Versos de Rosa

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Falamos do que não sabemos,
porque a morte nos espanta
e dói a mortalidade.

O que é ser imortal?

Um vazio pulsante é o que somos,
vivendo na ilusão da solidez.
Matéria são vazios que colidem.
As formas são momentos do vazio.
Tudo é mudança.
Mas, o que dirige
a universal mudança do vazio?

O vento sabe todos os caminhos,
mas não deixa seus rastros nas areias.

O esquecimento é maior que a morte,
porque termina o que a morte começou.

Olhe pro céu e tente ver:
Há um Deus a espera de você.

A desobediência, em certos casos, é o exercício da liberdade.
Quem sempre obedece, não é livre.

Meias verdades...
Meias vontades...
Meias saudades...
Viver pela metade é ilusão, tire as meias e ponha o pé no chão!

MEU AMOR É UMA FLOR

Morena da cor do pecado
Eu tenho o maior orgulho de você
Uma verdadeira flor você é

Amo-te de verdade
Minha vida não teria sentido sem você
O meu coração é só festa se estou com você
Rosa, uma rosa encantadora

É você, meu amor

Um dia, acredito, estaremos juntos
Mesmo que tenha que esperar
Aguardarei pacientemente por esse dia

Feliz vou ficar quando esse dia chegar
Loucamente pretendo te amar
O tempo, sei, passará de repente
Rezarei para que não

Saudade do que fiz.
Saudade do que não fiz.
Não sei qual delas persiste mais!

Quem morre, não sonha mais:
agora é sonho dos outros.

Por causa dos nossos olhos
O mundo é cheio de cores.
E por causa dos ouvidos
O mundo é cheio de sons.
Se as pessoas, de repente,
ficassem cegas e surdas,
o mundo teria cores,
o mundo teria sons?
Quem o testemunharia?

A visão é maior que os olhos:
o real é mais do que o visto.

Os olhos nos prendem à vida,
que é nosso modo de ver.

Na morte, a visão são olhos
de ver em outro lugar.

Há algo imóvel,
que move tudo.

Há o vazio
em todas as coisas.

Há o silêncio
por trás de todos os ruídos.

Há uma essência
comum a todos os seres.

Há o imortal escondido
em todas as mortes.

Há o eterno disfarçado
em todas as aparências
do transitório.

A carne é sonho transitório.
Quando dormimos, voltamos
à nossa essência onírica.
Quando morrermos, seremos
o sonho definitivo
que, um dia, foi homem,
que pensava ser real.

Só os mortos não mudam.
deserdados do futuro,
exilados do presente,
são imagens estéreis,
que não mais se reproduzem.
Só os vivos são férteis,
gerando suas imagens
constantemente no mundo.

O escritor é um médium:
vive vidas não vividas,
personagens que não foi,
memórias alienígenas,
lugares que nunca andou,
dores e amores vários,
o que nunca sofreu ou amou,
tudo escorrendo do braço
para a mão que psicografa
o que jamais escreveu
ou que sentiu ou pensou.

Criação ou adoção
o que escreveu como seu,
filho que nunca gerou?

Escreve-se por escrever,
para brincar com palavras
e inventar absurdos -
importa que sejam belos
ou arrepiem a lógica -
e frases que sejam coisas
diferentes das comuns.

Inventar novas palavras
de semântica imprevista.

Escrever como quem brinca
de desarrumar as coisas
e arrumá-las de outro jeito.

Palavras e só palavras.

Neste caos fraseológico
que mundo pode eclodir?

Os átomos se fizeram homens
para se conhecerem a si mesmos
e tudo o mais que fizeram.

Como homens, pensam que Deus
foi o criador de tudo.

Os átomos enlouqueceram?

A brincadeira nos devolve
a pureza original.

O paraíso é o lúdico.

A inocência perdida
nos condenou ao trabalho.

Só o ócio primordial
é a redenção do homem
que não soube ficar criança.

Aquele que envelheceu,
não sonha mais impossíveis.
Conformado e conformista,
o mundo é o seu cansaço.
Ele é o que já foi
e o futuro será igual.
O passado que não existe
habita o presente morto.
Envelhecemos quando o que fomos
é maior do que o que somos.