Versos de Porquê
Deus mandou que não nos julguemos uns aos outros, porque todos somos cegos e ignorantes quanto ao que vai no coração.
A morte não é um mal: porque liberta o homem de todos os males, e ao mesmo tempo que os bens tira-lhe os desejos. A velhice é o pior dos males: porque priva o homem de todos os prazeres, deixando-lhe deles todos os apetites; e traz consigo todas as dores. Não obstante, os homens temem a morte e desejam a velhice.
Os hábitos são tão difíceis de combater, porque neles a inércia, que em geral se opõe a qualquer ação, se associa a um certo sentido rítmico de atividade.
O carácter é o que mais difícil se torna de conhecer no homem, porque depende de acasos que no-lo revelem.
Se o seu inimigo estiver com fome, dê comida a ele; se estiver com sede, dê água. Porque assim você o fará queimar de remorso e vergonha. Não deixem que o mal vença vocês, mas vençam o mal com o bem.
A adulação liga-se sempre a ambição; porque é de todas as paixões aquela a que a lisonja dá mais prazer.
Não se pode verdadeiramente admirar senão quem está longe. Porque só a distância nos garante que não cheire mal da boca.
Nada é mais cruel do que o dever em concorrência com a afeição, porque é indispensável que o dever vença.
A vida parece uma doença porque avança por crises e deterioração progressiva e tem melhoras e agravamentos quotidianos. Porém, ao contrário das outras doenças, a vida é sempre mortal. Não admite tratamento.
Quando uma obra parece avançada para a sua época, é simplesmente porque a sua época está atrasada em relação a ela.
Conselho cordato é enfrentar as adversidades com rosto alegre, porque com ele se vencem os inimigos e se dá alento aos amigos.
Pego a primeira parte para mim porque me chamo leão, / a segunda, sois vós a dar-me porque sou robusto, / a terceira cabe a mim porque valho mais. / A quarta, pobre daquele que ousar tocá-la.
É-me difícil deixar Paris porque vou-me separar dos meus amigos; e também me é difícil deixar o campo porque assim vou-me separar de mim mesmo.
Há quem creia ser um grande escritor porque todos o lêem; e há quem creia ser um grande escritor porque ninguém o lê.