molhadas choram

Ao juntar estas secas dores na oração
Em vão as rezas murcham na emoção
E as saudades bebem fel na cacimba

São nostalgias que vivem de ilusão
Choram, oram, imploram recordação
Se quando no peito esquecer catimba

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Ser criança

Na magia de ser criança
Pouco foi o tempo
Calça curta na lembrança
Saudade ao vento...

(Traz à alma alento!)...

Pés no chão jogando biloca
Banho na chuva, diversão
Finca, guaraná com pipoca
Queimada, nas mãos o pião...

(Eita! Como é bão!)...

O simples da ingenuidade
O complexo da pureza
Faz da infância felicidade
E da recordação certeza...

(Que não volta mais!)...

Tempos nunca demais
Com gostinho de querer
Outros iguais
Acompanha o nosso viver...

(Ser criança nosso primeiro aprender!)...

Inserida por LucianoSpagnol

Chapéu de palha

Debaixo do chapéu de palha
Na aba da saudade, lembrança
Na copa rezas de acerto e falha
Da vida, nunca sem esperança

Este chapéu de palha, roceiro
Que não larga do caipira berço
Sempre riscando o fado roteiro
E na fé aduzindo trilha e terço

Chapéu de palha, cultor matuto
Do caboclo do cerrado, do chão
Do vento árido e do pó enxuto
Que traz o sal e feito ao coração

Tal chapéu de palha, tão original
Que compõe o poetar de emoção
Canta o sertão na sua arte capital
Trajando a alma capiau de tradição
(Chapéu de palha, remate vital!)

Inserida por LucianoSpagnol

Lá vou eu com a saudade na mão
Sendo levado ao sabor do fado
Respingando as lembranças pelo chão
Triste tormento este suspiro calado

Inserida por LucianoSpagnol

Lá vou eu com a saudade na mão
Respingando as lembranças pelo chão

Inserida por LucianoSpagnol

...na saudade, no silêncio
a lembrança assenta
Mãe não morre, ausenta.

Inserida por LucianoSpagnol

Saudade em silêncio

Hoje é celebração em lembrança
Da tua ausência, forte presença
Que no peito floresce em dor,
Lança atravessada no meu amor, sentença
De tua falta, do teu total silêncio
Que na saudade se lamenta
Mãe não morre, ausenta!

Inserida por LucianoSpagnol

Que o cerrado
torne na saudade legado

Uma doce lembrança
recordação de vizinhança

Nesta breve despedida
que escreve
mais está etapa vencida

que seja a poesia ao poeta leve

Inserida por LucianoSpagnol

FOLHAS SECAS (soneto)

As saudades das lembranças não feitas
Acorrentadas no passado e não dadas
Perdidas, sonhadas e até tão desejadas
Assim, para a indagação, são estreitas

E no como seria, são apenas fachadas
Tal como viscosas felicidades suspeitas
De possível outro rumo, e boas receitas
Na ilusão do tempo, por suas chegadas

O ser humano e suas incríveis emoções
No ter e querer um prumo de intenções
Quando o amor é espera em movimento

Encanta-me a ação da vida, as razões
As utópicas e inúteis e frágeis aflições
Todas, folhas secas, levadas ao vento...

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, julho
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

DOR VELADA

Se a saudade que suspira, a dor de outrora
E nas lembranças mora: é ilusão nascente
Pois, tudo que ao coração, assim, devora
Traz solidão ao pensamento paralelamente.

Se a lágrima que do olhar na face chora
Embora, se deva rolar. E tão vorazmente
Rasga o peito a fora, se cala ou implora
Há nós piedade, que seja piedosamente.

Se inveja agora, a ventura doutra gente
Ter silêncio lhe deva ser permanente
Como o fincar dos cravos duma espora.

Pois, a vida só nos é dada parcialmente
Pra que possamos ser dela totalmente
No viver... Velozmente vamos embora!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Agosto de 2018
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

restauração

à beira de uma saudade
um olhar de lembranças
adquirido duma fatuidade
embalado por mudanças
e depois pela imensidade
do vazio das tardanças
os sonhos pela metade...

quiseram fazê-la moldada
tiraram-lhe os pés, as mãos
puseram tua poesia calada
e tuas quimeras em vãos
sem asas e sem morada
insistiram em demãos
e em uma nova fornada

um dia nuvem eu busco
repleta duma esperança
sem que só tenha fusco
onde eu possa ser dança
também, mais que rabusco
meu eu, sonhadora criança
poeta, alquimista, patusco

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
27, setembro, 2019
Araguari, Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO EM REVERENCIA

Evocar o tempo, e nesta saudade em rudez
as lembranças são qual suspiros de tua ida
o silêncio invasor na casa após a tua partida
pra morte, igual, desfolho outonal em palidez

Fatal e transitório, a nossa viveza é vencida
pelo sopro funesto, ao sentimento a viuvez
Julho, agosto, setembro, vai-se mês a mês
ano a ano e outro ano a recordação parida

Da saudade filial, que dói numa dor doída
de renovação amarga e de vil insipidez
que renasce na gelada ausência sofrida

No continuar, o vazio, traz pra alma nudez
chorada na recordação jamais esquecida...
Neste soneto solene: - sua bênção outra vez!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
13 de julho, 2016
Cerrado goiano
morte de meu pai

Naquela madrugada, o seu silêncio escreveu saudades e com ele sua morte trazia...
Acordaste do sonho da vida, e tuas lembranças, nos acolhia.

copyright © Todos os direitos reservados.
Se copiar citar a autoria – Luciano Spagnol

Inserida por LucianoSpagnol

EU, EU MESMO (soneto)

Eu, nos cansaços, as saudades
quantas as lembranças estilam
que o passado no exato pilam
assim, cheios de passividades

Afinal, tudo no tempo expilam
eu, eu mesmo nas fatuidades
duvidei, imperfeito, vontades
me levaram, na baixa bailam

Pois tudo é eu, sem metades
eu sou eu, e nada anteviram
e do meu eu, sai as verdades

E eu, que no eu, me inspiram
dele um passado, variedades
que do uno eu, “áses” extraíram

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2017, julho
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

⁠Quem Sou

Sou alguém sem lembranças de onde veio,
Como a outrem com saudades para onde ir.
Sou alguém que sonha o próprio meio,
Como a outrem com dificuldades em dormir.

Como o sol se pondo e nascendo a um novo dia,
Morro a cada instante em todo entardecer!
Como o espetáculo de uma nova magia,
Renasço a todo tempo num novo alvorecer!

Mesmo outrem como a mim, que trilha,
Superando tristezas, e que alegremente diz:
"Sou também assim, simplesmente feliz!"

Sou a outra estrela distante, que brilha!
Sou a mais bela poesia, sem querer...
Sou um outrem... Alguém, como você!

Inserida por JeaziPinheiro