Versos do Cotidiano
Minha sina é o azar!" , dizia a moça que beirava níveis assustadores de superstição. Acreditava em cartas de Tarot, em Ciganas, no movimento das estrelas que alterava sua vida aqui na terra, e direcionava todas essas coisas como motivos para seus desencontros amorosos. Mas certa vez, enquanto carregava um copo de café super quente, correndo apressada para chegar no trabalho, acabou esbarrando em um rapaz e jogando a bebida nele. Depois de alguns gritos de dor ele disse: "Tudo bem, moça! Esse tipo de coisa acontece, com os azarados, claro." E sorriu para ela, o que a fez pensar que nem tudo era questão de má sorte, coisas acontecem quando devem acontecer, porque essa era a vida.
"A propósito, meu nome é Pedro. Se nao estiver com muita pressa, te pago outro café ". Ele disse. Viu só? Acaso...
Dizem que durmo tarde,
tarde não durmo então não entendo!
Quando adormecem já está tarde,
e eu durmo cedo... Amanhecendo.
Quando morre os nossos pais, somos órfãos.
Quando morre a(o) nossa(o) companheira(o), somos viúvo(a).
Mas quando morre um filho, nem nome tem.
Distopia cotidiana
Ninguém é dono de seus próprios passos.
Nossa liberdade não passa de uma mentira,
somos impulsionados por ganancia, inveja e ira,
e nos degladiamos num cotidiano de percalços.
Mundo doente onde prosperam os falsos!
A esperança de outrora a tempos já partira.
e toda moralidade que havia se extinguira.
Terreno fértil a moldar nossos fracassos.
Eis que tudo gera urgencias, tudo é fisiologico.
Com fé, esperamos uma justiça que não temos
e ao fim naufragamos em cansaço psicológico.
Num mundo em que por sobreviver nós esquecemos
a indignação de ver arruinado o padrão logico.
Vencemos o dia... Enquanto em vida esmorecemos.
Possessivo
Todos dormem... E eu aqui estou.
Tentando encontrar uma saida,
rememorando cada despedida,
tentando projetar para onde vou.
Há quem diga que o pior ja passou!
Mas o que passou foi a propria vida.
Numa lógica que parece invertida,
comemorar o fim do que fracassou.
Em mais uma madrugada insone,
revisitando tudo o que aconteceu,
não há quem não se impressione
com o desfecho que o destino me deu,
o vazio da ausência de um pronome. ..
Um amor para chamar de meu.
Não sei para onde vou,
como encontrar saída?
Mal informado estou.
És viagem só de ida?
A chama já se apagou.
Oh vida! Abstrata vida.
Venha, venha, venha a mim, ó pilim,
em toda a tua vil glória, cintilante e fugaz,
talvez não traga felicidade, é verdade,
mas nunca vi um rosto entristecer
ao encontrar-te perdido, esquecido no chão.
Ah, doce ilusão de papel e metal,
não devemos viver sob teu jugo,
nem erigir altares em teu nome,
mas, quando vens, és bem-vindo,
como a chuva inesperada em tarde de verão.
Traz contigo o conforto, o alívio momentâneo,
não a essência da alegria, mas um suspiro,
um descanso breve na jornada.
Não te idolatro, pilim, mas acolho-te,
com a mesma simplicidade que acolhe a flor,
sabendo que, apesar de efêmero,
teu brilho pode, por um instante,
aliviar o peso do cotidiano.
Venha, venha, venha a mim, pilim,
não como senhor, mas como servo,
um convidado que chega sem aviso,
e cuja partida deixará apenas
um eco suave, uma lembrança de luz.
Já não há mais conto!
Só nos restou o ponto,
E a espera da corrida,
E a amargura da despedida
De uma vida não resumida
A um único ponto.
Previsão do Tempo
deixar o tempo trazer o calor de um Dezembro de amores
de um fim de primavera.
deixar o tempo soprar as folhas de um Março de rancores
de um fim de verão.
deixar o tempo soar o silêncio de um Junho de dores
de um fim de outono.
deixar o tempo exalar o perfume de um Setembro de flores
de um fim de inverno.
deixar o tempo - enfim - passar
de novo.
Não dá mais para voltar atrás mesmo na mão dupla é um caminho sem volta, vejo várias pessoas passando por mim e ver meus amigos regredindo é isso que me trás revolta. Então volta a um tempo atrás aonde a lembrança trás a dúvida do conforto...
Olhando pra'aquela época tu acha que estaria bem ou estaria morto?
O poder das Redes Sociais
Às vezes, as pessoas criam mundos paralelos ao real e mudam drasticamente seu cotidiano, pondo em cheque toda realidade.
O TEMPO POR NADA ESPERA
Mal vemos o desabrochar da flor e tão rápido ela perde sua cor.
Quase não vemos o sol nascer, tampouco ele se pôr.
Quanto tempo será que ainda temos pra sentir amor?
Mal derrama-se a lágrima da felicidade e muitas vezes chega a que vem com a dor.
Quanto tempo mais, vamos esperar pra sentir amor?
Quanto mais vivo, nada sei....
A vida não espera nada de você, ela não te dá a mínima se você é feliz ou sofre. Sua frieza machuca e causa muitas vezes sofrimento. Não espere nada dela, apenas faça por merecer aquilo que deseja. Lute e conquiste pelo seu esforço. Nada mais importa e nem vai fazer diferença fundamental em como leva sua vida.
Seja honesto, cumpridor dos direitos e principalmente dos deveres que todos temos, seja conosco, ou com quem nos relacionamos em nosso cotidiano.
Quanto mais vivo, mais descubro que nada sei e que não tenho controle sobre nada em minha trajetória nesta vida. As consequências disto sofro na pele, na alma. A leveza é necessária para suportar a carga que cada um tem de arcar e carregar.
Peço discernimento e compreensão para seguir em frente sem desanimar ou sucumbir.
A vida está cheia de oportunidades e novos caminhos, não permita que as intercorrências cotidianas frustrem o seu espirito mais otimista. Ao seu próprio tempo, o destino segue o seu curso.
Sobre mim…
E se me perguntas de qual versão tenho mais orgulho, certamente te respondo todas.
Mas, a que eu mais admiro é a de hoje.
Aqui, de perto, tão longe...
homens, pedem para descansar
pais e mães, indo e vindo,
filhos à descobertas, olhar
memórias douradas
verdades inventadas,
e faces de beleza
com cheiro de cotidiano
é segunda-feira,
dança nas chamas do almoço
um brinde sem nome, sem data
um ritmo familiar...
pratos, pia, louça
e a eternidade brilhando
dentro de cada um
na vontade de viver
todos em forma singular
.
O viajante iluminado, "A beleza do cotidiano".