Versos de Clarice Lispector
Sua coragem é a de, não se conhecendo, no entanto prosseguir. É fatal não se conhecer, e não se conhecer exige coragem. [...] O caminho lento aumenta sua coragem secreta.
Cada mudança, cada projeto novo causa espanto: Meu coração está espantado.
Mas um dia ainda hei de ir, sem me importar para onde o ir me levará.
Porque, quanto a mim, sinto de vez em quando que sou o personagem de alguém. É incômodo ser dois: eu para mim e eu para os outros.
A desistência é uma revelação. Desisto, e terei sido a pessoa humana – é só no pior de minha condição que esta é assumida como o meu destino.
Sou tímida e ousada ao mesmo tempo.
Escrevo porque encontro nisso um prazer que não sei traduzir. Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando...
De maneira alguma, pense que aqui escrevo o meu mais íntimo segredo. Na verdade, há segredos que não conto nem a mim mesma.
Para que um sentimento perca o perfume e deixe de intoxicar-nos, nada há de melhor que expô-lo ao sol.
Refugiei-me na doideira porque a razão não me bastava.
Certamente hoje é grãos de terra. Olha para cima, para o céu, durante todo o tempo. Às vezes chove, ela fica cheia e redonda nos seus grãos. Depois vai secando com o estio e qualquer vento a dispersa. Ela é eterna agora.
Eu antes vivia de um mundo humanizado, mas o puramente vivo derrubou a moralidade que eu tinha? É que um mundo todo vivo tem a força de um Inferno.
Mas era como uma pessoa que, tendo nascido cega e não tendo ninguém a seu lado que tivesse tido visão, essa pessoa não pudesse sequer formular uma pergunta sobre a visão: ela não saberia que existia ver. Mas, como na verdade existia a visão, mesmo que essa pessoa em si mesma não a soubesse e nem tivesse ouvido falar, essa pessoa estaria parada, inquieta, atenta, sem saber perguntar sobre o que não sabia que existe – ela sentiria falta do que deveria ser seu.
Para não se traírem eles ignoravam que hoje era ontem e haveria amanhã.
E eis que de repente agora mesmo vi que não sou pura.
Porque eu sozinho não consigo: a solidão, a mesma que existe em cada um, me faz inventar.
E coca-cola. Como disse Cláudio Brito, tenho mania de coca-cola e de café. Meu cachorro está coçando a orelha e com tanto gosto que chega a gemer. Sou mãe dele. E preciso de dinheiro. Mas que o "Danúbio Azul" é lindo, é mesmo.
Se era inteligente, não sabia. Ser ou não inteligente dependia da instabilidade dos outros.
Suponho que este tipo de sensibilidade, uma que não só se comove como por assim dizer pensa sem ser com a cabeça, suponho que seja um dom.
Escrevendo, pelo menos eu pertencia um pouco a mim mesma.
- Relacionados
- 19 poeminhas de cantadas para se declarar a alguém
- Verso de aniversário para dar parabéns
- 19 cantadas de amor para usar com quem não sai dos seus pensamentos
- Poemas sobre a família mostrando que ela é o nosso alicerce
- Poemas de Clarice Lispector
- Frases de Clarice Lispector
- Clarice Lispector sobre o amor