Vamos Viver tudo que há pra Viver
"Vida é tudo o que acontece enquanto você faz planos, portanto viva intensamente e faça menos planos. Planos pertence a Deus, não a nós."
O horizonte é um lembrete: de que tudo desaparece e um dia perderemos nossa essência, mesmo que seja aos poucos, em silêncio, em lágrimas douradas dissolvidas na esperança de cinzas eternas.
Nem tudo me atinge, não sei mais o que pensar. Parece um mundo de ignorantes onde poucos conseguem entender e alguns se misturar. Faltam palavras, dizem que querem ser ouvidos, mas ninguém deseja ouvir.
Estar com a pessoa que nunca briga, que nunca sente ciúmes, que concorda com tudo é estranho, pode até existir, mas duvido muito que alguém seja perfeito à nível de ser idêntico em pensamentos e ambições. Continuo acreditando naquela velha história onde dois corpos não ocupam o mesmo espaço no mesmo momento. Existe uma diferença entre amar e gostar, concordar e respeitar, ser o que você deve ser ou aquilo que mais esperam de suas atitudes.
Ter alguém torna tudo mais simples para suportar, a vida, os problemas diários, as lágrimas. Mas se não for pra amar de verdade, nem se aproxime, se não for pra aguentar junto, que sofra sozinho. Pois essa é a minha lógica, relacionamentos não são feitos apenas para sorrir e momentos fofinhos, me enoja saber que lágrimas não são compartilhadas e reciprocidade perde-se em meio à falsidade. Se quer amar, que seja até nas dificuldades, porque caso contrário, se as pessoas desejassem ilusões, estariam num deserto admirando miragens.
Tudo é um elo, sua vida, seus amigos, os relacionamentos, a paz, seus objetivos, a solidão. Vemos um elo até na perda, um ciclo vicioso que insiste em ficar.
Antes de abandonar tudo e escolher um novo caminho, assegure-se de olhar para trás e ver se não existe alguém acenando. A saudade sabe muito bem em qual curva da vida te encontrar, as pessoas não.
Costumamos esquecer de tudo que nos tornamos e vulgarmente negligenciamos o quanto estamos mal, mas sequer percebemos que a vida deveria começar agora. Se cinco minutos são inúteis para mudar algo, considere incinerar cinco minutos aqui descritos com fumaça de nicotina sob seus pulmões. Existem duas coisas que não voltam na vida: o tempo e a sua saúde. Desperdiçar o que você possui de mais precioso é caminhar até o próprio funeral.
O engraçado é que tudo que eu queria, eu já tinha. Amor, inteligência, ódio, paz, arrogância, desprezo e outros sentimentos que ao longo dos anos, vieram munindo meu estoque. Mas não, as pessoas nunca sabem o que querem. Elas afirmam que na guerra não é possível lutar sem armas, embora subliminarmente, elas sentem medo de armar alguém. Ficam paralisadas com tantos sentimentos, são destrinchadas pelas próprias atitudes e no fim, poucas sabem o que é realmente amar.
E eu, eu parecia um eterno ingrato, que horror. E as pessoas, as pessoas pareciam contentes com tudo, quanta falsidade.
Não se preocupe tanto com as lágrimas, muito menos com o nada, tudo passa, até aquelas pessoas que disseram nunca partir. Depois de algum tempo, você aprende a inutilidade de se apegar por coisas que não possuíam valor algum. A tão sonhada regra: viver e se sentir vivo, aproveitar cada minuto. É, não é tão simples na prática, é preciso deduzir quem são as pessoas certas e desconfiar daquelas que se dizem amar nas primeiras semanas. Dificilmente amam, fazem iludir. E pior, tentam enterrar você num sarcófago a sete palmos da terra enquanto você ainda respira e chora. Pare de se iludir, pois não levamos nada desta vida, você apenas precisa saber que felicidade própria é o maior bem que pode possuir.
Quando você não possui nada, então você possui tudo para prosseguir sem o medo de perder algo. Ser forte é uma opção, nenhum sentido faz sentido. As pessoas largam nossas mãos enquanto ainda confiamos nelas, e vão se afastando. Não há sentido algum em ouvir que tudo ficará bem se sequer confiarmos em nós mesmos. É nesses rabiscos e nessas lembranças que vivemos, aliás, sobrevivemos. Mas quem disse que precisamos pintar sempre a mesma tela? O pôr do Sol que sirva de prova, refletindo no horizonte a imagem e semelhança do desconhecido. Não precisamos saber sobre as nuvens, apenas admirar sua beleza.
Errou? Tudo bem. As pessoas sempre odeiam umas as outras tirando conclusões precipitadas. As verdadeiras ficam e vasculham um pouquinho mais a beleza das coisas.
As pessoas erram, fazendo de tudo para que os sentimentos pesem do outro lado. Falham ao pensar que estão em vantagem, construindo paredes que despencam com uma porrada. Falham outra vez ao pensar que estão mentindo, sem conhecer a verdade completa. Falham miseravelmente ao ser escravas de ninguém, mas delas mesmas. As pessoas iludem e tão mal, a ponto de fazer de tudo, menos de lembrar o essencial: deixar de serem trouxas.
Esse é o meu mundo, me mostrando que existem sonhos longe daqui. E veja bem, tudo que eu passei foi um ontem, um passado, um dia que pode até não ter chego ao seu fim, mas que me abriu os olhos. Humanos indecisos. Seres sarcásticos que vão e voltam achando que somos os mesmos, procurando em quantos cacos ainda nos cortamos. Mas eu te digo, não somos. Queremos coisas melhores, dias melhores, amores melhores. Sofremos como um enjoo devido à orientação do juízo. E que juízo, pensamentos nostálgicos, solidão, noites sem dormir, pessoas que não se tocam sobre o quanto eram importantes em nossas vidas e que agora, não passam de um fundo de gaveta. Quero demolir as rejeições, anestesiar o tempo, ver com quantas mágoas se cria um caminho de decepção. É uma vontade de se jogar no vento e ver se esse vazio vai embora. Mas não é eu, é alguém, e acho bom saber voar. Era um ciúme, um pequeno egoísmo, um medo bobo de te perder que se transformou em indiferença. É árduo refazer pontes, é cansativo. Percebemos que não é amor quando isso não esquenta mais o peito, mas queima num sentimento de querer abandonar tudo. É uma dor, é uma fase chata, é uma vontade de sair do próprio corpo e encarnar algo sem vida. Não é drama, não é frescura, é realidade, é um pedido de esquecimento. Pessoas que escolhem umas as outras não merecem confiança, muito menos companhia. É querer nada mais, é sumir do mapa, é um adeus. As pessoas só nos procuram quando sabem onde nos encontrar.
Penso com certo receio que minhas palavras são incompletas. Vou fazendo de conta que tudo está em ordem - meu quarto, minha vida amorosa, meus pensamentos. Mas que engano, meu coração deve ter uns mil anos de idade, uma pedra, um imã que atrai com fascínio pessoas indecisas. Sinto como se estivesse de mãos atadas, tentando assistir quarenta e quatro canais ao mesmo tempo. A luta e a confusão me encurralam. Não há como se esconder. Não há como ignorar.
Aos poucos, tudo vai ficando no lugar, embora tenhamos mudado de cidade, de caminhos, de objetivos. Os passos param em paisagens diferentes, mas não dentro de mim. Os pensamentos voam por aí, porém não sai daqui, do que se construiu. E, de repente, a gente percebe que se andou em dias dos quais se repetem em nossa mente; que voltam a vidas que nunca saiu de nós. E tudo começa e recomeça sem jamais ter acabado. A gente observa que os dias se vão e que lutamos contra ou a favor do tempo, e que sempre estamos, com ele, num eterno embate. E sem nos escutar, o tempo segue invencível, fazendo-nos vencidos. Vamos para algum lugar onde o sol queima, onde a chuva refresca, onde o fim inicia-se no começo e que, do começo, volta-se ao fim, num ciclo do ficar.
Corre-se pra quê?
Pra viver!
E nas andanças da vida, na peregrinação do existir, fragmenta-se o ser. Somos pedaços de nós mesmos e de tudo que encontramos,
de tudo que perdemos, de tudo que conquistamos
e de tudo que nunca tivemos. Somos até mesmo o que não sabemos e nem pra onde iremos. Mas se insiste em perguntar: Quem sou? Prolixamente, em mente, responde-se em voz, de pronto: apenas sou... e nada mais!