Versos de Solidão

Cerca de 17676 versos de Solidão

A busca da solidão é uma tendência do nosso tempo; antes, e desde o seu aparecimento sobre a terra, o homem buscou apenas não ficar sozinho.

A solidão é o império da consciência.

Se existe uma solidão em que o solitário é um abandonado, existe outra onde ele é solitário porque os homens ainda não se juntaram a ele.

O pior sofrimento está na solidão que a acompanha.

A solidão é um bom lugar para se visitar, mas não é nada bom para se lá ficar.

A solidão é essencial à fraternidade.

A cidade não é a solidão porque a cidade aniquila tudo o que povoa a solidão. A cidade é o vazio.

Não há nada que esteja só; nada pode estar em completa solidão: o que existe necessita de outro para ser.

É uma deformação da solidão extrema o acabar por nos fazer crer na imaginação que o nosso monólogo íntimo possa ser percebido ao longe sem palavras.

Os homens vivem juntos, porém cada um morre sozinho e a morte é a suprema solidão.

Escrever é uma percepção do espírito. É um trabalho ingrato que leva à solidão.

A civilização converteu a solidão num dos bens mais preciosos que a alma humana possa desejar.

A solidão liberta-nos da sujeição das companhias.

Não há dois tempos iguais de solidão porque nunca se está só da mesma maneira.

A solidão da poesia e do sonho tira-nos da nossa desoladora solidão.

E eu sempre digo que posso ter uma solidão medonha, mas sempre vai haver um vasinho de flores num canto. A gente pode enfeitar a amargura.

Perdoem o silêncio, o sono, a rispidez, a solidão. Está ficando tarde, e eu tenho medo de ter desaprendido o jeito. É muito difícil ficar adulto.

Caio Fernando Abreu
Caio Fernando Abreu: Cartas. Rio de Janeiro: Aeroplano Editora, 2002.

Que o medo da solidão se afaste, e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável. Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso. Que eu me lembro ter dado na infância. Por que metade de mim é a lembrança do que fui. A outra metade eu não sei.

Preciso parar, preciso esperar. Mas a solidão dói e eu sigo inventando personagens. Odeio minha fraqueza em me enganar. Eu invento amor, sim e dói admitir isso. Mas é que não aguento mais não dar um rosto para a minha saudade. É tudo pela metade, ao menos a minha fantasia é por inteiro.. enquanto dura. No final bruto, seco e silencioso é sempre isso mesmo, eu aqui meio querendo chorar, meio querendo mentir sobre a vida até acreditar. E aí eu deito e penso em coisas bonitinhas. E quando vou ver, já dormi.

O pavor da solidão é maior que o medo da escravidão: assim, nos casamos.