Versos de Clarice Lispector

Desejo que você não esmoreça, porque é tão bom estar de “bom jeito”. Acho que eu devia abandonar minha “tragédia” em um ato...

Clarice Lispector
Correspondências. Rio de Janeiro: Rocco, 2002.

Nota: Trecho de carta para Fernando Sabino, escrita em 13 de outubro de 1946.

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Quero exigentemente que acreditem em mim. Quero que acreditem em mim até quando minto.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

A eternidade é o estado das coisas nesse momento.

Clarice Lispector
A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

E naquele momento evitava precisamente a solidão que seria uma bebida forte demais.

Clarice Lispector
Todos os contos. Rio de Janeiro: Rocco, 2016.

Nota: Trecho do conto Mais dois bêbedos.

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Hoje compreendo-o. Tudo lhe perdoo, tudo perdoo aos que não sabem se prender, aos que se fazem perguntas. Aos que procuram motivos para viver, como se a vida por si mesma não se justificasse.

Clarice Lispector
A bela e a fera. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho do conto Obsessão.

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Experimentamos ficar calados – mas tornávamos inquietos logo depois de nos separarmos.

Clarice Lispector
Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1998.

Nota: Trecho do conto Uma amizade sincera.

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Até que por horas desisti. E, por Deus, tive o que eu não gostaria. Não foi ao longo de um vale fluvial que andei – eu sempre pensara que encontrar seria fértil e úmido como vales fluviais. Não contava que fosse esse grande desencontro.

Clarice Lispector
A paixão segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Eu acho que, quando não escrevo, estou morta.

Clarice Lispector

Nota: Trecho de entrevista com Júlio Lerner para a TV Cultura, em 1977.

Eu nunca fui livre na minha vida inteira. Por dentro eu sempre me persegui. Eu me tornei intolerável para mim mesma.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Minha coragem foi a de um sonâmbulo que simplesmente vai.

Clarice Lispector
A paixão segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Caótica, intensa, inteiramente fora da realidade da vida.

Clarice Lispector

Nota: Trecho de entrevista com Júlio Lerner para a TV Cultura, em 1977, ao ser perguntada sobre sua produção textual na adolescência.

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Vida não tem adjetivo. É uma mistura em cadinho estranho mas que me dá em última análise, em respirar. E às vezes arfar. E às vezes mal poder respirar. É. Mas às vezes há também o profundo hausto de ar que até atinge o fino frio do espírito, preso ao corpo por enquanto.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Quem, como eu, estava chamando o medo de amor? E querer, de amor? E precisar, de amor?

Estou escrevendo porque não sei o que fazer de mim. Quer dizer: não sei o que fazer com meu espírito. O corpo informa muito.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Mas se eu não prestava, eu fora tudo o que aquele homem tivera naquele momento. Pelo menos uma vez ele teria que amar, e sem ser a ninguém – através de alguém.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica Noveleta (continuação).

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Todos os hábitos são suspeitos.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica Quebrar os hábitos. Clarice atribui a citação a um autor desconhecido.

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Tornava-se toda dramática e viver doía.

Clarice Lispector
A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Eu romperei todos os nãos que existem dentro de mim.

Clarice Lispector
Perto do coração selvagem. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Eis que de repente vejo que não sei nada.

Clarice Lispector
Água viva. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1998.

Quero viver muitos minutos num só minuto.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.