Versos de Flor
Fico com inveja destes Mandões, pois vá ter tempo de sobra assim, eu, corro o dia inteiro e tem dias que mal chego perto do PC, entro e saio na maior corrida tenho que equilibrar minhas horas, e me da uma coisa de nervoso de ver minha caixa de correspondência cheia, e cheia de coisas que não vão me serem úteis nada tem a ver comigo
Estou falando dos Mandões de e-mail os chatos que te mandam de tudo, artigos de botão sem furo, cinto sem fivela de um barco que voa, de um trem feito de capim de marte.
Sempre tive problemas com movimentos repetidos, acho que vem daí minha aversão a jogos, mas eu gosto da algazarra da alegria do jogar
ficar na mesma conversa muito tempo sem lugar aonde chegar aquele tipo alguém querendo te convencer de algo e tu ali, tentado ser delicado escutando, escutando, a isto me faz assim eu me desligar.
Dizem que ficar só não me afeta, e não me afeta mesmo gosto de ficar comigo gosto do meu silêncio do silêncio das madrugadas fujo no meu silêncio para dentro de mim e penso e penso às vezes, só bobagens, mas são minhas.
O mundo é pequeno e grande. E qual é meu caminho? É aqui? E cadê as flores? Devia ter alguma flor. E cadê as arvores? Deve ser um dia de quarta feira, um dia abandonado qualquer. E cadê o chão? E os livros? Onde estão as telas e a poesia? Cadê tudo? Cadê você?
Hoje eu só quero colo; sem palavras, sem mais e sem porquês; hoje eu só quero colo, abraço apertado, me sentir protegida; as palavras cessaram e hoje eu só quero colo.
A memória da gente sempre é algo inventado, não é? O jeito que a gente lembra já é, de alguma forma, uma recriação da verdade de quando tudo se deu.
Ele existe, o amor. Eu não sabia, na verdade. Sempre achei que ele era outra coisa, como o que vemos nos filmes e nas novelas.
Não verei mais esse sorriso. Tenho que guardá-lo na minha memória, que a cada dia fica mais longe e mais estranha.
A vida começando junto com o dia. Eu sempre gostei dessa sensação, como se o dia fosse ser melhor porque eu amanheci com o sol.
Aquela era a minha casa e, de repente, não era mais. Eu não me reconhecia em nada, como se eu não pertencesse mais àquele lugar.
Agora o nosso amor era parte da nossa história, do que nos tornamos até aquele momento. Mas o que viria? Eu não estaria mais presente para vê-lo crescer, se tornar outro e mais outro, e isso doía.