Versos de Solidão
UM OUTRO DIA
Que hei de fazer, ó fado, sem ser amado
quando a solidão chegar com o seu vão?
Já não terei as mãos, a achada inspiração
de um amor, dum sentimento imaculado
Porém, desta poética do afeto banhado
nas trovas duma prosa cheia de sensação
restará saudade, e entre linhas, a paixão
pouca, dum querer no tempo silenciado
E quando lembrares, do que isto era...
E que na recordação não mais sentir
o perfume, a emoção, aquela poesia
Eu lhe lembrarei que fui a primavera
os suspiros do abraço, olhar, o sorrir
e que hoje, na emoção, um outro dia!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
26/maio/2021, 09’27” – Araguari, MG
Só se valoriza a felicidade através da tristeza,
Só se valoriza a companhia através da solidão,
Só se valoriza a confiança através do medo,
Só se valoriza o sofrimento através da dor,
Só se valoriza a paz através da angústia,
Só se valoriza a força através da fraqueza,
Só se valoriza a riqueza através da pobreza,
Só se valoriza a prosperidade através da escassez,
Só se valoriza DEUS quando existe o sentimento de falta de amor e de vazio...
Não culpe o criador pelo que você passa de ruim. É necessário passar pelo mal para aprender a valorizar o bem.
É necessário passar pela escuridão para valorizar a luz...
Um poema da noite
Não gosto da alegria
A tristeza é minha amiga
A solidão minha companhia
E a felicidade minha inimiga
A cada tempo que se passa, me sinto mais vazia
O que posso fazer ?
Sem eles não sei viver
Pois serei mais uma...
Uma o que ? Você me pergunta
Uma casca, um boneco, posso até ser um poço
Onde o fundo, você nunca vai ver
Só se você me compreender
Somos complicados de entender
É confuso pode dizer
Mudamos facilmente de humor
Aquilo que chamas de amor, não consigo entender
Ainda assim tento saber
Não quero ti ver, pois meu coração começa a doer
Pode me explicar?
A tristeza não quer me contar
Diz que é amor
Mas não consigo entender
O que é esse amor ?
Que tanto ouvi dizer
Angústia da solidão
Travo como um rio a aungústia da solidão.
Luto eternamente com o desapego.
Jogo-me no ar.
Sinto-o vibrar.
Venci o medo…
Da dor dos pés que correm descalços…
dos percalços…
Na falsidade me alço.
Disfarço bem… muito bem.
Sem rumo
Ando sem rumo.
Milhares pelas estradas.
A vida desses corações é pura solidão.
Ninguém pra estender a mão.
Um pesadelo.
Travo uma luta interna diariamente: sigo em frente?
Na clássica maneira de sonhar com dias melhores… sigo.
Engano-me?
Quem me poderá dizer?
Nem sei se haverá novo amanhecer.
Borboletas
Borboletas num sobrevoo…
Sobre as flores.
Desamores.
Desapegos.
Dias sem medo.
Solidão.
Dor no coração.
Um vento brando sopra…
A melancolia toma conta…
Tudo mudo no fim das contas.
O abraço é o cobertor do coração, quando se tem a álgida solidão...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
29, maios, 2015
Quando a solidão lhe põe em contato consigo, ela é saudável,
mas, quando ela se aprofunda, gerando sombras,
passa a ser preocupante,
pois você se perde
dentro de si mesmo.
Flutuava no vazio da solidão
Me vi só, e minh'alma sofria
As lágrimas molharam minha face
Mais uma, das inúmeras vezes
Até que senti um afago n'alma
Então percebi ...
Flutuava nos braços do Pai
Era Deus.
.Pesadelo imutável
A escuridão que puxa
é a solidão que atrai,
o abismo da loucura
é a dor que me distrai.
Dos mares agitados,
das florestas horripilantes,
das sombras desalmadas,
à luzes cintilantes.
Receptores profanados,
que portam uma maldição,
dos sentimentos suprimidos,
surge a depressão.
Olhares de desespero,
esperam o amanhecer,
com a esperança de um dia,
saber como viver.
...Me...
desejo ausente sem palavras....
no abraço imaginado...
o grito de solidão...
isolamento social...
que sofrimento...
calado... a dor eleva a tristeza.
no caos do mundo.
presumo muitos atos.
assim é a sensibilidade...
no desfrute no horizonte da vida...
o sol da glamour no frio da alma...
sob o teor fluente no marco das nuvens,
um abraço e um beijo...
respeitando a vida como ela é com sua beleza.
COBRA CEGA (soneto)
Era a saudade, saudade crua que vela
A solidão. Com a impostura do pranto
Que sente falta, partida em um canto
Do coração, que se veste da dor dela
Era a lembrança! Curvada na janela
A esperar que se quebre o encanto
E no horizonte desanuvie do manto
Da noite vazia, e se torne leve e bela
Era a angústia com a sua tristura cada
Era o seu silêncio e o seu tempo lasso
O desespero na negrura da madrugada
Que brincam, com o desanimo crasso
De olhos vendados, e a ventura atada
De cobra cega com o prazer escasso...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
05/04/2020, 15’11” – Cerrado goiano
Na Mão de Deus -
Na Mão de Deus, na sua Mão Divina,
faço repousar a minha solidão,
e assim, as horas do meu pobre coração,
batem numa dor mais pequenina ...
E ai de ti, pobre mortal perdido
numa ignorância infantil,
ao dizeres por aí, com voz hostil,
que Deus é coisa vã e sem sentido!
Em Deus os sofrimentos que não saram
são correntes que desaparecem
na solidão dos rios que nunca param ...
Tudo o resto é apenas ousadia
entre tantos conceitos que se tecem
(num mundo triste) tão iguais em cada dia!
Estou bem
Deixe cair lágrimas de manhã
Entregue-se à solidão
Naufrague
Eu sou o primeiro na água
Muito perto do fundo
Já disse, estou bem
Eu percebi o absurdo do mundo
De repente,
De dentro do meu quarto escuro.
Solidão se faz com muitos aos poucos.
Até entender que para ser feliz
Basta estar de bem com a ponta do nariz.
Tempo ao Tempo.
Solidão.
Há duas formas de solidão: uma externa e outra interna.
A primeira é opcional, a segunda é crônica.