Versos de Clarice Lispector
Eu presto atenção só por prestar atenção: no fundo eu não quero saber.
Perdi alguma coisa que me era essencial, que já não me é mais. Não me é necessária, assim como se eu tivesse perdido uma terceira perna que até então me impossibilitava de andar, mas que fazia de mim um tripé estável.
Para a minha profunda moralidade anterior, eu ter descoberto que estou tão cruamente viva quanto essa cruz luz que ontem aprendi, para aquela minha moralidade, a glória dura de estar viva é o horrror.
Eu me pergunto: se eu olhar a escuridão com uma lente, verei mais que a escuridão? a lente não devassa a escuridão, apenas a revela ainda mais. E se eu olhar a claridade com uma lente, com um choque verei apenas a claridade maior.
... eu que me perdoei tudo o que foi grave e maior em mim.
Aliás o que me irrita é que tudo tem de ser “do modo certo”, imposição muito limitadora.
Meu medo não era o de quem estivesse indo para a loucura, e sim para uma verdade.
Começo até a pensar que entre os loucos há os que não são loucos.
Gosto de coisas complicadas.
Vou experimentar tudo o que possa, não quero me ausentar do mundo.
E sobretudo há nessa existência primeira uma falta de erro, e um tom de emoção de quem poderia mentir mas não mente. Basta? Basta sim.
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