Poemas para o Dia do Trabalho que homenageiam quem faz a diferença

Equipe editorial do Pensador
Revisão por Equipe editorial do Pensador
Criado e revisado pelos nossos editores

O Dia do Trabalho é uma celebração daqueles que, com esforço e dedicação, constroem o presente e moldam o futuro. Cada profissão tem a sua importância, e cada trabalhador deixa a sua marca no mundo. Nesta coletânea de poemas, convidamos você a refletir, se emocionar e reconhecer o valor de quem, dia após dia, transforma desafios em conquistas. Uma homenagem a quem faz acontecer!

O trabalho- Olavo Bilac

O trabalho

Tal como a chuva caída
Fecunda a terra, no estio,
Para fecundar a vida
O trabalho se inventou.

Feliz quem pode, orgulhoso,
Dizer: “Nunca fui vadio:
E, se hoje sou venturoso,
Devo ao trabalho o que sou!”

É preciso, desde a infância,
Ir preparando o futuro;
Para chegar à abundância,
É preciso trabalhar.

Não nasce a planta perfeita,
Não nasce o fruto maduro;
E, para ter a colheita,
É preciso semear...

Olavo Bilac

Brincar de Trabalhar

Um brinquedo que eu gosto
É brincar de trabalhar,
Pensam vocês eu aposto,
Que isto não é brincar!

Sem a gente perceber,
vai brincando e aprendendo.
Com brinquedos a fazer,
Coisas úteis vou fazendo.

Eu já fiz a minha estante,
Um limpa pés também fiz.
Tenho brincado bastante,
Mas trabalhando… quem diz?

Renato Sêneca

Aproveitar o Tempo

Aproveitar o tempo!
Mas o que é o tempo, que eu o aproveite?
Aproveitar o tempo!
Nenhum dia sem linha…
O trabalho honesto e superior…
O trabalho à Virgílio, à Mílton…
Mas é tão difícil ser honesto ou superior!
É tão pouco provável ser Milton ou ser Virgílio!

Álvaro de Campos (Fernando Pessoa)

A doméstica apressada,
Deixa o filho no colégio,
Segue na caminhada
Trabalhar é privilégio.

A professora na sala,
Deixa o sorriso amigo,
Bombeiro apaga o fogo,
Soldado prende inimigo.

No circo, de cara pintada,
Sorrir o palhaço engraçado,
Jardineiro colhe a flor.
Entrega na hora marcada.

O grito ecoa na sala,
Uma vida traz o médico,
Enfermeira dedicada,
Lixeiro limpa o fétido.

Voa lá o astronauta,
Procurando outro espaço,
Motorista aqui na terra,
Conduz o pobre, o ricaço...

Um necessita do outro
Para o ciclo completar,
E terá todo trabalho,
Valor em qualquer lugar.

Trabalho é força do homem.
Ao trabalhador que é herói,
Mesmo enfrentando batalhas,
No mundo que ele constrói.

Sonia Nogueira

 O operario em construcao - Vinicius de moraes

Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as asas
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Não sabia por exemplo
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.

De fato como podia
Um operário em construção
Compreender por que um tijolo
Valia mais do que um pão?
Tijolos ele empilhava
Com pá, cimento e esquadria
Quanto ao pão, ele o comia
Mas fosse comer tijolo!
E assim o operário ia
Com suor e com cimento
Erguendo uma casa aqui
Adiante um apartamento

Além uma igreja, à frente
Um quartel e uma prisão:
Prisão de que sofreria
Não fosse eventualmente
Um operário em construção.
Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.
De forma que, certo dia
À mesa, ao cortar o pão
O operário foi tomado
De uma súbita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
– Garrafa, prato, facão
Era ele quem fazia
Ele, um humilde operário
Um operário em construção.
Olhou em torno: a gamela
Banco, enxerga, caldeirão
Vidro, parede, janela
Casa, cidade, nação!
Tudo, tudo o que existia
Era ele quem fazia
Ele, um humilde operário
Um operário que sabia
Exercer a profissão.

Ah, homens de pensamento
Não sabereis nunca o quanto
Aquele humilde operário
Soube naquele momento
Naquela casa vazia
Que ele mesmo levantara
Um mundo novo nascia
De que sequer suspeitava.
O operário emocionado
Olhou sua própria mão
Sua rude mão de operário
De operário em construção
E olhando bem para ela
Teve um segundo a impressão
De que não havia no mundo
Coisa que fosse mais bela.

