Velhos Bonitos
Agora, devagar, consigo entender os mais velhos. Chamam-nos de chatos, de intrometidos, de...velhos. De tanta experiência e assistir a iniquidade dos de que lhes estão perto, ficam a repetir o que poderia ser mais correto, mas é infundado, pessoas não ouvem pessoas se seus interesses falarem mais alto. Muito menos de velhos, pois para a juventude velhos são pessoas que não pensam mais. Iniquidades são iniquidades em qualquer idade. Isso não mudou desde que o mundo é mundo e nem vai mudar, mas que é uma pena os mais jovens desperdiçarem - dentro do seu egoísmo - algumas lições de vida importantes. Não que se deva seguir a trajetória do outro e sim, ao saber, tomar cuidado com os perigos da jornada.
O que me assusta não são os progressistas que estão a cada dia mais velhos; são os conservadores que são cada vez mais jovens...
Vestiu-se de branco e tinha em mente milhares de promessas, reflexões e planos. Como de habitual esperava esse dia para analisar tudo o que acontecera até então, estava apenas aguardando o relógio apontar a meia noite e sem perceber transferia toda essa responsabilidade de mudanças para o novo ano que se aproximava, quero dizer, de que adianta vestir-se de ano novo carregando os velhos hábitos, entende?
Aos mais velhos, respeito. Aos jovens, conscientização. Mas, às crianças, cuidado, respeito, conscientização e tudo que faça de um ser qualquer um inquestionável cidadão.
Eu sempre preferi a companhia das pessoas mais velhas, desde pequena...
Quando criança, muitas vezes deixava de brincar pra ficar no meio dos adultos, escutando os casos, histórias engraçadas (ou não), entre outros papos que aguçavam a minha curiosidade e também minha ânsia em tornar-me adulta.
O mundo adulto, para mim, era encantador... Eu admirava os mais velhos, me divertia e aprendia com eles.
Meus pais e tios costumavam se reunir aos finais de semana para jogar buraco. Não tinha diversão melhor para mim! Ficava sentadinha na mesa só observando (e aprendendo) o jogo. Algumas vezes dava palpites e amava quando chegava o meu momento de jogar (já um pouco mais crescida, claro). Na maioria das vezes, como eles varavam noites jogando, eu pegava no sono debruçada na mesa e geralmente acordava com os arranca-rabos dos parceiros discutindo as jogadas. Até disso eu gostava! Só ia pra cama quando o cansaço realmente me vencia, depois de uma longa briga com o sono.
Na época eu não sabia, mas na verdade o que eu gostava mesmo era da sabedoria dos mais velhos. E sou assim até hoje! Não é porque já sou adulta que eu ainda não tenha o que aprender e admirar...
Não que eu não goste de pessoas da minha idade ou mais jovens. Na verdade, tem jovens que possuem mais maturidade e conteúdo do que muitos adultos. No entanto eu tenho muita facilidade em me relacionar com os mais velhos, justamente porque cresci assim, fugindo das relações rasas e pessoas fúteis.
Sempre fui uma boa ouvinte e, nesse mundo cheio de faladores e "donos da verdade", as pessoas andam necessitando disso, querendo alguém que simplesmente as escutem, atenta e carinhosamente.
O Facebook se tornou um divã, onde as pessoas se derramam publicamente, por conta dessa falta de aproximação e vínculos. É louco, mas a rede social resgata e aproxima, mas também afasta e afrouxa relações.
Eu, como uma boa libriana (e nostálgica) que sou, sinto falta das amizades e relações da moda antiga. E daí bate aquela vontade de voltar no tempo e ser criança novamente, ser a criança que fui, que achava o máximo os adultos com banquinhos nas calçadas, papeando depois de um dia exaustivo.
É impressionante que, com toda a tecnologia de hoje, inúmeras formas de comunicação, as pessoas estão cada vez mais solitárias... Pior ainda, quando finalmente se encontram, ficam sem assunto, ou desconfiadas de se abrirem francamente umas com as outras (???), ou impacientes e intolerantes em ouvir opiniões e experiências divergentes...
Estamos nos acostumando com telas e esquecendo dos rostos. Aprendemos a nos expressar com emojis e nos desacostumamos a identificar as reações dos semblantes.
Não temos mais tempo de qualidade uns para os outros, e graças a isso, as clínicas terapêuticas estão cada vez mais lotadas.
E o telefone? Virou um meio de comunicação arcaico, enfeite na estante. Quando toca, (como aconteceu agora enquanto escrevia), geralmente é engano ou propaganda de produtos que certamente não nos interessa.
Que azar, ter me tornado adulta nessa época em que os adultos "não sabem" mais como se relacionar sem um smartphone ou computador...
Dinheiro não compra alegria, amor, sentimentos, mas afasta solidão, mesmo com declarações falsas. Uma troca. Esse é o mundo hoje!
Sapatos velhos, que transportaram o meu corpo
por longo tempo nesta cidade
E por calçar sapatos novos
não mudou a minha idade.
Pelo contrário valorizou a minha sina
mostrando minha lealdade
Carregando no peito a verdade
diante de uma sociedade que não sabe.
Indepentende dos sapatos...
não alteraram o meu caminho
pois o caminho traçado
é aquele que permanece
unido há uma identidade forte e persistente
que não se vende.
É chegado o momento de findar velhos sentimentos, arrancar as ervas daninhas do meu jardim, secar as minhas feridas e regar o melhor que há em mim. É tempo de renovação, de limpar o
terreno, cuidar do solo e fazer novas plantações. O passado não pode mais me paralisar, me amargurar e me impedir de florescer.
O mais espantoso nos velhos é a sua falta de pressa, como se eles dispusessem de todo o tempo que teriam os moços se não tivessem tanta pressa.
Oremos para que a nova geração de lideres da igreja não siga o exemplo dos religiosos fariseus, cegos aos sinais dos tempos, que rejeitaram e crucificaram Aquele que veio para salvá-los, por amarem fanaticamente as velhas tradições. Eles não quiseram experimentar o vinho novo porque estavam viciados no vinho velho. Coaram o mosquito e engoliram o camelo!
A Árvore Invisível
No meio da floresta, onde o verde se espalha em incontáveis tons de vida, há uma árvore morta. Seu tronco retorcido e seco ergue-se como um esqueleto, desprovido de folhas, de seiva, de movimento. Os pássaros não pousam em seus galhos; os insetos não a rodeiam; até o vento parece desviar-se dela, como se sua presença fosse um incômodo.
Ela já foi grande, já sustentou ninhos, já balançou sob o peso de frutos. Agora, é apenas um vulto silencioso, uma sombra esquecida no meio do esplendor alheio. Os olhos dos passantes deslizam sobre ela, sem fixar-se, sem reconhecer sua existência. Afinal, quem se importa com o que já não floresce?
Assim também é a velhice humana. Há um momento em que as folhas caem — a vitalidade, o vigor, a utilidade aparente — e, de repente, o mundo parece desviar o olhar. O idoso, outrora centro de histórias e sustento, torna-se uma figura quieta nos cantos da casa, nos bancos das praças, nos quartos de asilos. Suas rugas são como as rachaduras no tronco da árvore seca: marcas de tempestades sobrevividas, de anos que não foram gentis, mas que ninguém mais se dá ao trabalho de ler.
A floresta segue verde, impiedosamente bela. A vida dos outros segue, impiedosamente alegre. E a árvore morta permanece, invisível, até o dia em que o vento mais forte a derrubar, e então, talvez, alguém note sua ausência — mas não sua existência.
Assim como tantos velhos, que só são lembrados quando já se foram.
Rever amigos e relembrar velhos tempos é ter a certeza de que, ainda que a distância se faça presente, o sentimento, por sumido que esteja, nunca morre!
Já não somos tão jovens pra enlouquecer
Nem tão velhos pra ver nosso sonho morrer
Vai saber, vai saber
Não consegui te esquecer
Ver de uma perspectiva irrisória, sempre será aclamada;mais pra enxergar um palmo na sua frente deve-se tirar a venda...