Velha
Nunca abandone o seu velho pai ou sua velha mãe...
Graças a eles você tem uma vida. Ame. Cuide. Esteja sempre junto. Um coração idoso continua lhe amando, mas precisa de muito mais amor. Pois o amor equivale à vida!
Antes de cerrar os olhos lembro a inquietude que acalma a alma: buscar a velha casa sem nem saber onde ela está.
Um dia eu serei velha pra muitas coisas, disso eu não posso esquecer, tenho que fazer acontecer agora, pra já.
A velha casa Já passava das quatro horas da tarde, o sol ainda invadia as janelas. Na varanda a mesma rede bordada a mão balançava com o vento. Sem pressa. Não houve lágrimas. Já não havia. Apenas o peso da dor transparecendo nas olheiras.
As horas findavam. Não havia cor na noite. Existia apenas as lembranças e o indescritível sentimento de solidão. Tudo era doce e bonito. Agora era frio e vazio. Anda sem alívio pelas ruas onde cresceu. Desejou ser um terrível pesadelo, mas não era. Era simplesmente, o peso de suas escolhas. Era uma vontade intensa de se fazer feliz e nunca ser sozinho, sem ver as consequências. Sem ver as perdas.
Esperou o dia raiar e voltou para a velha casa. As velhas lembranças, a velha rede. Fechou os olhos antes de abrir a porta e desejou encontrar um sorriso ao chegar, um abraço apertado, brinquedos pelo chão, doces na geladeira enferrujada... Mas não. Tudo que viu foi o porta retrato quebrado na parede, as cartas amareladas na gaveta, as manchas da traição nos lençois e um gosto amargo de suas mentiras. E agora, também haviam as lágrimas do tempo.
Velha lua de todos os poetas, sina tua, não ser tão correta. Pois nos induz sempre ao verso, sem deixar opção alguma.
ONDE ESTÁ O CULPADO?
Sentada em minha velha poltrona ao som de sonhos vis, embriagada por um perfume barato, imagino a vida correndo lá fora, e discorro do que tento imaginar sobre o que seja... Não vejo o oxigênio, mas imagino o que ele consegue ser, através do que faz, enchendo os meus pulmões de vida, enquanto os poluo com a fumaça acinzentada que me persegue em momentos de solidão, tão parecido ao que imagino ver, pessoas franzinas andando por entre cubículos estreitos de uma viela que as levará para algum lugar, e se não levar, deitam-se por entre seus cacos e cantam alguma música cafona enquanto observam o céu, esperando ansiosamente pela noite...
Às vezes, também passo o dia esperando pela noite, somente para ver no céu, a brilhantina cabal de estrelas com olhos curiosos, enquanto imagino-me olhando-as, são as taizinhas que lá estão sempre no mesmo lugar e horário a observar o mundo sob os seus pés.
As estrelas curiosas olham estupefatas as ignorâncias mórbidas a saltarem em timbres reluzentes das valetas humanas... O ódio fede a roupa mofada no obsoleto gesto inútil do falso abraço por conveniência. Conveniência política, comercial nos passos da globalização... Uma palavra bonita, mas que possui o significado tão mesquinho ao cobrir a beleza natural daquilo que o homem não criou e sempre esteve lá, para ser apreciado, ou destruído pela fumaça imunda de meu cigarro, ou gases soltos no ar das infernais máquinas industriais de um submundo qualquer de se ganhar dinheiro.
Ah... Não tenho culpa por morrer entregue ao desleixo... Sou franzina, fraca e medíocre aos olhos do mundo... Não posso me levantar de minha velha poltrona e mudar nem mesmo o que existe dentro de mim... A ganância fétida de um dia atrás do outro... Os dias passam... Passarão a vida toda... Vou olhar para o lado para achar o culpado, ele deve estar em algum lugar... Dentro de mim, não iria se esconder, sou impotente, já pronunciei-me réu confesso com as mãos presas à corrente da cegueira, não posso mover sem perder o descanso que traz o cochilo após descarregar a lavagem de consciência... Já disse, o problema não está em mim. Já estou fazendo a minha parte tentando achar o culpado e entregá-lo à humanidade sedente de justiça com os seus dedos apontados como as armas no morro da roçinha tentando achar o culpado.