Foi dentro dessa compreensão
Desse instante solitário
Que, tal sua construção
Cresceu também o operário
Cresceu em alto e profundo
Em largo e no coração
E como tudo que cresce
Ele não cresceu em vão
Pois além do que sabia
– Exercer a profissão –
O operário adquiriu
Uma nova dimensão:
A dimensão da poesia.

E um fato novo se viu
Que a todos admirava:
O que o operário dizia
Outro operário escutava.
E foi assim que o operário
Do edifício em construção
Que sempre dizia ‘sim’
Começou a dizer ‘não’
E aprendeu a notar coisas
A que não dava atenção:
Notou que sua marmita
Era o prato do patrão
Que sua cerveja preta
Era o uísque do patrão
Que seu macacão de zuarte
Era o terno do patrão
Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão
Que seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Que a dureza do seu dia
Era a noite do patrão
Que sua imensa fadiga
Era amiga do patrão.

E o operário disse: Não!
E o operário fez-se forte
Na sua resolução

Como era de se esperar
As bocas da delação
Começaram a dizer coisas
Aos ouvidos do patrão
Mas o patrão não queria
Nenhuma preocupação.
– ‘Convençam-no’ do contrário
Disse ele sobre o operário
E ao dizer isto sorria.

Dia seguinte o operário
Ao sair da construção
Viu-se súbito cercado
Dos homens da delação
E sofreu por destinado
Sua primeira agressão
Teve seu rosto cuspido
Teve seu braço quebrado
Mas quando foi perguntado
O operário disse: Não!

Em vão sofrera o operário
Sua primeira agressão
Muitas outras seguiram
Muitas outras seguirão
Porém, por imprescindível
Ao edifício em construção
Seu trabalho prosseguia
E todo o seu sofrimento
Misturava-se ao cimento
Da construção que crescia.

Sentindo que a violência
Não dobraria o operário
Um dia tentou o patrão
Dobrá-lo de modo vário.
De sorte que o foi levando
Ao alto da construção
E num momento de tempo
Mostrou-lhe toda a região
E apontando-a ao operário
Fez-lhe esta declaração:
– Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação
Porque a mim me foi entregue
E dou-o a quem quiser.
Dou-te tempo de lazer
Dou-te tempo de mulher
Portanto, tudo o que vês
Será teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.

Disse, e fitou o operário
Que olhava e refletia
Mas o que via o operário
O patrão nunca veria
O operário via casas
E dentro das estruturas
Via coisas, objetos
Produtos, manufaturas.
Via tudo o que fazia
O lucro do seu patrão
E em cada coisa que via
Misteriosamente havia
A marca de sua mão.
E o operário disse: Não!

– Loucura! – gritou o patrão
Não vês o que te dou eu?
– Mentira! – disse o operário
Não podes dar-me o que é meu.

E um grande silêncio fez-se
Dentro do seu coração
Um silêncio de martírios
Um silêncio de prisão.
Um silêncio povoado
De pedidos de perdão
Um silêncio apavorado
Com o medo em solidão
Um silêncio de torturas
E gritos de maldição
Um silêncio de fraturas
A se arrastarem no chão
E o operário ouviu a voz
De todos os seus irmãos
Os seus irmãos que morreram
Por outros que viverão
Uma esperança sincera
Cresceu no seu coração
E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido
Razão porém que fizera
Em operário construído
O operário em construção

Vinicius de Moraes

Às oito horas da manhã
Em pleno 1º de maio
Começa a labuta do cidadão.

Para ele, não tem feriado
Não há outro que garanta seu pão.
Quarentena? Ficar isolado?
Para ele, hoje, tem a reforma do patrão.

Ao fim da tarde
O trabalhador cansado
Se depara com sua próxima missão:

Enfrentar o transporte lotado.
Que descaso esta situação!
Não deveria ser de 2 metros o espaço
Entre um e outro para evitar a contaminação?

Chega em casa
Hoje tem água! Vai para o banho apressado.
Enquanto se banha faz uma oração:

Meu Deus, obrigado por este dia que me foi dado
Por meu trabalho, por minha vocação.
Peço saúde e peço cuidado
Peço ao Senhor que me dê proteção!

Nesse dia que passou
No fim das contas fica um recado
O que para alguns faz sentido
E para mim é uma contradição

Todo dia é dia do trabalhador
E sua vida é sacrificada
Em prol do luxo dos lixo
E para ele não sobra nada.

Todo dia corre o risco
De ter sua vida findada
E aguenta ainda a fala
De alguém para quem trabalha:

Estamos indo bem!
A curva da elite já foi achatada.

E para essa elite é isso meu amigo
Tua vida não vale nada!

