Versos
O hábito é que me faz suportar a vida. Às vezes acordo com este grito: - A morte! A morte! - e debalde arredo o estúpido aguilhão. Choro sobre mim mesmo como sobre um sepulcro vazio. Oh! Como a vida pesa, como este único minuto com a morte pela eternidade pesa! Como a vida esplêndida é aborrecida e inútil! Não se passa nada, não se passa nada. Todos os dias dizemos as mesmas palavras, cumprimentamos com o mesmo sorriso e fazemos as mesmas mesuras. Petrificam-se os hábitos lentamente acumulados. O tempo mói: mói a ambição e o fel e torna as figuras grotescas.
A vida é amarga e doce. Por isso não há outra forma de descrevê-la senão captando esses dois sabores.
Podemos responder criativamente ao que experimentamos como privação na vida e nos tornarmos ricos em espírito por termos conhecido o desafio.
Esta vida humana, tão breve para as mais frívolas experiências, é para as amizades uma prova difícil e demorada.
Falhaste a vida, é evidente. Mas não o digas. Porque haverá logo quem venha proclamar em alvoroço que tu mesmo afinal confessas que falhaste para o cretino trombeteiro se julgar menos falhado e os cretinos como ele.
Essa outra vida que é esta vida desde que nos preocupemos com a nossa alma (...).