Quem quiser seguir, este rumo, pode seguir, fazendo-o com os olhos fechados, na busca do culpado das mazelas que soltam pus de um mundo pachorrento habitado tão somente por designados inocentes como a mim.
A esta altura, abraço-me às almofadas e tento me esconder para não verem em minha face sem vergonha as veredas da hipocrisia, até que meu desassossego enverga o som tímido que sai quase insignificante de minha voz... Digo – sim... Talvez eu possa ter tido alguma parcela de culpa em algum aspecto de minha vida, mesmo que mínima... Escondo-me novamente, olhando pela espreita da almofada o feixe de luz que causa fobia a minha visão turva.
Grite! Uma falta de paz inunda a arapuca armada dentro da consciência. Obedeço – Sim! Sou culpada, pronto! Pronto? Levanta daí... Faça o que pode fazer e não faz porque quer escrevinhar poesias... Escreva, vamos! Assine seu atestado de culpa, gritando em letras... Se não chegar aos becos e vielas fedidas, chegará a algum lugar que se há alfabetização... Olhos que aprenderam a ler e não crescerão ridicularizados por sua própria ação em ler o mundo entre as almofadas do meu sofá. Eles lerão, não somente o que eu queira escrever, mas saberão que nas entrelinhas existe alguém que se acovarda diante de sua oportunidade de ser melhor, diante de um mundo que poderia se tornar melhor, se ao menos eu, começasse por mim, a fazer a minha parte.
Escuridão
Pequena porta
por onde passa
uma velha encurvada e torta.
Pequena porta
do outro lado, a velha visita
sua neta morta.
Tenho medo de virar uma velha mal-amada com 47 gatos, sem filhos e sem um amor que me realize todos os dias e que me faça reviver.
Traços e rabíscos deslizam numa pauta velha e sinistra, tentando encontrar uma razão pela qual te amo"
Se tratando de aborto, o assunto não é subjetivo e não digo isso pela aquela velha história de “vida interrompida, é assassinato e ninguém pode contestar”, digo por envolver questões políticas, éticas, morais e principalmente teológicas.
Vila Velha
Oh minha bela Vila Velha
vila nova,terra bela.
Pôde ser nova ante bela
pois escolheu ser velha.
Desde os tempos da manivela
encantou caravela
És mais formosa dentre as vilas,
dentre as vilas que se vela.
A vida chata e o rancoroso coração, são saudades da velha infância. Que bate Cansado de um presente fálido.
Quando estamos apaixonados, tudo é lindo, belo e confortavel... até mesmo a velha cama de solteiro dele...
O jeito é voltar á velha rotina de ser um jovem poeta, escrevendo melancólicas frases pra ver se um dia essa felicidade que por um tempo me pegou, volte!
Mulher que não casa até os 40 é vista pela sociedade como velha, encalhada e mal amada, o homem que não casa até os 40 é resumido em duas palavras, “sem futuro”.
A noite desce, e, sentado na poltrona da minha velha cabana, o teclado do computador se transforma em uma extensão da minha mente, desvendando um universo contemporâneo de ideias. Ao lado, minha fiel máquina de escrever acolhe o peso das lembranças, onde cada tecla ecoa como um sussurro de histórias passadas. O presente pulsa com inovação, enquanto o passado se revela em tinta e papel. Entre esses mundos, a criação flui, unindo a urgência do agora à nostalgia de tempos idos, lembrando que toda narrativa é um diálogo entre eras. A vida é uma escrita em uma folha qualquer, destinada a um mundo ainda desconhecido.