Agora, já pensou como seria
No mundo uma virada:
O trabalhador tomando as rédeas
Da própria cavalgada?

Minha força é meu poder
Marcha a classe trabalhadora unida
Sem deixar ninguém para trás
Saia, patrão! Você não intimida!

Chega enfim um novo tempo
Em que devemos escolher:
Vamos manter os velhos termos
Ou fazer algo novo florescer?

Ana Campos

É assim que o homem vive
Do trabalho, do suor,
E o mundo vai girando,
Plantando, colhendo amor.

O homem cava a terra
Para o plantio crescer,
O outro colhe o roçado,
Alimento do viver.

Veja também:

Privatizado
Privatizaram sua vida, seu trabalho, sua hora de amar e seu direito de pensar.
É da empresa privada o seu passo em frente, seu pão e seu salário.
E agora não contente querem privatizar o conhecimento, a sabedoria, o pensamento, que só à humanidade pertence.

Eu sou um pacifista, trabalho pela paz e para um mundo melhor.

Trabalho contra os caretas do mundo, contra o torpor, a imprecação, contra a arapuca que nos foi armada e durante séculos vivemos conformados, presos nela comendo o alpiste que nos dão. E o pior é que os que prepararam a arapuca também caíram nela, comem do mesmo alpiste e não sabem disso.

Trabalho para sair da arapuca com todos os que estão querendo ser pássaros livres outra vez. Os que estão cegos ficarão soterrados dentro dela quando ela desabar.

Sou um pacifista, a mando de forças exteriores.

Pensando que estão por cima, os imbecis vivem dentro do mesmo esquema: a neurose, a preocupação criminosa e doentia de manter-nos a todos dentro da armadilha. Mas é preciso sair dela de qualquer maneira, é a única salvação ou seremos eternos pássaros tristes, presos numa arapuca com alpiste racionado. Eu quero ver o mundo do cume alto de uma montanha!!!

Vou chegar atrasada e distraída,
como quem saiu do trabalho e foi direto pro bar.

Vou pedir um hi-fi inocente
e olhar toda hora pro relógio
como se estivesse alguém me esperando em outro lugar.

Vou rir bastante, manter um ar distante
e esquecer quanto tempo faz.

Vou perguntar pelos amigos e, se aceitar carona,
deixar cair um brinco no banco de trás...

Martha Medeiros
MEDEIROS, M. Poesia Reunida. Porto Alegre: L&PM, 1999.

A FAMA E A FELICIDADE

O sucesso no trabalho, na escola, na realização das metas é
fundamental para a qualidade de vida. Mas a fama que acompanha o
sucesso não produz a felicidade! A fama produz aplausos, mas não a
alegria. Produz o assédio, mas não elimina a solidão.

A fama pode se tornar uma armadilha para uma vida feliz, pois
evapora a simplicidade, esmaga a sensibilidade, invade a privacidade. Há
muitos famosos tristes e deprimidos. Lute pelo sucesso e não pela fama. Se
a fama vier, dê pouca importância a ela.

O único lugar onde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário.

Stubby Currence

Nota: A autoria do texto tem vindo a ser erroneamente atribuída a Albert Einstein. A frase também é atribuída a Vince Lombardi, Vidal Sassoon, Donald Kendall e Mark Twain. Acredita-se que o autor seja Stubby Currence (1935), mas não se sabe se a expressão já estava em circulação antes disso.

...Mais

Eu acredito demais na sorte. E tenho constatado que, quanto mais duro eu trabalho, mais sorte eu tenho.

Coleman Cox
COX, C. Listen to This. San Francisco: Coleman Cox Publishing Co., 1922.

Nota: Apesar de muitas vezes atribuída, de forma errônea, a Thomas Jefferson, a frase não consta de nenhum de seus escritos.

...Mais

O meu pai ensinou-me a trabalhar; não me ensinou a amar o trabalho.

A humanidade é infeliz por ter feito do trabalho um sacrifício e do amor um pecado.

Ninguém pode chegar ao topo armado apenas de talento. Deus dá o talento; o trabalho transforma o talento em gênio.

Se você deseja um trabalho bem-feito, escolha um homem ocupado; os outros não têm tempo.

Desconhecido

Nota: A citação costuma ser atribuída a Benjamin Franklin, mas não há fontes que confirmem essa autoria.

...Mais
Equipe editorial do Pensador
Revisão por Equipe editorial do Pensador
O Pensador.com conta com uma equipe de escritores, editores, especialistas e entusiastas para produzir, organizar e revisar os conteúdos.