Poemas sobre o vento
busco inspiração
em qualquer lugar
observo as flores
balançadas pelo vento
é tanta alegria
que parece uma dança
que contagia,
entro na festa
vivendo poesia.
" Se todas as portas estiverem trancadas, não faça como o vento que entra por qualquer fresta, certamente ele não é bem vindo ali...
Ornamento de palavras vazias, desconversas ao vento,
Tentativas fúteis de esconder o que vai por dentro.
Embelezando a superfície, esquivando-se da verdade,
Desconversas, ornamentos ocos.
Velas sem vento
almas sem calma
encalham em sargaços
nas águas salgadas.
Algumas naufragam
soçobram em escolhos
só sobram sem escolha,
sem escolta,
poucas naus
– e nós.
Tantos embarcam sem remos na mãos mesmo sem saber,
que quem é barco e não é direção, ao vento obedece.
Dunas da Joaquina
A maré põe as suas águas para harpear,
o sopro do vento faz mais de uma
Sempre-viva-de-mil-flores dançar
sobre as dunas da Joaquina.
Sim, é sobre o amor e a vida
que estou falando e sobrenaturalmente
faz a alma e a poesia
se encontrarem coincidentemente.
Sou a que você leva como o ar
feito para respirar, no brilho do olhar
e no seu coração para todo o lugar.
O Butiá-branco
balançando
pelo vento minuano
me faz intuir que
você está chegando,
e para você decidi
ir me preparando.
A última carta de amor
Sinto sua falta e as areias sopradas pelo vento frio batem em
meu rosto e acordo com as lembranças.
A chuva fina penetra em meu corpo e penso em seus beijos
tão quentes como ares do Equador.
Meu demônio infernal que arrasta meus dias em desejos
queimantes e fico cega.
Chamá-lo de meu amor é tão vulgar e abstrato e meu pensamento
se dirige a ti de forma tão concreta que sinto e quero sua
presença.
Fica tudo tão distante. Meu corpo, meu desejo, que nem as
cartas cobrem esta ausência.
Dizem que amores não tem corpo, mas do que é feito sua
intensidade sem seus contornos físicos,
perfumes perdidos sem seu cheiro?
E o vento apaga as palavras neste deserto de solidão e gasto
tanta pena e tinta e nem sei se verbos atravessam oceanos e intempéries.
Mas fica a força de meus punhos grafados, para contornar
seu corpo nesta carta.
Sob a neblina,
atrás da colina,
sopra o vento,
tornando-se ventania.
Logo o sol se anunciará.
Mas poderia ser chuvisco, chuva, temporal.
Pouco importa...
Tanto faz ser um dia de sol ou de chuva. Nada mudaria.
O encanto está em quem sabe aproveitar o dia.
O encanto está em quem sabe ver além da colina.
O encanto está em quem sabe viver cada dia.
Como se despertasse de um coma profundo.
Como se, de alguma maneira, perdesse a cegueira.
Como se reencontrasse a beleza escondida nas profundezas do próprio ser.
não me importo que o vestido
suba com o vento
até certo centímetro da perna
lembro-te que já disseste todos os fins
das coisas
aceito até os pardais
que chocam em contramão com
Bóreas
aceno às mulheres
nas varandas
e digo-lhes:
prendam bem a roupa no arame
ladrões há muitos
o meu vestido é uma bandeira:
agita sem rasgar
sem fronteira sem hino
recorta os flancos e funde nos joelhos
uma profunda melodia:
o mar na areia
mas não sou cacique
e o vento não me fala
não há um gesto de tréguas
e ainda tento
ainda penso agarrá-lo entre os dedos
ainda o procuro na gota de silêncio maior
vento, vem
vento, fica
mas só o meu vestido se espanta
e dança
contra a minha vontade
É um querer nato e profundo
Desejo todo do mundo
Uma leveza quando avança o tempo
Um pé de vento de felicidade
Vontade é feito bicho com asas
Por cima das casas sobrevoa altivo
Não tem nem motivo pra não se fazer
Anoitecer nos teus braços feito passarinho
Feito bicho que vive em vão desalinho
E retorna pro ninho ao entardecer.
Querer nato e profundo...
Desejo maior do mundo...
Vento
Oh vento, que grande brisa,
oh vento!
Vento que corre sobre as dunas do âmbito.
Vento que passa pela fronteira,
que contorna o cenário florido.
Vento de guerra, que bate sobre o soldado
de joelhos feridos.
Vento imundo, que sobre os moribundos
acaba em desgraça.
Vento, vento que recebemos de graça.
" Folha, após folha
sincronia que só o vento pode ajudar
manhãs rosadas, cinzas
o tempo faz seu papel
toma a calçada.
embriagados pela selvageria do outono
varrem o chão,
já é tarde,
novamente a pele dourada precipita
há em cada ser um amanhecer
e uma morte também,
mas assim como a vida tem um fim,
a morte também, um dia terá...
Quero viajar no tempo
Sobre céu que nos cobre
Mais rápida que o vento
Nos ponteiros do relógio
Sobre o quinto elemento
Como é bom tocar o céu
Quando se está dormindo
Na caneta ou pincel
Os sonhos vão surgindo.
- Israel Lima
Parar... Sentir... Por um momento
O movimento sutil do vento
Que toca a folha e faz cair
O ciclo eterno se repetir
Em cada dia, uma sensação...
Mudamos junto com a estação
A natureza grita, tirando o sono
Ela diz... Venham ver o Outono!
Me ariando
Corri contigo na ladeira da razão
Fustigando me um vento ateu
Carregando todo peso sem dó ou perdão
Sem a resistência de meus ideais,
Num olhar "Sartreano" triste e elegante.
Agora é apenas eu e o futuro!
Meus métodos e manias,
A voz que ouvia
Da força estranha e contida,
Os palavrões e choros
O dom reprimido na gaiola de um sonho de liberdade
Nada importa mais
Agora é apenas eu e o futuro
Os julgamentos e erros do passado
As escolhas e os grandes momentos
A lembrança torpe da gozada amada abraçada
O mundo que não acaba nem começa...
E...começa e acaba a toda hora?!
E essa nova vontade que, não, me, salva...
Agora é apenas eu e o futuro
Não importa essa dor nas costas
Nem o quanto eu possa estar enganado
Nem homem nem menino eu me raio
A esperança apenas espera
Será seu o seu o próximo destino
Tudo é mesmo só isso?
Agora é apenas o futuro e eu...
"Não sou capaz de olhar-te
E não lhe imaginar ao meu lado
Caminhando na areia
E o vento batendo no cabelo
Não sou capaz de ouvir-te
Sem me derreter por inteiro
Com o doce sussurro da sua voz
Que clama por carinho
Não sou capaz de tocar-lhe
E não estremecer o meu corpo
Suar frio e o coração acelerar
Sou incapaz de tê-la pela metade
Não quero ser subterfúgio
Das noites mais terríveis
De solidão
Sou capaz de ser exatamente o que sou
De te olhar exatamente como te olho
E me apaixonar todos os dias pela sua voz
Sou capaz de encarar o desconhecido
Mover céus e terra
Estar preparado na paz ou na guerra
Mas sou incapaz de esperar
Por aquilo que insiste em nunca chegar"
(Homem do mar, p. 16)