Velha
"Tem mulher que já nasce velha.
Desde o berço tem um olhar cansado
De fastio, entojo, má vontade, preguiça de viver.
Olha sério a tudo, não sorri, prefere chorar
Quando madura anda com as roupas largadas
Cobrindo as banhas do corpo também largado
Os indefectíveis panos de limpeza no ombro
E um olhar que vaga pela casa procurando poeira
Algo para arrumar, limpar e praguejar.
Ah, sim, tem mulher que já nasce velha odiando
onde mora, o que faz e o que é
enquanto a mente sonha uma princesa esguia
a deslizar sua graça pelos salões do mundo
A princesa que poderia ter sido - poderia, mas...
Teve sonhos, mas não apeteceu ir atrás.
Teve desejos, mas não apeteceu saciá-los.
Teve impulsos, mas não apeteceu segui-los.
Hoje morre tão velha quanto nasceu:
Existiu mas não viveu, esteve aqui, mas não marcou
Para os outros talvez uma lembrança irônica, tipo desprezo, sabe?
De uma mulher meio qualquer coisa, semblante fechado
Com rugas e banhas e umas roupas largadas
E os panos no ombro,
Procurando pela casa um pó para tirar."
(Lori Damm, 24/01/2023)
A VELHA POESIA
Modificou o tempo meu, está distante
Mas a velha poesia teima na saudade
Guardou cada rima dante e o instante
Daquele tempo, de poética felicidade
E agora, a velha poesia, claudicante
Passada... poetisa tudo sem vaidade
O sentimento, nos versos, arquejante
De tanto que penou e tanta soledade
Acho a velha poesia, então, tão igual
Mesmo envelhecida todos estes anos
Não perde aquele suspiro n’alma, real
De sensação cheia, cheia de fantasia
Ela peleja, ela nubla, tem desenganos
Mas, glorifica o amor, a velha poesia!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
18 fevereiro, 2023, 18’46” – Araguari, MG
É isso que a raça humana não entendeu ainda.
Que no início depois de sermos o fruto, tornado árvore, florescermos e frutificarmos, temos o vigor e a vontade revolucionária.
Mas vem o sol e o vento, a chuva e a tempestade, caimos na terra, frágeis e sem reservas de vontade.
O esplendor da morte nos alivia com a tiragem do fardo. E aí o milagre!
Nos transformamos em nova mente.
Voltamos a nossa essência o inerente pó. Percebo tudo isto em minha mãe, pai, em todos os nossos ancestrais.
Nunca é o fim. Sempre foi novo recomeço. Entenda, que sempre foram novos ciclos.
Eu tenho essa mania de ficar mais velha, mas nunca mais sábia
As meias-noites se tornaram as minhas tardes
Você nunca será nova demais para construir seu legado...
E nem velha demais para ir atrás dos seus sonhos...
Ela não é somente minha irmã mais velha, é minha melhor amiga. E se tem uma coisa que ela sabe fazer muito bem é apenas estar lá.
Te fizeram acreditar que você é velho (a) demais para fazer as coisas. Mas quero te lembrar que cada dia que passa é tempo demais para você deixar de fazer!
Sem raiz
*Ju Assunção*
Nessa terra, vim parar
Na esperança de paz encontrar!
Não foi apenas para me aventurar
A intenção sempre foi me estruturar.
O tempo foi passando...
E logo fui me encontrando
Amigos verdadeiros, fui conquistando
Aqui passei por muita aflição
Foi um período de superação!
Meu tempo aqui acabou...
E a hora de partir chegou.
Foram muitas lições aprendidas
Não posso pensar na despedida
Aqui me reencontrei, sofri, sorri e lutei
Histórias que jamais esquecerei
Aqui foi o meu lar
Um dia pretendo voltar!
Mesmo que seja, apenas para visitar
E todos meus amigos reencontrar
Para minha terra voltarei
Mas Vila Velha jamais esquecerei.
