Versos de Rosa

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O mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando.

Guimarães Rosa
Grande Sertão: Veredas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.

Olhar para trás após uma longa caminhada pode fazer perder a noção da distância que percorremos, mas se nos detivermos em nossa imagem, quando a iniciamos e ao término, certamente nos lembraremos o quanto nos custou chegar até o ponto final, e hoje temos a impressão de que tudo começou ontem. Não somos os mesmos, mas sabemos mais uns dos outros. E é por esse motivo que dizer adeus se torna complicado! Digamos então que nada se perderá. Pelo menos dentro da gente.

Sempre que se começa a ter amor a alguém, no ramerrão, o amor pega e cresce é porque, de certo jeito, a gente quer que isso seja, e vai, na idéia, querendo e ajudando, mas quando é destino dado, maior que o miúdo, a gente ama inteiriço fatal, carecendo de querer, e é um só facear com as surpresas. Amor desse, cresce primeiro; brota é depois.

Quem muito se evita, se convive.

Guimarães Rosa
Grande Sertão: Veredas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.

Viver (...) é muito perigoso. (...) Porque aprender-a-viver é que é o viver, mesmo. (...) Travessia perigosa, mas é a da vida. Sertão que se alteia e se abaixa. (...) O mais difí­cil não é um ser bom e proceder honesto; dificultoso, mesmo, é um saber definido o que quer, e ter o poder de ir até no rabo da palavra.

Guimarães Rosa
Grande Sertão: Veredas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.

Quem não se movimenta, não sente as correntes que o prendem.

Rosa Luxemburgo

Nota: Citada em "Frases Memoráveis", Nelson Sganzerla, Clube de Autores, 2007

Cada um rema sozinho uma canoa que navega um rio diferente, mesmo parecendo que esta pertinho.

Tem horas antigas que ficaram muito mais perto da gente do que outras, de recente data. O senhor mesmo sabe.

O correr da vida embrulha tudo; a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. Ser capaz de ficar alegre e mais alegre no meio da alegria, e ainda mais alegre no meio da tristeza...

Quando nada acontece, há um milagre que não estamos vendo.

Guimarães Rosa
Primeiras estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.

Nota: Trecho do conto O espelho.

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Para ódio e amor que dói, amanhã não é consolo.

De sofrer e de amar, a gente não se desfaz.

O verdadeiro amor é um calafrio doce, um susto sem perigos

Mas eu gostava dele, dia mais dia, mais gostava. Digo o senhor: como um feitiço? Isso. Feito coisa-feita. Era ele estar perto de mim, e nada me faltava. Era ele fechar a cara e estar tristonho, e eu perdia meu sossego.

Não gosto desse passarinho. Não gosto de violão. Não gosto de nada que põe saudades na gente.

As coisas mudam no devagar depressa dos tempos.

O trágico não vem a conta-gotas

Por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres.

Eu estou só. O gato está só. As árvores estão sós. Mas não o só da solidão: o só da solistência.

Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura.