Velho
Não há nada de novo no confronto entre o velho e o novo; exceto o bastão renovado que seguirá com a nova geração.
No acumular das idades, o que mais se quer é sossego, alegria e tranquilidade. Se soubesse disso antes, queria ter sido velho mais cedo.
Bem antes, quem mandava em mim eram meus pais.
Depois, achei que quem mandava era Deus.
Mais adiante, meu chefe.
Depois, minha esposa.
Agora, que estou velho,
descobri que quem manda é o Tempo.
Reproduza, restaure e traga de volta a realeza do antigo e simples, tudo que é bom pode voltar .
-Igo Couto
A velhice é uma estação da vida,
De rugas, sabedoria e experiência,
O tempo passa, a jornada é cumprida,
E o sábio coração enche-se de paciência.
Os cabelos brancos contam histórias,
De amor, de perdas, de batalhas vencidas,
As marcas da vida são como glórias,
E a sabedoria é a grande recompensa da vida.
Os passos podem ser mais lentos agora,
Mas a mente segue ágil e viva,
As lembranças são como tesouros,
E a vida é vista de uma perspectiva mais ampla.
A velhice é um tempo para refletir,
Sobre as escolhas feitas ao longo da jornada,
E cada ruga pode nos fazer sorrir,
Pois são marcas de uma vida bem vivida.
Que possamos respeitar e honrar,
Aqueles que já passaram por essa estrada,
E que possamos aprender a amar,
Toda a beleza e a sabedoria da velhice consagrada.
Arrisque-se. Uma vida sem riscos é uma prisão sem liberdade. Para viver uma vida plena é necessário libertar o velho homem que existe em nós e deixar nossa jovem alma livre para as oportunidades que o mundo oferece.
O VELHO E O TEMPO
O vento do tempo soprou à distância,
todos os sonhos de minha infância
e os ideais de minha mocidade,
trazendo o vendaval da realidade.
Minhas pernas estão lentas, ao andar,
e já não conseguem acompanhar
a rapidez que o tempo passa,
feito um caçador que me fez caça.
Assim têm sido cada um dos meus dias:
adormeço quando a escuridão se inicia
e acordo tendo o sol por companhia.
Porém, sei que, tão logo vai acontecer,
eu adormecerei com a lua, ao anoitecer,
e o sol acordará sozinho, quando amanhecer.
(Livro “Arcos e Frestas”, página 14)
Impossível esquecer este futuro que vem dum passado incerto. Futuro que teima em perseguir e consumir o meu presente, fazendo novo tudo aquilo que é velho, e que faz material o que surge apenas em meus sonhos.
Adoro sonhar os meus sonhos, até porque alguns se realizam no momento certo. Pois acontecem no presente, este sendo abraçado pelo futuro que insiste em passar o meu tempo, tudo para me presentear.
Eu tenho muito medo de ficar velho. Não idoso. Idoso eu sou.
O ego adâmico, intrínseco no homem,
anseia por justificar seus erros,
e não por um quebrantamento
que o conduza ao arrependimento.
Cidade de Goyas (Goiás Velho)
Hoje, eu fui o menino de cabelos brancos,
que andou na ponte da menina feia (Aninha)
poetando suas lembranças em cânticos
do rio vermelho e das serras que recitam poesia em ladainha
E lá em sua janela a figura dela, Coralina, de versos românticos
tão meigo, tão terno, tão teu... que alegria
poder caminhar nos teus passos semânticos
das ruas indecisas, entrando e saindo em romaria
em trovas dos teus larguinhos e becos tristes
ouvindo os cochichos das casas encostadinhas
fui cada trepadeira sem classe, que vistes
cada morro enflorados, lascados, grotinhas
fui cada muro da ruinha pobre e suja, momentos tão teus...
Eu,
só quero te servir de versos, meus...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
A Cora Coralina (paráfrase)
Após minha primeira visita a sua cidade
09/06/2015, 19’13”
Cidade de Goyas
Quando ficarmos velhos
Há que dor na alma, há que dor...
Diante do velho, diante do ancião, eu o mais novo, ele o mais velho; há que dor...
Diante daquela figura enrugada, sua pele murcha, seus olhos fundos e seus cabelos brancos; há que dor...ha que saudade...
A idade, o tempo, a ingratidão, o relógio e seus ponteiros que não param, giram sem titubear, a milésimos, a segundos, a minutos e horas... É o velho tempo insano, incorruptível, sem pena, nem dó, ha nos espiar a passar e nos engana como quem nos remeda a dizer `` Faz alguma coisa, aproveita, você vai desaparecer em breve´´ E nós, iludidos sorrindo como quem diz ``Há, velho tempo a quem quereis enganar é tú que estais a passar´´ E o tempo a rolar sorridente e corrente sempre novinho enquanto o bobo iludido age feito inocente e só se dá por gente quando no espelho se depara e vê que seu tempo já se foi não há mais tempo pra nada.
E segue há rolar o tempo, como se não estivesse nem ai, pra mim, pra você, pra todos. Põe-se a passar sem se quer notar que eu hoje novinho e amanhã igual a um maracujá, de canto, de lado, esquecido desiludido a chorar, por lembrar que desperdicei beleza e vigor nem imaginava em aproveitar.
Nilton Mendonça
Velhice não significa inatividade, ela é a soma de um aprendizado que se deve ser compartilhado dia-após-dia!