Velha
Jamais podemos desprezar uma camisa velha porque não sabemos o dia que precisaremos dela para limpar chão!
Tenho medo de virar uma velha mal-amada com 47 gatos, sem filhos e sem um amor que me realize todos os dias e que me faça reviver.
Aquela velha estação!
A fantasia desvairada, segue rumo ao vagão!
O trem que antes partia, agora ja não vais mais!
E antes de pensar em fugir, com a boca seca, tremendo feito vara verde,
se perdia na imensidão atroz!
Nada podia fazer, sua pele alva, suando frio, esperando o trem partir.
Gritaria socorro, se possivel fosse, com a voz aguda, doce e calida.
Mais como gritar se palavras não haviam ali?
E mais uma vez, o trem da sua vida nao partiu.
Querida tristeza, algoz presente.
Ele pode voltar, querendo sonhar.
Se tudo pudesse ser, como parecia haver, iriamos juntos.
Caminhar entre as campinas, das antigas canções.
A vila avistar, observar os passaros, correr entre as matas, aquilo sim seria lindo neste triste final de domingo!
E quando pensares, nem tempo daria, que saudades me dá, aquele sertão!
Ainda assim, vagando na imensidão, dos pensamentos perdidos, haveria de encontrar-te, sorridente.
Ah quanta alegria!!
O que seria afinal, se essa nostalgia não existisse??
Ali parada, na antiga estação, entre trilhos e dormentes, com o sol a brilhar, a temperatura em maxima, lembrei-me de quando brincavamos aqui entre os vagoes abandonados!
Esperavamos, anciosos o trem passar, seu apito soar, suas rodas batendo nos ferros.
Tudo era suave, a brisa macia q havia, hoje ja nao se encontra mais!
E aquelas pipas? Coloridas, de lindos rabos, voce se lembra?
É o trem que vai, poderia tambem voltar, mais pra essa viagem que é a vida, existe mesmo bilhete só de IDA.
não cresci, não pareço mais velha, nem mais inteligente;
continuo acreditando que não existe sorte, existe Deus, e é ele a solução pra tudo.
meu cabelo continua tendo vida própria, meu sorriso ainda é inocente,
não tomei coragem para fazer dieta, nem para começar o curso de inglês.
não viajei o quanto queria, e ainda não encontrei um grande amor;
muito menos fiz tudo que eu dizia que ia fazer quando conseguisse passar para a faculdade; eu continuo usando irregularmente os óculos, tendo enxaquecas constantes e crises de mal humor.
parei de me importar com o que os outros pensam de mim, e me dedico as coisas que faço,
até as que eu não gosto muito, e aprendi a valorizar a minha família.
não esqueci dos velhos amigos, mas to falando das amizades verdadeiras;
as vezes, sou irônica, inevitavelmente;
e sempre falta tempo para fazer tudo que eu gostaria.
mas mesmo que mude o meu jeito de falar, de pensar e de vestir,
a essência será sempre a mesma (:
Casa velha;
Cheira poeira, mofo.
As árvores te dão as sombras;
As sombras te descansa no calor.
O sol ilumina sua imagem.
Casa velha tu és!
Nas noites és sombria;
Ninguém se aproxima;
O medo domina.
Casa velha;
Quem te quer, quem te deixou?
Continua no mesmo lugar;
Casa velha;
Que te renovas?
Paredes rachadas,
Telhado quebrado;
Quarto escuro;
Sala sem luz...
Mas ainda seduz.
Houve alguém,
A quem te planejou,
Nunca esquece...
Teu coração padece.
Mas ainda há forças,
Continua em pé.
Sobrevive o frio do inverno sozinha,
Mas casa velha...
Não de seu tempo...
Mas, de um passado.
Seus olhos molhados.
Sabe...
Há alguém do outro lado...
Que ainda te quer.
Passaram-se os dias...
A luz retornou.
A alegria bate a porta...
A porta se cai,
És tu que anseia,
Que adentre alguém...
E viva contente...
Em seu interior.
Paulo Sérgio Krajewski.
31 de Março de 1998.
Relato de uma menina velha
O espelho me pergunta quem é que se reflete nele,
e eu me perco nas palavras, como uma poetisa inexperiente.
Não! Em mim não pode haver sinais dessas pragas pestilentas,
dessas potestades invisiveis,dessas sanguessugas violentas,
destas pessoas terriveis...
Mãos tremulas acendem as velas de um castiçal antigo,
enferrujado pelo mesmo tempo que enrugou
as margens do olhar surrado que trago.
Suor forjado escorre minha face,
a molha de tal forma que até a maquiagem se aborrece.
Sangue inocente queima minhas mãos,
arde tanto que nem a morte faria cessar essa agonia.
Me debruço sobre a penteadeira,
e as flores artificiais que a enfeitam cobram de mim
a naturalidade que meu rubor deveria ter.
Suspendo a janela do quarto,
e um rouxinol me surpreende com seu belo canto.
Olhando-o fixo, me distraio.
E assim, sorrio disfarçadamente.
Mais um dia começa, o sol já jorrando felicidade, iluminando aquela velha macieira, onde que por tantas vezes passei tardes brincando, imaginando, ou lendo. Aquelas tardes banhadas de ânimo, de amor, de entusiasmo e de alegria. Eu me lembro, me lembro muito bem quanto tempo passei naquela macieira, sentada na relva macia, sentindo o cheiro das flores e deliciando-me com os cantos dos pássaros, também me lembro daqueles dias ruins, daqueles dias chatos, onde a tristeza invadia meu ser, quantas tardes passei naquele aconchego da sombra da minha árvore, parece até bobo dizer, mas aquele lugar tinha algo mágico, algo muito bom, algo que me tranquilizava e reconfortava meu coração. Nunca mostrei este lugar para ninguém, não é egoísmo, mas certas pessoas não conseguiriam compreender toda a complexidade desse lugar tão mágico, tão maravilhoso, tão encantado.
ninguem põe remendo de pano novo em veste velha;
porque o remendo tira parte da veste, e fica maior a rotura. Nem se põe vinho novo em odres velho;
do contrario, rompe-se os odres, derrama-se o vinho,
e os odres se perdem.
Mas põem-se vinho novo em odres novos, e ambos de conservam.
Hoje estou me sentindo numa nuvem negra levado para longe pelos ventos de uma velha conhecida tempestade.
Se tratando de aborto, o assunto não é subjetivo e não digo isso pela aquela velha história de “vida interrompida, é assassinato e ninguém pode contestar”, digo por envolver questões políticas, éticas, morais e principalmente teológicas.
Vila Velha
Oh minha bela Vila Velha
vila nova,terra bela.
Pôde ser nova ante bela
pois escolheu ser velha.
Desde os tempos da manivela
encantou caravela
És mais formosa dentre as vilas,
dentre as vilas que se vela.
A vida chata e o rancoroso coração, são saudades da velha infância. Que bate Cansado de um presente fálido.
Quando estamos apaixonados, tudo é lindo, belo e confortavel... até mesmo a velha cama de solteiro dele...
DE INSALUBRE A PLENO
Um filme insosso,
Minha vida dias atrás.
Fui velha, embora ainda moça,
Fiquei triste e incapaz.
A solidão costumeira
Deixou minha vida sem sal,
Tornou-me sua companheira,
E fez minha dor abissal.
O amor próprio bateu-me nos ombros,
Sacudiu-me e acordei para vida
Destruí recordações, limpei escombros,
Soergui-me e me sinto viva, embora sofrida!
A força da mente mudou-me
E fez bela minha vida.
Esse dom especial, e eu,
Ser carnal animado por ela,
Mereço outro filme, com um grande final.
Carta para Leandro Jacob Tesch, meu filho que morreu dia 11/09/2010.
Vila Velha, 11/09/2011.
Leandro
Hj faz um ano que vc se foi.
Infelizmente não tenho boas notícias...
A vida por aqui não está nada fácil pra mim. Ainda não consegui entender porque vc teve que ir... Já escutei de tudo, algumas pessoas tentam me confortar de várias maneiras, mas como consolar o inconsolável?
Desde a sua partida tive momentos de desespero e agonia. Já senti vontade de morrer, matar, sumir. . Menos de viver... Mas, como dizem: “A vida continua”.
João Victor quase todos os fds vem aqui em casa. Mato um pouco da saudade que sinto de vc através dele. Vejo que ele sente muito a sua falta, até te viu aqui um dia desses...
Vi Gabriela algumas vezes, ela não sabe “como” vc foi embora. Preferimos não contar como tudo aconteceu.
Conversei com Léozinho pelo telefone um dia desses, ele nem sabe que vc não está mais por aqui.
A sua primogênita, Lara, ainda não se convenceu que ainda é uma criança, essa é a que mais parece comigo e com vc.
Lorena voltou para o Brasil, ela lamenta tanto não poder ter te visto antes da sua partida...
Aline veio passar ao meu lado o dia de hj, sempre que pode vem aqui pra me ver...
Mateus ás vezes chora comigo, fala que quer o irmão dele de volta.
Sei que vc não esperava ter que ir tão cedo, assim como eu, não deve ter entendido porque DEUS permitiu que vc se fosse. Mas esse é um mistério que ele não revela a nós.
Não tenho muito a dizer das outras pessoas que vc deixou aqui, não sei o que se passa em seus corações. Algumas prefiro nem mencionar, pode acreditar, não vale a pena falar delas... Só iria te fazer sofrer...
Assim que DEUS permitir poderei vê-lo mais uma vez, uma única vez...
Queria muito que vc ficasse, em alguns momentos, desejei ir com vc. Mas ainda preciso ficar mais um pouco por aqui. Tenho que cuidar de algumas coisas. Ver a justiça de DEUS se cumprir. A propósito, a “pessoa” que fez com que vc partisse há um ano, está devidamente enjaulada, como um bicho que é... Isso trouxe um pouco de alento ao meu coração.
Perdão por não ter conseguido te proteger naquele dia. Te protegi a vida inteira,mas naquele dia eu falhei.
Sinto saudades de tudo, até das histórias duvidosas que vc contava, até te ouço gritar na janela chamando por mim!
Queria poder escrever sempre, mas ainda não sei como fazer com que minhas cartas cheguem até vc... Mesmo assim, uma vez ou outra, vou te mandar notícias daqui.
TE AMO MUITO, vc se foi tão inesperadamente, eu nem tive oportunidade de dizer...
Até Breve...
Mamãe.