Versos de Machado de Assis

A primeira glória é a reparação dos erros.

A vaidade é um princípio de corrupção.

As ocasiões fazem as revoluções.

O tempo é um rato roedor das coisas, que as diminui ou altera no sentido de lhes dar outro aspecto.

O amor é o egoísmo duplicado.

Suporta-se com muita paciência a dor no fígado alheio.

De todas as coisas humanas, a única que tem o seu fim em si mesma é a arte.

Também a dor tem suas hipocrisias.

Gosto dos epitáfios; eles são, entre a gente civilizada, uma expressão daquele pio e secreto egoísmo que induz o homem a arrancar à morte um farrapo ao menos da sombra que passou.

Não se perde nada em parecer mau; ganha-se tanto como em sê-lo.

O destino, como todos os dramaturgos, não anuncia as peripécias nem o desfecho.

O amor é o rei dos moços e o tirano dos velhos.

Há coisas que melhor se dizem calando.

Não precisa correr tanto, o que tiver de ser seu às mãos lhe há de vir.

A arte de viver consiste em tirar o maior bem do maior mal.

Para as rosas, escreveu alguém, o jardineiro é eterno.

Defeitos não fazem mal, quando há vontade e poder de os corrigir.

Pois o silêncio não tem fisionomia, mas as palavras muitas faces...

Não gosto de lágrimas, ainda em olhos de mulheres, sejam ou não bonitas; são confissões de fraqueza, e eu nasci com tédio aos fracos. Ao cabo, as mulheres são menos fracas que os homens, ou mais pacientes, mais capazes de sofrer a dor e a adversidade...

A loucura é uma ilha perdida no oceano da razão.