Versos de 6 Linhas
das linhas antes minhas
perdoai os versos dúbios,
as não-conclusões.
eu me afeiçôo
ao fervilhar das idéias;
induzo e vós deduzis,
insinuo e vós pensais.
ao fazer me desfaço,
ao escrever me despertenço
sobretudo, sobre mim,
instigo-vos.
As ladainhas desentoadas,
o latim mal sabido,
a batida seca da máquina de costura,
as linhas de bordado,
os papéis de seda e os velhos riscos de ponto cheio,
cheio de amor, cheio flor e ramos de tudo que é cor.
A janela e a roseira branca.
Oh mãe! Oh minha mãe!
Linhas desoladas -
Se a vida tivesse sido outra
outra teria sido a nossa história,
agora, a memória é tão pouca,
triste, permanente, obrigatória.
Meus olhos de mágoa e leite
cheios de chuva, silêncios e cansaços
e a sombra do teu corpo num tapete
aconchegada nos meus braços.
A solidão ardendo ao pé do lume
o espelho sem reflexo nem paisagem
e a vontade de subir, chegar ao cume,
contemplando a tua imagem.
Que saudade de estarmos sempre assim
vestidos de paixão - doce, intacta,
hoje, escrevo versos sobre ti
nas linhas desoladas de uma carta.
"Deus escreve certo com linhas tortas.
Eu tento escrever certo, mas erro na pontuação, acentuação, grafia, etc…”
Xadrez
As torres que se movem em linhas retas
protegem e atacam de forma discreta
Os bispos que passam desapercebidos
As vezes pelo oponente é esquecido
E os cavalos atacando por detrás dos que o escondem
Pisoteia de surpresa como se viessem de longe
A rainha sim pode ser letal
Ela pode tudo, causa estragos, traz o mal
O rei protegido espera sua vez
confiando em peões que também querem ser reis
Nessa guerra só pode haver um vencedor
A morte do rei só revela
Que neste jogo não existe amor.
Olhei em teus versos
Tuas palavras eram harmonia
Suas linhas eram maresias
Cada letra era a vastidão
De uma tempestade que é boa de viver.
**Ainda Lembro**
Ainda lembro que estava lendo,
entre linhas, a alma estendendo,
versos que tecem no tempo espero,
na tinta, meu coração eu tempero.
Cada palavra, um sussurro, um fio,
na trama dos dias, um desafio.
Espero ainda tua voz em resposta,
no silêncio que a espera gosta.
Viver, arte sublime, ofício raro,
requer o olhar amplo, um claro faro.
Aprender a ver além do espelho,
onde o amor reside, simples, velho.
Sim, olhar só pra dentro é desperdício,
perde-se o vasto mundo, o início.
Porque ao lado, talvez sem aviso,
reside o amor, teu mais doce paraíso.
Então, releio os versos, tua essência,
esperando que a distância não seja desistência.
Na poesia, um encontro, um lar,
no qual sempre irei te esperar.
Há qualquer coisa -
Há qualquer coisa d'infinito
nas vagas linhas do horizonte
uma quimera sem sentido
ou uma saudade sem fonte ...
Há qualquer coisa que nos negam
os olhos fechados de quem parte
um não sei quê d'águas sem arte
onde os barcos não navegam ...
Há qualquer coisa permanente
que nos injecta mágoa e solidão
uma visão errante, um senão
ou uma vontade de ser diferente ...
Há qualquer coisa dita em vão
nas bocas que maldizem o amor
inveja, dor, mágoa e solidão
que vai matando sem pena nem pudor ...
Há qualquer coisa que não sabemos
oculta no tempo que nos castra
talvez seja a distância que nos arrasta
da juventude que perdemos ...
Há qualquer coisa, muita, tanta coisa
inerente à vida sobre a Terra
a ausência de paz é guerra
mas o destino é a pedra de uma lousa.
Órbitas dos pensamentos
Onde rascunho
Belas palavras
Intensidade tocante
Amplitude das linhas
Singularidade dos versos
Pensamento extenso
Navegar sinuosos
Mente sedenta pela alma em explosão das poesias.
Refúgio da alma
Refazer em faces únicas
Gesto do ser
Intenso onde devasta suas linhas
Aventura nas entrelinhas apaixonantes
Leve mostra a amplitude
Das linhas que haverá de descobrir.
O último ditado do Poeta
O pôr do sol
Despedida da alma que acendeu pela última vez
Linhas tão delicadas
Versos cativantes
A luz do ápice, de quem amou as palavras
Como refúgio do melancólico ser.
A morte
Há tantas vivências
Há tantas histórias
Foram linhas as vezes tortas
De quem viveu o norte dos momentos
Melancólico é não ser
Oprimir diante da vazia tendência a qual somos destinados
Extensão singular é Ser, Ser as palavras
Pois nada mais importa.
Tatuagem
Calço as luvas
misturo as cores verde-amarelo
faço um esboço
com linhas e ponto cruz
costuro os versos ponto a ponto
em tecido de massa cinzenta
fios dourados de pensamentos
até formar-se um girassol
na sua pele.
Mau olhar
Monstruosidade acessa
Não passa de uma estupidez
Olhar têm linhas tortas
Horrores agoniantes
De quem vive de restos, pensando que está intimidando.
"Uma pessoa com gosto musical eclético é aquela que possui várias linhas de pensamentos, que seu gosto varia e não se restringe a um determinado ritmo, vertente ou opinião. Um fator de relevância é que várias pessoas se prendem a um mundo onde existe apenas uma verdade e geralmente a própria, e do ponto de vista geral essa não é a verdade absoluta, o que se deve fazer é conhecer outros pontos de vista, não é obrigação que o indivíduo goste do que está escutando, mais sim conhecer e respeitar, é inconcebível criticar e julgar o que não se conhece."
(Mário Luíz)
O amor dos seres
O amor dos seres são linhas estranhas
De jeito com o humor, tentando por rumor
Mesquinhas são elas, por afeito continuas
Possa ser sozinh'o temor
A distância do cremor, crêr a paz e amor
Seja capaz de fazer porque não temos
O que perder, seu carinho é facinho, como folhor
Carne cozinha, parece o carinho que retemos
Susto dos olhares
Sutileza única
Singularidade das linhas
Tecimento do horizonte
Demasia das sensações
Pulsar do sentir
Explosão do impacto.
Te encerro
Te encerro nos olhares
Te encerro nas linhas
Te encerro nas entrelinhas
Te encerro nos versos
Te encerro nas sutilezas dos gestos
Te encerro com o pulsar ardente das sensações
Te encerro lembrando o pouco era para ser.
Amo a vida por ter vidas.
vidas! são linhas do tempo onde cada um escreve as suas histórias e muitas não são lidas. Feridas? Despedidas? são lembrança de uma vida, gravada na memória de várias vidas.