Versos de Olhar
As conexões, às vezes tênues, às vezes feitas com muito sacrifício. Mas, muitas vezes, magníficas, aconteceram depois que eu parti. Comecei a ver as coisas de uma maneira que me permitiu abraçar o mundo, sem eu estar nele.
Nada daquilo era engraçado. Aliás, seria engraçado se estivesse acontecendo a outra pessoa, como, digamos, em um filme a que ela assistisse. Mas aquilo não era uma comédia romântica. Era a vida destruída dela.
Essas gravações são a herança que eu escolhi deixar pra mim. São meu guia de volta pra mim mesma.
Eu sou o brilho dos teus olhos ao me olhar
Sou o teu sorriso ao ganhar um beijo meu
Eu sou teu corpo inteiro a se arrepiar
Quando em meus braços você se acolheu
Eu sou o teu segredo mais oculto
Teu desejo mais profundo, o teu querer
Tua fome de prazer sem disfarçar
Sou a fonte de alegria, sou o teu sonhar
Eu sou a tua sombra, eu sou teu guia
Sou o teu luar em plena luz do dia
Sou tua pele, proteção, sou o teu calor
Eu sou teu cheiro a perfumar o nosso amor
Eu sou tua saudade reprimida
Sou o teu sangrar ao ver minha partida
Sou o teu peito a apelar, gritar de dor
Ao se ver ainda mais distante do meu amor
Sou teu ego, tua alma
Sou teu céu, o teu inferno a tua calma
Eu sou teu tudo, sou teu nada
Minha pequena, és minha amada
Eu sou o teu mundo, sou teu poder
Sou tua vida, sou meu eu em você
Tenho guardado na memória e no coração:
Cada olhar brilhante que trocamos,
Cada sorriso feliz que sorrimos...
Cada aperto de mão que nós demos ...
Cada mensagem enviada,
Cada palavra dita...
Cada lágrima de alegria chorada
E cada música ouvida
E cada conversa que tivemos
Dentro da amizade, cumplicidade
e afinidade tão grandes...
Seria uma emoção de invadir o coração..
Saber que você guarda sempre em sua memória:
Que eu te amei, te amo e te amarei...
Pois não há distância que afaste um grande amor...
Nem tempo que faça esquecê-la ...
Nem barreiras que não sejam vencidas por Deus...
Mesmo que hoje você não consiga ver que é especial...
Você é muito especial prá mim
Te Amo...
Deitar-me-ei ao teu lado
E juntos poderemos
Olhar nossos corpos
Em êxtase... sonhado!
Deitar-me-ei ao teu lado
Em silêncio prolongado...
Silêncio nosso que
Se alonga para além da palavra!
Deitar-me-ei ao teu lado
E sem nos tocarmos
Amar-nos-emos, assim...
Deitados lado a lado!
Mas sempre haverá uma data, palavra, um olhar,
Um filme, uma música, pra te fazer lembrar.
Um perfume, um abraço, um sorriso só pra atrapalhar.
Só pra te fazer lembrar de mim.
Como me machuca
Te ver perto de mim
E só poder te olhar
Estar perto de você
E não poder te tocar
Saber que você está ali
E não poder te chamar
Ficar a tua espera
E não te ver chegar
Como me machuca
Ver o tempo nos distanciando
Só me resta a esperança
De um dia repetir EU TE AMO!
A Morte
Oh! que doce tristeza e que ternura
No olhar ansioso, aflito dos que morrem…
De que âncoras profundas se socorrem
Os que penetram nessa noite escura!
Da vida aos frios véus da sepultura
Vagos momentos trêmulos decorrem…
E dos olhos as lágrimas escorrem
Como faróis da humana Desventura.
Descem então aos golfos congelados
Os que na terra vagam suspirando,
Com os velhos corações tantalizados.
Tudo negro e sinistro vai rolando
Báratro abaixo, aos ecos soluçados
Do vendaval da Morte ondeando, uivando…
Não se prenda a mim, não se limite, não pare de olhar para fora. Daqui a pouco vai ser muito tarde, eu sei que é assim porque eu sinto isso.
Parei um pouco de escrever para olhar pela janela e principalmente para ver se eu conseguia deter o pensamento. Acho que consegui. Porque quando começo assim não consigo mais parar, e não quero ouvir eles dizendo que não tem remédio, que eu não tenho cura, que você não existe. Depois eu paro e fico olhando a porta por onde você não entra, o telefone por onde você não fala, e então penso que talvez eles tenham razão, que talvez você não venha mais, e com dificuldade consigo até pensar que talvez você não exista mesmo. Mas não é possível, eu sei que não é possível: se estou escrevendo para você é porque você existe.
Quando finalmente resolvo meu problema de torcicolo, não tenho mais nenhuma vontade de olhar pro lado.