Versinho de Amor

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PORQUÊ LER POESIA?


Poesia só serve pra isso:
Tirar a gente
da gente e jogar
no mundo.

Depois…

Tirar a gente do mundo,
e guarda a gente
bem mais

F
U
N
D
O

na gente de novo.

Assim, os olhos dos
poetas são distantes
de tanto ir pro mundo e descer
mais profundo…

Que um dia de tanto




D
E
S
C
E
R
rasgará a alma
para fazer
poesia com
Deus.

Inserida por MAGODIONES

POETA É CRIANÇA


Poeta é gente pra se esquecida.
De toda memória apagado.
Da face da terra riscado.

Para que viva à poesia FAZIDA

Assim mesmo, feito crianças
Que trazem, doces lembranças
Da livre inocência
Sem gramática, só crença…

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ESPELHO


Vivia num mundo trocado
Tudo bem do avesso
O que falavam.
Em mim, não
Encontrava

Virei o mundo para mim
Tudo no mesmo avesso
O que sempre falei
Nos outros só
Encontrei
Quando em mim
Já estava

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FRANGO DE PADARIA


Morei uma vida toda por um segundo
No olhar pidão de um cachorro zoíudo
O taco de frango, engordurado confundo:
Se como, ou saio daquele mundo?

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QUARTO DE CRIANÇA


Uma girafa voando,
Um cavalo voando,
Um cachorro também,
Não sabia, nem falar direito
E eles voavam lé em cima.
Um dia cresci
E me contaram que estava
ERRADO
Se eu soubesse NUNCA
iria crescer
Para ter olhos
E ficar cego
Sem ver.

Inserida por MAGODIONES

BERÇO DA VIDA


Desde novinho, figuei apaixonado
Pelo mistério imaginado
Que dentro da barriga
Da gravida
Mora um MUNDO gigante
Que um dia se torna gente.
Se você ver um barrigão, fique contente!

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GÊMEOS DE BARRIGA


Casamento é gravidez
Da mulher buchuda
O homem também
Duas bolinhas esperando
Outra que vem.

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O VENTO DE EROS


Toda calçada tem meu desejo
Impregnado no vestido florido
Bailando com o vento presepeiro
Dissimulado num olhar sorrateiro
Que desnuda à donzela, eternamente ligeiro
Colorindo-a de vergonha postiça: vermelho
No brilho do olhar malicia e sorriso inteiro
O vento sessa
A saia para
Balança
E a vida perde todo seu encanto

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CRIANÇA É POESIA


Tou, tá, tamo.
Não sabo,
Te amo.

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CONHECE-TE À TI MESMO


Certo dia fiquei estacado
Olhando dentro do espelho
Os meus, OUTROS olhos me engolindo
tentando sai do espelho e
ver o que nos MEUS olhos
estava refletido.

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CAMA MACIA


Cama macia para sono pesado
Por um instante tornou-se retardo
Descansando, acordar para quê?
_Se nesse sonho lucido tudo vê

O frio da noite, o breu do dia
Estancada de joelhos em fé pia
Lágrimas banhavam a fria cova
A mãe rezava segurando a rosa

Carnaval apoteótico de vermes com fome
Cavucando carne gelada, a forma se some
Sem pressa, agonia vagarosa a alma consome

Uma chorrava em prantos, enquanto outra ria
A última trouxe a morte; Daquela, a sua luz sumia
Sonhando acordado em cama macia

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SELF- SERVICE


A poesia é feita
do vômito
do próprio saber.

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CRIAÇÃO


As cores devorando o papel
As cores devorando o pincel
As cores devorando a criança
A criança devorando a vida
A vida devorada por Deus
Que vomita: vida

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ALEGRIA


Todo boneco escuta
Todo carro toca
Todo pião observa
Todo vídeo game é viciado
em alegria de criança.

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A SEMENTE


O TODO contém o TUDO
O TUDO está contido no TODO
Do TODO veio o TUDO
E TUDO voltará ao TODO
Todos estão no TUDO
Ninguém está no TODO
O TODO é TUDO
Mas o TUDO não é o TODO

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ARAÇÁ (A RODA DO TEMPO)


Quem tá, veio, porque já foi
Quem veio, tá, porque voltou
Quem voltou, já veio, porque tava
Quem foi, voltou, porque não tá
Quem vai, não vem, porque tá

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OSSOS


Os ossos dos
meus
olhos
CALEJADOS
de tanto ver aquela
MENINA

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PAULO COELHO


Garoto pequeno que o mundo engoliu
Nos livros jogado, seu mundo surgiu
A vocação que nascia
Da Grande Magia

Que as vendas da “boa moral” jurava não ver:
Um coração oprimido, apertado
Gritando por SER

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OUTRO PAULO, O LEMINSKI


Na tarde fria me jogava
Em gelo frio e quente
Dentro de mim vindo
Na liberdade escorregadia
Tu me ensinaste a ser
Liberto de mim
Pra ser você:
deus de poema

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ESTAÇÃO BRÁS


Corpos em pilhas de homem
Como molhos de coentro
Respirando à agonia do outro
Marés de gente numa brecha que os consomem


Assim o rebanho corria sem tempo a perder
Deixando a vida passar dentro de lata apertada
E por vinte centavos, a ganância fugiu apressada
Na sombra do gigante acordado: POVO NO PODER


As promessas voltaram em canto bonito
O gigante coitado, de sono caiu
O mundo na lata, à barriga consentiu
Passando_ a força sua _as sanguessugas de granito


E no sonho, ele se viu acordado
Sem parasitas dos lados
Mostrando que não é nada coitado
Se seus olhos, nossos e vossos abrir, estão acabados.

Inserida por MAGODIONES