Vazio
Estava em um deserto sombrio, vazio e ensolarado, sua gaita era o único aliado, não podia nem escrever, pois lápis e papel não havia, pensava, sonhava e tocava.. Assim alimentava-se, não de esperança, pois essa já não tinha, mas de lembranças que a ele seguia, cruel e dolorosa, sussurrando em seus ouvidos as palavras mais devastadoras: perdido em seu âmago, foi fraco e trivial, pois não ousou ser real.
Quando sua mão se entrelaçou a minha,
minha mente se libertou do vazio que aqui existia.
Se uniu a parte de mim que ainda faltava,
a tão procurada parte que nós completa,
naturalmente a união de almas achadas.
As vagas lembranças de desilusões se foram,
apagadas pela lembrança de um verdadeiro começo.
Como a reencarnação de seres traçados para estarem juntos,
até mesmo os carinhos foram perfeitamente encaixados,
sem explicações e conhecer, uma herança de vidas passadas.
Ainda vago pelas ruas, a procura daquele sorriso,
de tudo que uma noite proporcionou ao alimentar os sonhos
e desejos de um homem.
Em qualquer canto encontrarei outra vez seus braços,
me aconchegarei entre eles, sem nunca mais deixa-la partir,
concluindo meu dever aqui, nós unir novamente nessa nova vida....
Você foi embora e eu entrei em casa com aquele vazio do tamanho do buraco na camada de ozônio, sentindo minhas emoções frágeis novamente, um aperto descomunal de não saber quando irei te ver, se irei te ver. Você tá perto e parece que sou forte, parece que as coisas tem sentido, que a vida não é tão banal quanto parece, quando você tá aqui eu consigo até cogitar a idéia de que posso ser feliz. Mas você sempre vai, e quando isso acontece nos dias que se seguem tento lembrar de você pra não me ver decaindo na minha vida vazia, tento te enxergar nas pessoas pra não achar o mundo e quem vive nele tão sem graça, tento me convencer de alguma forma que um dia tudo que eu sinto vai se encaixar em tudo que você quer. Antes era tudo tão simples mas hoje o simples me sufoca, porque já não sei como nem onde guardar o que sinto por isso fujo, corro mas inevitavelmente te encontro, numa frase, num jeito de andar, numa cor, numa oração. Quando a gente gosta de alguém pouco a gente sabe e pouco importa saber, gostar mesmo é não entender, é não se caber, é não pertencer mais ao mundo de antes, é não se ter memória do que se foi. Mas entendo que o pouco que decifro do que sinto é que gosto de você pelo que você tem que eu nunca vou ter, gosto de pensar que toda minha solidão fica pequena quando se depara com toda sua vontade de viver, gosto de ver no seu sorriso a esperança de um mundo que já não me acolhe, gosto de me fazer feliz por você por medo de minha dor te assustar e te levar mais rápido que o destino. Mas deixa eu ficar aqui quieta por enquanto, deixa eu me procurar e me achar no tempo que você ainda não existia, não tinha forma, deixa eu pensar que você um dia vai embora pra me acostumar com a ausência da minha parte mais bonita que junto você irá levar.
Amar você, terá o mesmo sentido sempre... De sentir o nada, num grande vazio imenso de tudo... transbordando grandes sentimentos.
Deve ser parte do que chamam humildade, admitir o vazio que existe em nossa alma. Deve fazer parte do que chamam coragem, se permitir visitar e tocar este tal vazio. Me parece, ao mesmo tempo que aporética, verdadeira a percepção de que é imensa, vasta e repleta de coisas a vacuidade. Talvez seja o vazio apenas um tipo de matéria que nossos sentidos não apreendem, mas por um ou outro desajuste, às vezes escapa um pouco dele para nossos olhos ou ouvidos... Para não dizer, que percebêmo-lo através da alma.
Olhando para o vazio, observando os sonhos de longe, tateando a ausência... Abraçando a saudade! E quando você vem?
*** A estrategia da saudade é reforçar a dor do coração todas as vezes que o vazio aumenta...
A tática de tornar a saudade menos eficiente é correr para os braços de quem amamos!***
Existe uma certeza: No futuro, quando eu morrer, nas estrelas será possível ouvir o vazio que causei.
Entenderão que amar é apenas fugir da realidade morta que se cria.
A partir dela, não seria mais ela e nem ninguém... Deixaria uma parte, um nada, um vazio incurável... Um buraco, um abismo, precipício... Sem fundo, interminável, sem fim... Definitivo, sem volta... O fim...