A VELHA RUA
Passou o tempo, ligeiro, distante
e a lembrança ainda uma guria
guardou aonde brinquei bastante
aquela velha rua... terna poesia!
Então, encanecido e inquietante
saudoso quis revê-la. Tão vazia
suas calçadas. Estreito instante
velhos momentos, velha alegria
Achei, por ali, tudo tão desigual
outrora garrida, agora com danos
avelhada, cansada, quase casual
Casas idosas, calçamento mordaz
iguais a mim, se foram os anos
e a velha rua, por fim, contumaz!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
08 de maio, 2022, 16’34” – Araguari, MG
Cada ruga que surge é uma história contada, uma risada compartilhada, um momento vivido intensamente. A loucura que muitos temem é, para mim, uma liberdade. É a capacidade de abraçar a vida em toda a sua complexidade, de rir das idiossincrasias do cotidiano e de encontrar alegria nas pequenas coisas.
As lembranças, embora carregadas de nostalgia, não me pesam. Elas são como um manto que me envolve, aquecendo meu coração. Aprendi a valorizar o que realmente importa: as relações, o amor, a arte que pulsa ao meu redor. Com o passar dos anos, percebo que o essencial é invisível aos olhos, como diria o Pequeno Príncipe. São os laços que criei, as mãos que apertei, os abraços que troquei que fazem a vida valer a pena.
Estou ficando velha, sim, mas com isso vem também uma sabedoria que só o tempo pode oferecer. A cada dia, aprendo a soltar o que não me serve mais, a deixar ir o que me pesa. E, nesse processo, descubro a leveza de simplesmente ser. A vida é um mosaico de experiências, e eu me recuso a ver apenas as sombras.
Danço ao som das minhas memórias e dos sonhos que ainda tenho. Acredito na beleza do agora, no potencial de cada novo amanhecer. E assim, com um sorriso no rosto e o coração aberto, sigo em frente, porque a vida, mesmo com suas loucuras e desafios, é um presente que merece ser celebrado.
Estou ficando velha, estou ficando doida, mas sempre vejo o lado bom.
Fizemos um jardim rústico no quintal, com tijolinho, plantávamos ervas e temperos, havíamos plantados dois pés de espécies diferentes de manjericão no jardim, e os dois pés cresceram e viraram um arbusto e conforme o vento batia, o cheiro do manjericão e da arruda eram levados pelo corredor da casa velha até a sala e a cozinha, com o tempo o jardim foi aumentando e com eles novas espécies de plantas e ervas, e assim a casa velha ia se movimentando e se transformando.
Com o tempo a casa velha foi sendo movimentada somente pelas plantas e pelos animais, as crianças cresceram e cada um seguiu o seu caminho, a casa velha era uma casa vazia e silenciosa, mas a essência dos meninos estava em cada canto daquela casa, e eu podia a todo momento sentir.
Existem muitos lugares lindos e maravilhosos espalhados pelo mundo, mas nada melhor que a nossa casa, nada melhor as boas lembranças e as sensações e a saudade da casa velha.
Cada canto da casa velha tem uma lembrança dos meus filhos, a casa vivia agitada, com correria, risadas e choros das crianças.
"Velha...não! - Eu vivo o hoje de cada dia com muita lucidez.
Jovem...também não! - Juventude é preocupação com o futuro e eu já tô lá...Sou VIDA!"
☆Haredita Angel
Quanto mais o tempo passa,
mais eu busco tranquilidade.
Longe de burburinhos,
dramas, tramas e afetações...
Agora me basta uma boa taça de vinho,
uma boa companhia, conversas amenas sem teimas e nem razões...
Tudo que torne os meus momentos
mais preciosos, mais de verdade
mais bem vividos...
Tô velha?
Não!
Tô seletiva!
Haredita Angel
08.05.23
"Aplicativo pra ficar velha!
-Coisa mais sem graça.
Eu quero um pra ficar rica!"
Haredita Angel
17.07.19