Vento
Não importa se você está contra ou a favor do vento, dependendo da rajada, se não te manter forte, é certeza que cairá.
o vento roça de leve
o segredo que há em nós
e as palavras não ditas
uma a uma caem
no abismo do infinito
manchando de blues
os rubros corações...
Esta prestes a chover
O vento acelera,
O frio o acompanha,
Já é hora de se agasalhar.
Esta prestes a chover
O escuro se anuncia,
O cinza se apresenta,
E as gostas cairão.
Esta prestes a chover
Agora nos acomete a agonia,
De molharmo-nos nesta noite fria,
E nos resfriarmos ao amanhecer.
Esta prestes a chover
O bom da chuva que cai,
É toda a tranquilidade que ela atrai
E nos faz adormecer.
MUTAÇÕES
Rubras
centelhas
se movem
ao vento
fervem
caldeiras
sobre
as trempes
telúricas -
mutações
do tempo
TRUPE DE VENTO
Um trupe de vento passou por aqui
vindo, não sei de onde,
Indo... Sei lá e não sei se esconde
... Sem asas sem bonde,
Sem respeitar saia de moça
nem charuto de conde.
Esse vento, ouriçou placa...
Bandeira, roupa no varal!
Provocou... Carreira em potro,
tombo de bêbado
e voar de pombos.
Levantou pipas da molecada
poeira das estradas e atiçou...
Atiço areia sobre as águas.
Aquele trupe de vento que passou por aqui
.... Vindo não sei de onde...
Fazendo corrupio no cisco,
alegrando, cardumes de piabas dos rios...
Pássaros no estio,
farfalhou as folhas
disparou as hélices eólicas
espatifou o bocado da farinha antes da boca
ouriçou os cabelos da velha louca
e badalou os sinos das igrejas.
Aquele trupe de ventos que passou por aqui...
Passou trazendo águas e nuvens
levando as chuvas
alegrou, melou os olhos
Destampou as rolhas,
farfalhou as folhas...
Aquele vento que passou por aqui,
abrindo porta e fechando janelas...
Serpenteou por todas vielas!
Urrando que nem lobo...
Rangendo que nem dentes
esturrou, como se fosse um leão.
Aquele vento que passou por aqui
chiou venenoso, que nem serpente
desfez, procissões e saravas
jogou cisco na cuia do almoço
no momento de cear...
Despedaçou exame de abelhas
desmanchou rasto de ratos,
destrambelhou, voar de pato
provocou e oscilou as ondas do mar.
O bando de pássaro se foi com ele
voltou por causa dele
as borboletas ficaram alem dele
aquele vento, levou as velas da canoa
e o canoeiro, perdeu o dia de chegar.
Antonio Montes
Seja como o vento, como o universo, como a brisa leve ou como o fogo, não importa! O que queremos e precisamos é ter um amor e amar. ❤
Sou dessa terra distante .
Sou viajante errante.
Não tenho raizes; germino pelo vento e
cresço pelo sol.
Do tudo que sei, aprendi e ensinei
Sou de idas e de muitas voltas, quantas forem necessárias
As marcas das lutas travadas, silencio no meu coração.
Morro e renasço nas minhas saudades, tantas vezes for preciso.
Tudo que me sobrou, levo dentro da alma. Ivo
A saudade resolveu fazer moradia.
Quero que o vento a leve.
E traga você para perto de mim.
(Goretti Mello)
Da vida não se leva nada,a nossa bagagem é leve quanto o vento, então comece a freiar sua ganância,antes do vou!
Peço que me leve em ti a cada vento que soprar
uma saudade sem fim.
Que não me esqueças em qualquer ausência
alheia ao tanto que te amo.
Peço que me ponha no colo do teu coração,
afagando-me a vida com o teu amor sem jamais
acreditar que eu posso ser Eu, Sem ti...
O tempo passa eu não me perco no tempo.
Eu faço a minha, eu corro contra o vento de poder expressar esse sentimento.
Não vejo a Deus, mas o encontro nas formas e cores...O encontro no ar, no vento, no espetáculo do universo. Não tenho o merecimento de vê-lo, mas tenho a segurança de senti-lo. Ele é o epígrafe da minha alma. O carrego no âmago do meu ser.
Raiz
Uma semente feia, pútrida, corroída, perdida, era levada pelo vento.
Quis o destino que ela caísse em um belo jardim, que assim era porque nele crescia
e reinava vigorosamente a mais linda de todas as flores.
E a sorte sorriu para aquela semente, quando a mais bela de todas as flores,
não se sabe por qual razão —compaixão, talvez — vendo-a fria, fétida e moribunda,
a cobrisse com suas pétalas, grudando-a no seu caule, envolvendo-a
carinhosamente em suas verdes folhas e seus ramos.
Por dezenas de anos a flor dedicou-se àquela semente, dividiu com ela a sua seiva,
protegendo-a, tentando restaurá-la e devolver-lhe a vida.
A mais bela de todas as flores entregou-de de tal forma àquela semente
que esqueceu-se completamente de si. Doou-lhe seu perfume, seu calor,
sua beleza, sua alegria, sua juventude. Mas a semente, conquanto anos a fio
se mostrasse flor sadia por fora, escondia suas raízes sob a terra.
Não sabia o que era gratidão e não soube retribuir tanta dedicação.
Jogada semimorta e por engano do vento naquele jardim, incapaz de aceitar ajuda,
permaneceu podre por dezenas de anos, contaminando
a mais bela flor e todas as outras flores ao seu redor.