Versos de Clarice Lispector
Só se sente nos ouvidos o próprio coração (...) pois nós não fomos feitos senão para o pequeno silêncio.
O que saberás de mim é a sombra da flecha que se fincou no alvo.
Se eu errar que seja por muito, por amar demais, por me entregar demais, por ter tentado ser feliz demais.
A loucura é vizinha da mais cruel sensatez. Engulo a loucura porque ela me alucina calmamente.
Sou tão misteriosa que não me entendo.
Faz de conta que tudo que tinha não era de faz de conta.
Eu sou assim, quero tudo e quero agora! Uns chamam de mimada, mas eu prefiro decidida.
Recuso-me a ficar triste. Quem não tiver medo de ficar alegre e experimentar uma só vez sequer a alegria doida e profunda terá o melhor de nossa verdade. Eu estou – apesar de tudo oh apesar de tudo – estou sendo alegre neste instante-já que passa se eu não fixá-lo com palavras.
Oh Deus, que faço desta felicidade ao meu redor que é eterna, eterna, eterna, e que passará daqui a um instante porque o corpo só nos ensina a ser mortal?
Para falar a verdade, nunca estive tão bem. Por quê? Não quero saber por quê.
Talvez a pergunta vazia fosse apenas para que um dia alguém não viesse a dizer que ela nem ao menos havia perguntado. Por falta de quem lhe respondesse ela mesma parecia se ter respondido: é assim porque é assim.
Estou tão assustada que só poderei aceitar que me perdi se imaginar que alguém me está dando a mão
Atitude é uma pequena coisa que faz uma grande diferença.
O que obviamente não presta sempre me interessou muito.
Realmente o tom geral devia estar pessimista. O pessimismo passou, mas o bom propósito não: farei o possível para não amar demais as pessoas, sobretudo por causa das pessoas. Às vezes o amor que se dá pesa, quase como responsabilidade na pessoa que o recebe. Eu tenho essa tendência geral para exagerar, e resolvi tentar não exigir dos outros senão o mínimo. É uma forma de paz... Também é bom porque em geral se pode ajudar muito mais as pessoas quando não se está cega pelo amor
Nota: Trecho de carta para Elisa Lispector, escrita em 19 outubro de 1948.
...MaisMinha consciência é inconsciente de si mesma, por isso eu me obedeço cegamente.
Nota: Adaptação de trecho do livro Água viva.
Se você sabe conviver com pessoas intempestivas, emotivas, vulneráveis, amáveis, que explodem na emoção: acolha-me.
Desculpem eu ser eu. Quero ficar só! grita a alma do tímido que só se liberta na solidão. Contraditoriamente quer o quente aconchego das pessoas.
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