Versos de Fernando Pessoa

Cerca de 1006 versos de Fernando Pessoa

“Diziam os argonautas que navegar é preciso, mas que viver não é preciso. Argonautas, nós, da sensibilidade doentia, digamos que sentir é preciso, mas que não é preciso viver”.

(do livro em PDF: Do Livro do Desassossego - Bernardo Soares)

Inserida por portalraizes

Há tantos deuses!
“Há tantos deuses!
São como os livros — não se pode ler tudo, nunca se sabe nada.
Feliz quem conhece só um deus, e o guarda em segredo.
Tenho todos os dias crenças diferentes”...

( Álvaro de Campos [Heterônimo de Fernando Pessoa], (escrito em 9.3.1930), In Poesia, Assírio e Alvim, ed. Teresa Rita Lopes, 2002. (trecho))

Inserida por portalraizes

O conflito que nos queima a alma, deu-o Antero mais que outro poeta, porque tinha a igual altura do sentimento e da inteligência. É o conflito entre a necessidade emotiva da crença e a impossibilidade intelectual de crer.
Barão de Teive

(do livro em PDF: Fernando Pessoa AFORISMOS E AFINS)

Inserida por portalraizes

Há uma depravação do intelecto não menos real do que a depravação do caráter, e é tão possível a uma estar associada às qualidades morais mais elevadas, como à outra coexistir com as capacidades intelectuais mais extraordinárias.
(Aforismos e afins)

Inserida por AdagioseAforismos

Tão calma é a chuva que se solta no ar
(Nem parece de nuvens) que parece
Que não é chuva, mas um sussurrar
Que de si mesmo, ao sussurrar, se esquece.

Inserida por felipejs

É MUITO ANTES DO ÓPIO,
QUE MINH'ALMA É ENFERMA

Inserida por JOSEFFMADU

A ciência! Como é pobre e nada!
Rico é o que alma dá e tem.

Inserida por carlosmachado67

A Íbis, a ave do Egipto
Pousa sempre sobre um pé
O que é
Esquisito.
É uma ave sossegada,
Porque assim não anda nada.

Inserida por carlosmachado67

"O campo é onde não estamos. Ali, só ali, há sombras verdadeiras e verdadeiro arvoredo". Bernardo Soares

(Em Aforismos e afins - de Fernando Pessoa)

Inserida por portalraizes

"Quem me dera que a minha vida fosse um carro de bois que vem a chiar, manhãzinha cedo, pela estrada. E que para de onde veio volta depois quase à noitinha pela mesma estrada".
(Em O guardador de rebanhos)

Inserida por portalraizes

We torture our brother men with hate, spite, evil, and then say “the world is bad”.

Torturamos os nossos irmãos homens com o ódio, o rancor, a maldade e depois dizemos «o mundo é mau».

(Aforismos e afins)

Inserida por carlosmachado67

Can anything be filthier, dirtier than a pig?
If you speak of external things, no.

Pode alguma coisa ser mais imunda, mais suja do que um porco? Se estivermos a falar de coisas externas, não.

(Aforismos e afins)

Inserida por carlosmachado67

Deu-me Deus o seu gládio, porque eu faça
A sua santa guerra.
Sagrou-me seu em honra e em desgraça,
Às horas em que um frio vento passa
Por sobre a fria terra.
Pôs-me as mãos sobre os ombros e doirou-me
A fronte com o olhar;
E esta febre de Além, que me consome,
E este querer grandeza são seu nome
Dentro em mim a vibrar.

Inserida por rapha777

Súbita mão de algum fantasma oculto
Entre as dobras da noite e do meu sono
Sacode-me e eu acordo, e no abandono
Da noite não enxergo gesto ou vulto.
Mas um terror antigo, que insepulto
Trago no coração, como de um trono
Desce e se afirma meu senhor e dono
Sem ordem, sem meneio e sem insulto.
E eu sinto a minha vida de repente
Presa por uma corda de Inconsciente
A qualquer mão nocturna que me guia.
Sinto que sou ninguém salvo uma sombra
De um vulto que não vejo e que me assombra,
E em nada existo como a treva fria.

Inserida por rapha777

Sábio é o que se contenta com o espectáculo do mundo,
E ao beber nem recorda
Que já bebeu na vida,
Para quem tudo é novo
E imarcescível sempre.

Coroem-no pâmpanos. ou heras. ou rosas volúveis,
Ele sabe que a vida
Passa por ele e tanto
Corta a flor como a ele
De Átropos a tesoura.

Mas ele sabe fazer que a cor do vinho esconda isto,
Que o seu sabor orgíaco
Apague o gosto ás horas,
Como a uma voz chorando
O passar das bacantes.

E ele espera, contente quase e bebedor tranquilo,
E apenas desejando
Num desejo mal tido
Que a abominável onda
O não molhe tão cedo.

Fernando Pessoa
PESSOA, F. Odes de Ricardo Reis. Lisboa: Ática. 1946 (imp.1994). P. 32
Inserida por pensador

Nunca Aprendi a ExistirTenho as opiniões desmentidas, as crenças mais diversas - É que nunca penso nem falo nem ajo... Pensa, fala, age por mim sempre um sonho qualquer meu em que me encarno no momento.
Vem a fala e falo-eu-outro. De meu, só sinto uma incapacidade enorme, um vácuo imenso, uma incompetência ante tudo o que é a vida. Não sei os gestos a acto nenhum real.
Nunca aprendi a existir.

Fernando Pessoa, 'Inéditos'

Inserida por Nickdim

Dorme sobre o meu seio.
Sonhando de sonhar...
No teu olhar eu leio
Um lúbrico vagar.
Dorme no sonho de existir
E na ilusão de amar.

Tudo é nada, e tudo
Um sonho finge ser
O espaço negro é mudo.
Dorme, e, ao adormecer,
Saibas do coração sorrir
Sorrisos de esquecer.
Dorme sobre o meu seio,
Sem mágoa nem amor...

No teu olhar eu leio
O íntimo torpor
De quem conhece o nada-ser
De vida e gozo e dor.

Fernando Pessoa
PESSOA, F. Poesias. Lisboa: Ática. 1942 (15ª ed. 1995). p. 103
Inserida por pensador

"O SONHO É VER AS FORMAS INVISÍVEIS
DA DISTÂNCIA IMPRECISA,E E, COM SENSÍVEIS
MOVIMENTOS DA ESPERANÇA E DA VONTADE,
BUSCAR NA LINHA FRIA DO HORIZONTE
A ÁRVORE,A PRAIA,A FLOR,A AVE,A FONTE_
OS BEIJOS MERECIDOS DA VERDADE"

Inserida por arochaviversonhar23

Hoje sou a saudade imperial
Do que já na distância de mim vi...
Eu próprio sou aquilo que perdi...

Inserida por melloncollie

Esta espécie de loucura
Que é pouco chamar talento
E que brilha em mim, na escura
Confusão do pensamento.

Inserida por Marialins