Verme
BRASIL CENTRAL (cerrado)
Ó cerrado! ó sertão místico e mestiço
Ó visão, dum pôr do sol que vermelha
- chão, que a secura está sobre a grelha
E o encanto ao dissonante é submisso
Pois o airoso, onde ao torto parelha
Abre a admiração à surpresa do viço
Da tosca vista de ambiente maciço
O gérmen vivo da variada terra velha
Sempre o constante! azul do céu anil
Sobre o planalto... flores exuberantes
De renovo e de um invariante desafio
Anda a poesia aos olhos sussurrantes
Desse seio onde nasce o feitiço luzidio
Do território central do nosso Brasil!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
14/03/2020, 10’26” - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
Chamados à vida, esquecemos que também seremos chamados dela para, utilmente, alimentarmos os vermes.
O homem sente por sentir vontade
E quem me dera um dia ver-me diferente, encontrando sentido além das razões por trás da mente, sendo coração que pulsa apressadamente, apenas por saber que é verdade. E se é verdade, dou-te tudo o que encontrar no caminho do meu eu; do apego à solidão, que habita nessa imensa vastidão desconhecida, à medida dosada da paixão.
O inferno é o lugar onde o verme não morre queimado, o fogo não se apaga e o extintor de incêndio é derretido ao cheiro do enxôfre.
A Humanidade é patética; vive procurando formas de sorrir em meio a única condenação que agrupa a todos, a morte. Para vencer a morte chamam-na de passagem. Passagem da carne que anda para o verme que à alimenta.
O amor é assim. Um dia te ergue à altivez das catedrais, noutro dia derruba-te ao mais profundo do chão, fazendo-te chafurdar como um verme nas águas fétidas dos pântanos.
Evolução! Qual o custo da evolução de nossa espécie?
Claramente a cada ano que passa nós pagamos o preço de nossa evolução. Animais em extinção, poluição, erosões, enchentes, aquecimento global e outros tantos danos ambientais causados por aquilo que muitos consideram a evolução da raça humana.
Nosso consumo desenfreado - muitas vezes daquilo que nem precisamos - tem causado uma demanda excessiva de recursos, sejam eles renováveis ou não.
Estatísticas apontam que em 2012 fechamos o ano com uma população aproximada de 7,046 bilhões, segundo alguns estudiosos um número um terço maior que a população ideal para se viver em harmonia no planeta.
Isso sem levar em consideração nossos anseios por tecnologia de ponta, roupas caras, casas exuberantes, carros luxuosos e afins dos quais fazem com que nos digladiamos, humanos contra humanos, em uma batalha sem fim em busca de superioridade.
Infringimos leis que criamos em busca dessa tal harmonia, sempre justificando nossas necessidades sem medir o dano que isso nos causa como sociedade. Vivemos uma relações de ganha x perde, quase nos esquecendo que o essencial seria um ganha x ganha, onde todas as partes ganham com nossa interação, seja ela qual for.
Nossa espécie sobreviveu à todas as adversidades encontradas no caminho por aproximadamente cinco ou sete milhões de anos, mas parece cada vez mais incapaz de viver de maneira pacífica e sustentável.
Muitas vezes culpamos nosso vizinho, mas eu não sou muito diferente, você não é muito diferente. Quem nunca furou uma fila? Quem nunca jogou lixou na rua? Quem nunca se aproveitou de uma brecha para se dar bem? Enfim... Quem nunca justificou um erro para acalmar a consciência?
Com o avanço da ciência e aumento da expectativa de vida, nossa espécie tem potencial para se tornarem verdadeiros "deuses" à longo-prazo, porém me pergunto se esse longo-prazo um dia vai chegar.
Somos vermes consumindo o planeta, um câncer que dilacera a estrutura que nos sustenta; devorando e defecando o máximo que podemos, antes que outra pessoa o faça.
Enquanto passarmos nossas vidas cegos para a saúde precária de nosso planeta, nossa casa, o preço a se pagar pela nossa evolução será nossa própria extinção. Deixo aqui meu singelo pensamento de hoje.
O mundo nunca vai mudar enquanto as pessoas forem as mesmas.
Tem guerra por comida, tem guerra por emprego, tem guerra na saúde, é só guerra por dinheiro, e você pensa que esta a salvo, que não vão te encontrar, mas logo outro verme vem e toma o seu lugar.
"Eu sofro de uma doença
Que afeta a mente, o corpo e a consciência
Derramo prantos, em meio a sofrências
Aos quatro cantos, em tantas querenças
Tem sido um banho diário, solitário
Ver-me chorando, andando calado
Verme na lama, o meu lema, estado
Sempre amando, amando…
Sem ser amado."
(03/02/2015)
O amor é a grande força do Universo.
Sem o amor, tudo é apenas destruição e caos.
O amor é quem ordena, mantém e transforma.
É o amor que faz do esterco,
aquela matéria pútrida, fétida,
cheia de germes e vermes,
enfim, é o amor que possibilita que aquele esterco
alimente uma semente
que se tornará planta frondosa
da qual brotará uma flor.
O amor, portanto, é muitas vezes sutil,
aparentemente frágil e silencioso,
mas é a força mais poderosa que existe.
É o amor que transforma o germe em flor.
Quem é amado deve...
Quem ama pede...
A lua se insinua...
Entre vielas escuras...
Há fogo que devora...
Que mata e que dá...
Arde a cabeça...
Enquanto o olhar vaga...
Nem entre as estrelas encontras...
O que procuras...
Só porque houve outrora...
No presente indeciso vives agora...
Será que haverá o futuro,
Do que necessitas e sonhas ?
Procura o ar onde a respiração é doce...
E canta para afugentar a tristeza...
Porque és do tamanho que vês...
Porque sentes a falta do que não tens...
Vaga..
Longe de todo céu...
E no inferno onde abitas nada encontra...
O verme da agonia te devora...
Onde estás afinal,
Nessas horas mortas?
O nevoeiro é tão grande...
E o final não encontras...
Sim...
Tu bem sabes...
Tendes total culpa...
Entre o temor e o espanto...
Reconhece o amor perdido...
Peito endurecido...
Por mostrar-se soberbo e presumido...
Feristes e não percebeste o real sentido...
Tendo o teu erro algum desconto...
Saberia que sendo amado deve...
E que amando...
Deveria ter pouco pedido...
Agora buscas a noite escura...
Cujo medo te afigura...
Tão certa desaventura...
De vagas esperanças...
Nem mesmo te ajuda a lua...
Sandro Paschoal Nogueira