Velhice
...da inocência da infância até à velhice extrema, continuará exatamente assim, só atribuindo interesse e grandeza àquilo que está a serviço da sua pessoa e da sua importância.
Conheça seu cônjuge no divórcio, seus irmãos no inventário, seus filhos na velhice, seus amigos na dificuldade.
Ao deparar-se no espelho com as rugas vincando-lhe o rosto, não é apenas a velhice dizendo que está para chegar.
Algo sublime, belo e paradoxalmente novo diz-lhe que é hora de mudar, crescer e amadurecer.
O tempo é nosso maior aliado no acúmulo de experiências.
A vivência provém dos nossos acertos e, principalmente, dos nossos erros do passado.
A experiência aliada aos erros do passado, servirá para orientá-la no caminho da sabedoria, que enfoca a velhice como a oportunidade de aprimoramento e purificação espiritual!
Somente quem cuida de seus pais na velhice é que saberá os erros que cometeu com seus filhos quando crianças.
E o desejo é muito cruel. A beleza é cruel. A juventude e a velhice são cruéis. O amor é crudelíssimo. Aquilo que não se escolhe - condição humana. Há muita crueldade pela vida afora. Mas não há situação mais cruel do que se encontrar consigo mesmo. Com sua história. Com seu passado e futuro. De ser colocado na frente do espelho e confrontar-se.
Agora que a velhice começa, preciso aprender com o vinho a melhorar envelhecendo e, sobretudo, a escapar do terrível perigo de, envelhecendo virar vinagre.
Para mim, a velhice é sempre 15 anos mais velha do que eu sou.
Meu filho, cuide de seu pai na velhice e não o abandone enquanto ele viver. Mesmo que ele fique caduco, seja compreensivo e não o despreze enquanto você está em pleno vigor, pois a caridade feita ao pai não será esquecida e valerá como reparação pelos pecados que você tiver cometido. (Eclo.3,12-14)
Na hora, pensei que um dos encantos da velhice são as provocações que as amigas jovens se permitem, achando que a gente está fora do jogo.
A velhice nos trás direitos maravilhosos. Enquanto a juventude é cheia de obrigações. A velhice é o tempo em que vivemos a doce inutilidade. Porque mais cedo ou mais tarde iremos experimentar esse território desconcertante da inutilidade. Esse é o movimento natural da vida.
Perder a juventude é você perder a sua utilidade, é uma conseqüência natural da idade que chega. A velhice é o tempo em que passa-se a utilidade e aí ficasse somente o significado da pessoa. É o momento que a gente se purifica.
É o momento que a gente vai tendo a oportunidade de saber quem nos ama de verdade. Porque só nos ama pra ficar até o fim aquele que, depois da nossa utilidade, descobriu o nosso significado.
É por isso que sempre rezo para envelhecer ao lado de quem me ama. Para poder ter a tranqüilidade de não ser útil, mas ao mesmo tempo não perder o valor. Se você quiser saber se alguém te ama de verdade, é só identificar se ele seria capaz de tolerar a sua inutilidade. Quer saber se você ama alguém?
Pergunte a si mesmo, quem nesta vida que pode ficar inútil pra você sem que você sinta o desejo de jogá-lo fora. E é assim que nós descobrimos o significado do amor... Só o amor nos dá condições de cuidar do outro até o fim!
Feliz daquele que tem ao fim da vida, a graça de ser olhado nos olhos, e ouvir a fala que diz: - Você não serve pra nada, mas eu não sei viver sem você!”
Conservar a esperança equivale a não envelhecer.A velhice é mais do que cabelos brancos e rugas.É sentimento de que é tarde demais, é o sentimento de que o palco já pertence a outra geração.A verdadeira doença da velhice não é o enfraquecimento do corpo: é a apatia da alma.
A velhice ridícula é, porventura, a mais triste e derradeira surpresa da natureza humana.