Versos de Fernando Pessoa

O coração, se pudesse pensar, pararia.

Se assim aconteceu, assim está certo!

Vivo sempre no presente. O futuro, não o conheço. O passado, já o não tenho.

Sou feito das ruínas do inacabado e é uma paisagem de desistências que definiria meu ser.

Sentir é estar distraído.

Saber não ter ilusões é absolutamente necessário para se poder ter sonhos.

Nem ausente, nem presente por demais. Simplesmente, calmamente, ser-te paz.

Amar é cansar-se de estar só...

Circunda-te de rosas, ama, bebe e cala. O mais é nada.

Eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.

Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir.

Nada se sabe, tudo se imagina.

Quem não vê bem uma palavra, não pode ver bem uma alma.

Nunca tive dinheiro para poder ter tédio à vontade .

Sou definitivamente contra o definido, porque o definido é o bastante e o bastante não basta

Ler é sonhar pela mão de outrem.

Minha Pátria é minha língua. Pouco se me dá que Portugal seja invadido, desde que não mexam comigo.

Quanto mais fundamente penso, mais profundamente me descompreendo.

Mas sou sempre eu, assente sobre os mesmos pés. O mesmo sempre, graças ao céu e à terra. E aos meus olhos e ouvidos atentos. E à minha clara simplicidade de alma...

Onde você vê a teimosia, alguém vê a ignorância, um outro compreende as limitações do companheiro, percebendo que cada qual caminha em seu próprio passo. E que é inútil querer apressar o passo do outro, a não ser que ele deseje isso.