Velho
Sossego amigo
A paz de meu velho pai, trago comigo.
Sossegado em seus fortes braços,
sinto-me seguro entre laços
de alegria em seus traços.
Paz de exemplo amigo.
Honesto e amorável cidadão.
Zelador de minha paixão,
amador de minha mãe
e de meus irmãos.
Amo suas cãs!
Às vezes ao sentir-me atribulado
de soslaio vejo ao meu lado
o seu sorriso imaculado.
Querido pai amado.
Saudade de seu olhar amigo,
sua voz, seu cheiro antigo,
sempre a zoar comigo.
Fazia da vida, plena alegria,
flor de açucena, fantasia
a disfarçar o plano
do desengano.
Quantos anos, quantos anos,
desfazendo velhos sonhos.
Ah… Cuide bem de mamãe. Diga a ela, minha vida, que a amo, que a amo, mas que os anos não a trazem mais...
Oh! Que saudades que tenho… Como diria o velho poeta das tardes fagueiras, debaixo dos laranjais.
jbcampos
Já velho, vejo branco nos cabelos
As rugas em meu rosto
Há um peso da velhice, um desgosto
Meus lábios murmuram, uma oração
Um gemido de apelo
Não me rejeites SENHOR no tempo da velhice,
Não me desampares quando for acabando minha força...
Letras Em Versos de Edna
ELIDIR
Eliminamos... Eu sei,
o quanto tempo eliminamos
o barulho da goteira
o velho canto do galo
o sino d'aquela torre
o reio e seus estalos.
Eliminamos, sim...
O ranger da velha porteira
o trupe d'aquela boiada
o pingar d'água na goteira
a paixão apaixonada
a farofa na algibeira.
Eliminamos, eliminamos...
Flores nas margens da estradas
vidas que cruzam caminhos
saudades do primeiro olhar
o chilrear das passaradas
enigma dos pergaminhos.
Eliminamos, sim, sim!
Os dízimos dados aos gostos
os gostos do mês de agosto
o tutano do velho osso
o endosso do insosso.
Eliminamos os risos...
os dois mais dois igual cinco
... Espalhados pelas ruas
a lua de tudo aquilo
que não precisa da lua
Eliminamos todos os erros...
O bater de assa e voar,
do que sinto ou não sinto
o desvio de entidade
a ganância de tudo isso...
P'ra não desviar aquilo.
Antonio Montes
"O corpo discente terá um grande papel nesse processo, porque está mais liberto do que é velho no ensino universitário"
O menino caminha em direção ao castelo de sonhos. Lá, o Velho e Bom Senhor o Aguarda. Visitam aposentos, revivem memórias, abraçam amigos que foram morar do outro lado da montanha. A distância enfim, findou-se. Não há mais lágrimas, saudades. Apenas a certeza de que agora os entardeceres serão meras nuvens coloridas. Porque os dias não mais terão fim. (Do outro lado da Montanha - Victor Bhering Drummond)
QUEM DEIXOU MEUS PAIS ENVELHECEREM?
Meus pais não são velhos. Quer dizer, velho é um conceito relativo. Aos olhos da minha avó são muito moços. Aos olhos dos amigos deles, são normais. Aos olhos das minhas sobrinhas, são muito velhos. Aos meus olhos, estão envelhecendo. Não sei se lentamente, se rápido demais ou se no tempo certo. Mas sempre me causando alguma estranheza.
Lembro-me de quando minha mãe completou 60 anos. Aquele número me assustou. Os 59 não pareciam muito, mas os 60 pareciam um rolo compressor que se aproximava. Daqui uns anos ela fará seus 70 e eu espero não tomar um susto tão grande dessa vez. Afinal, são apenas números.
Parece-me que a maior dificuldade é aprendermos a conciliar nosso espírito de filho adulto com o progressivo envelhecimento deles. Estávamos habituados à falsa ideia que reina no peito de toda criança de que eles eram invencíveis. As gripes deles não eram nada, as dores deles não eram nada. As nossas é que eram graves, importantes e urgentes. E de repente o quadro se inverte.
Começamos a nos preocupar- frequentemente de forma exagerada- com tudo o que diz respeito a eles. A simples tosse deles já nos parece um estranho sintoma de uma doença grave e não uma mera reação à poeira. Alguns passos mais lentos dados por eles já não nos parecem calma, mas sim uma incômoda limitação física. Uma conta não paga no dia do vencimento nos parece fruto de esquecimento e desorganização e não um simples atraso como tantos dos nossos.
Num dado momento já não sabemos se são eles que estão de fato vivendo as sequelas da velhice que se aproxima ou se somos nós que estamos excessivamente tensos, por começarmos a sentir o indescritível medo da hipótese de perdê-los- mesmo que isso ainda possa levar 30 anos.
