Versos de Rosa
INTROSPECÇÃO
Um plácido silêncio adormece, nesta tarde, em minha alma. O tenso frio do inverno contrai-se na inércia das horas do relógio da minha saudade. Um sino, ao longe, faz minhas lembranças regurgitarem devaneios latentes, mas ignorados, avisando-me que meus sonhos andam socados nas gavetas da vida. Em meus armários internos, há muito lixo para se jogar fora. Tenho caminhado sem batuta, sem maestro, sem notas musicais, sem importar se faz sol ou se chove. Tenho flores descuidadas nos vasos de minhas pulsações. Tenho janelas abertas nos quartos das emoções. Tenho ausências autografadas no meu coração. Tenho estilhaços de vidraças quebradas em meus sentimentos distantes. Tenho distancias desenhadas nos mapas de minha estrada. Já não sei mais de mim. Já não sei mais de coisa nenhuma. No cá-lice de meu refúgio, resta-me beber o vazio de meu ser para umedecer a poeira de minhas palavras mudas. Não estou triste, não estou cansada, não estou NADA
Pobre de quem já sofreu nesse mundo
A dor de um amor profundo
Eu vivo bem sem amar a ninguém
Ser infeliz é sofrer por alguém
Cantar, só, não fazia mal, não era pecado. As estradas cantam. E ele achava muitas coisas bonitas, e tudo era mesmo bonito, como são todas as coisas, nos caminhos do sertão.
(A hora e a vez de Augusto Matraga)
inteiro
Rosa Pena
O fruto eu saboreio
em metades.
Um planeta vejo
por cidades.
Na Bíblia
procuro verdades.
Quando sinto
saudades?
Quero você inteiro
Bom dia, para você
Guardei o que tenho no coração
O meu melhor
Sempre ao acordar és a minha direção
Minha inspiração
Pra você todo o meu amor
___#RosaNegra
Na estrada da vida, não existe trilha, cada um segue a sua. Nem mesmo os que estão ao nosso lado conseguem caminhar no mesmo caminho.
A vida é um caminho, literalmente, do eu sozinho.
São PERFEITAS todas as nossas IMPERFEIÇÕES
e mais que IMPERFEITAS as nossas PERFEIÇÕES.
Somos humanos.
INVEJO OS LOUCOS
Invejo os loucos, bichos soltos sem amarras, aves libertas na imensidão
Invejo as estratégias e táticas dos loucos em seus discursos confusos.
Invejo as verdades difusas e utópicas dos loucos e suas realidades plásticas.
Invejo a segurança da manifestação das emoções primárias dos loucos.
Invejo a ausência de autocensura dos loucos, ao se despirem dos sentimentos dolorosos.
Invejo a autenticidade dos loucos e suas loucas e instigantes revelações.
Invejo a essência da loucura dos loucos, companheira fiel até que a sanidade os separe.
Invejo os loucos, simplesmente, porque os loucos não sofrem de solidão.
CONTRADIÇÃO
Amanheci sem previsão de tempo
Sem reticências.
Não gosto das reticências.
Reticências é o inacabado
O avesso
O avulso
O suplício
O impulso
O incauto
O desengonçado
O indefinido.
É malandra
coleira
insônia
prisão
sinal quebrado
Prefiro vírgulas e ponto final
Reticências são libertinas
Desordeiras
Conspiração
Desarrumam a imaginação
São pausas do sim e do não
Reticências são faltas de coragem
vestidas pela gala da omissão.
Hoje você foi um grande sedutor. Muito sensual.
Me provocou.
Dançou pra mim.
Adorei a sua beleza,
Você é o meu mais belo poema.
Por que tenho medo de perder você?
Bom porque as coisas mas belas
se vão muito cedo!
Porque as melhores pessoas,
São como as flores!
Que ao amanhecer abrem e no fim da tarde murcham!
Por isso morro de medo de te perder!
Bom mesmo é conviver com pessoas falsas, porque assim
você aprende a lidar com elas sem se contagiar com suas ações...
Plante uma flor em seu coração...
Regue com amor!
Quando você for ver,
um jardim interno se formou,
e seu perfume vai exalar
por onde você for.
Livrai-me do cupido atrapalhado
Do Santo Antônio desligado
Do acaso mal combinado
Dos amigos desavisados
E me arrume um amor equilibrado.
Era fim de outubro, em ano resseco. Um cachorro soletrava, longe, um mesmo nome, sem sentido. E ia, no alto do mato, a lentidão da lua.
(A hora e a vez de Augusto Matraga)