Verbo
Eu amo tudo que é...
Simples, belo, e admirado;
O que passou já não é
Ficou no verbo passado;
O que perdi já não tenho
Logo também não possuo;
Não choro e não desdenho
Se for preciso recuo.
DENTRO DE MIM HÁ TUDO
Dentro de mim há flores
Que florescem na alma
Há poesia num versar
De verbos por decifrar
Há tanta vida para viver
E tanto para amar
Há dor num pranto silencioso
Que nem muros tem
Há um arco íris de pétalas
Perfumadas de sentimentos
Há amores profundos
Enterrados no coração
Dentro de mim há uma passadeira
Onde todos os dias passo e agradeço
Por todas as portas que vou abrindo.
Comentário sobre a Língua Portuguesa:
Em nossa língua oração é construída ao verbo.
O sujeito está então sentenciado.
Numa conjunção de tempos passados, presentes e futuros,
Onde se mesclam adjetivos e a vírgula fica ao lado.
Mas eu confesso que busco os substantivos, sem desprezar os predicados.
E quando me ponho a tecer frases exclamativas ou declarativas,
vem-me as imperativas, a interrogar-me sobre as optativas que se depreendem na singularidade.
Faço oração para encontrar o sujeito absoluto em sua simplicidade.
Aprendi assim à oxítona amar e a expressão única da saudade.
O verbo incorreto e a afirmação descabida sobre a realização da existência e da presença dos seres humanos no mundo favorecem a cegueira e o descontentamento para com o saber e as prováveis certezas.
Descrever é situar o verbo e o pensamento coerentemente ante as complexidades do real. Logo, a aproximação relativa à realidade fenomênica, a exemplo da dimensão espacial, é basicamente uma experiência exercida pelo sujeito que deseja conhecer. E isso se traduz nas ações orientadas e nas concepções de razão e sentido que se direcionam a uma finalidade de esclarecimento.
Do mais profundo verbo
Do mais longo verso
A dor que sinto ao te ver parti
É inexplicável
Dói a alma
Dói o coração
Dói dobrado
Por te amar
Por te perder
Oh dor ate quando
Vai me acompanhar
Oh vida ate quando vai tirar
De mim aquilo que me faz cantar
O meu choro amargo
Deve te agradar.
Viva o Ano Novo!
- porque (re)existir é preciso -
No princípio era o Verbo... – mentira. No princípio e ao fim sempre será o amar.
E os amares são com e por pessoas – o encontro.
Os poetas são mentirosos – nos disse um Pessoa. E eles têm razão.
Por isso nos enganamos quando nos fazemos palavras. A maior mentira já publicada começa, assim, no princípio da palavra.
Trocaria todos meus versos pela sabedoria do abraço. Poetas colhem versos.
Palavras se perdem no vento. Gente se enraíza no coração.
Há quem cultive gentes! Sábios, colhem irmãos e irmãs.
Somos feitos das gentes que comungamos – não de palavras.
Então, a única sabedoria que vale é a do conhecer gentes.
Que neste ano que se inicia, você recolha muitas gentes, a saber...
Crianças, velhos, homens, mulheres, héteros, homo, bi, trans, multi, mono, plus...
Pobres, ricos, brancos, pardos e pretas. Humanos, não-humanos, desumanos, normais, anormais, animais. Poetas, não-poetas, profetas e ateus.
Gente, enfim.
Beijo Grande e Feliz Ano Novo!
©Flavio Lanzarini dezembro de 2018
MULHER
Há muito me disseram.
Havia o infinito sem o verbo,
O tempo sem escala, o vapor das estrelas se esvaindo.
A água sem memória tocando a pedra no silêncio.
Então o criador dos seres percebeu,
Que era preciso pés para infiltrar a terra,
Olhos para criar mundos do sentir ver,
Ventres para parir humanidade.
Foi quando o vento rugiu na criação,
Tocando a beleza inominada das coisas.
Um eco em sua profundidade retumbou,
E tudo então se tornou partilha,
Na celebração humana de cada voz.
Contam que desde então nasceu a mulher:
Para restaurar afetos,
Semear liberdade,
Pulsar igualdade.
"Sobre expor boas ideias.
Sim, elas podem revolucionar o mundo, mas eu prefiro o verbo agir.
Ele não pode, ele é a revolução."
Antes de abrir o verbo ouça o coração e a razão.
Pois no fim nada te restará além de dor e sofrimento.
Entre o sujeito e o verbo não há vírgula; é para entenderes a importância de tuas ações.
Sidney Poeta Dos Sonhos
Se for para rasgar o verbo, que seja para montar uma linda colcha de retalhos de amor bem colorida, para nos aquecer durante o frio da indiferença humana.
Chega de saudade
Ame em paz, conjugue o verbo no infinitivo...
Chegue, fale o soneto do amor maior.
Veja você, a ternura do amor que quer voltar (tomara)
E, pela luz dos olhos teus, cante o amor, que chegou.
Não ame sozinho
Chega de saudade.
- Relacionados
- Bem
- Verbo Ser do Carlos Drummond de Andrade