Frequentemente nos irritamos com nossos pais, como se eles não estivessem tendo o comportamento adequado ou como se não se esforçassem o bastante para manterem-se jovens, vigorosos e ativos, como gostaríamos que eles fossem eternamente. De vez em quando esbravejamos e damos broncas neles como se estivéssemos dentro de um espelho invertido da nossa infância.
Na verdade, imagino eu, nossa fúria não é contra eles. É contra o tempo. O mesmo tempo que cura, ensina e resolve é o tempo que avança como ameaça implacável. A nossa vontade é gritar “Chega, tempo! Já basta! 60 já está bom! 65 no máximo! 70, não mais do que isso! Não avance, não avance mais!”. E, erroneamente, canalizamos nos nossos pais esse inconformismo.
O fato é que às vezes a lentidão, o esquecimento e as limitações são, de fato, frutos da idade. Outras vezes são apenas frutos da rotina, tão naturais quanto os nossos equívocos. Seja qual for a circunstância, eles nunca merecem ter que lidar com a nossa angústia. Eles já lidaram com os nossos medos todos- de monstros, de palhaços, de abelhas, de escuro, de provas de matemática- ao longo da vida. Eles nos treinaram, nos fortaleceram, nos tornaram adultos. E não é justo que logo agora eles tenham que lidar com as nossas frustrações. Eles merecem que sejamos mais generosos agora.
Mais paciência e menos irritação. Menos preocupação e mais apoio. Mais companheirismo e menos acusações. Menos neurose e mais realismo. Mais afeto e menos cobranças. Eles só estão envelhecendo. E sabe do que mais? Nós também. E é melhor fazermos isso juntos, da melhor forma.
As vezes é preciso abandonar o "velho".
O "antigo"...O passado endurecido, amargo e esquizofrênico, para retomar posse da sua pacífica essência.
O "doce" que estava ali te aguardando renascer na paz.
No tempo da renovação.
O VELHO POETA
Depois que me deste o entendimento, mudo,
Sem se quer mover a tua boca
P’ra escrever o febril poema, da musa-louca,
Oh, Poeta, tanto me fez sonhar de tudo!
Ansiedade absoluta! De sol e de luar, contudo,
Estranha no meu peito, essa voz rouca
Que gritas ao mundo: rosa-viva, alma-mouca;
Ruiu ao nada, — amor sem conteúdo!
E cantas, o desejo da paixão tristonha
Aos meus ouvidos, sem quer um carinho solto
De fragrância, me deixando a ermo...
E no silencioso mito que por vozes sonha
Vagueando à noite, reprimido e morto;
À poesia, já rústicas as velhas mãos eu tremo.
A empregada doméstica carregava o bolo de aniversário do filho mais velho da patroa. Em um momento de desequilíbrio, no tropeço do descuido, leva um tombo e o bolo se espatifa no chão. Com as sapatilhas sujas de glacê, compra uma passagem para Córrego do Bom Jesus.
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Lhe ocorre um momento privilegiado de um descortinamento interior como se o céu se abrisse e a uma iluminação elevadora da consciência onde você se afasta de uma vida mecanizada como de quem é responsável por fazer todo o serviço da casa, abrir as toalhas de banho para secar, levar o lixo para fora, desinfetar o banheiro e outras coisinhas domésticas para, assim, irromper numa luminância de clara batida. Ao imaginar o rosto do menino de aniversário que não haverá bolo, ela sente que toda a fragmentariedade do sujeito e a problemática existencial é dissolvida. Toda tensão psicológica dos intervalos dissonantes e do sabor de xarope que a palavra próclise causa na boca dissipa.
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Pós dispifania, a vida do personagem nunca mais será a mesma. Ela não terá um final feliz. Não terá um processo completo. Um incômodo desejo de ser vividamente uma presença que não estará lá. E de não voltar para casa.
Meu amor...
Ontem pude te ver
você ainda mais velho
com os cabelos da cor do algodão!
Seu rosto pálido de cansaço
do trabalho árduo
Como queria sentar ao teu lado e te abraçar, mas a vida nos colocou em sentido diferente
Este coração, que te ama e não te esquece
sei que você tem uma vida diferente
que mundo te ensinou tristezas
Eu queria poder não ter deixado você partir, mas ela te dominou ate que num laço te prendeu pra si.
Eu apenas observo sua tristeza sei que não era o que sonhou pra você e pra mim.
Queria poder gritar toda dor que tivemos e voltar cada passo ate que pudesse te ter de novo aos meus braços.
E não te deixar partir com ela.
E poder viver com você o nosso amor...
Shirlei Miriam de Souza
"Um velho sábio costumava dizer: sorrir é um tempero para a vida, quando você sorri, você está realmente temperando sua vida, então experimente sua vida usando o melhor tempero que você tem".
Wagne Calixto ✍️📖