Valeu
Tudo até agora valeu a pena, mas, não é o suficiente já que teremos que dizer um Adeus forçado, quando a vontade é de ficar.
Espero um dia, poder gritar bem alto e dizer: “tudo valeu à pena”. Minha cidade agora volta a sorrir, o progresso, a transformação, a política inteligente e substancial, a democracia, com suas mais expressas liberdades, o bem comum, o pensamento renovador, tudo isso agora é quem manda por aqui. Não existe um lado, e sim um povo, com todos os seus méritos, carências, direitos e também deveres.
Ame, chore, grite, diga que valeu, que doeu, que mais pra frente vai ser muito melhor, depois, ame novamente, respeite e sempre tenha suas próprias opiniões.
Se no futuro em olhar pra trás, vou perceber que tudo que fiz valeu exatamente, o valor que devia.
Vivi cada minuto, como se fosse o ultimo.
Não me arrependi. Errei o suficiente, para poder aprender e fazer o certo.
Deixei de ver a vida, no meu ponto de vista, e comecei a enxergá-la ao ponto de vista de cada pessoa.
Aprendi que nada é em vão. Que nenhum dia é igual ao outro. E que as escolhas aparecem, em nossas vidas todos os dias.
Fiz amizades. Amizades que juramos vida eterna, e amizades que não passaram da primeira dificuldade.
Amei. Amei minha família, todos os dias, alguns dias com mais intensidade, outros com menos, mais nenhum dia deixe de amá-los.
Amei meu grande amor, cada dia esperando o outro chegar, assim construindo o sentimento, mais belo e precioso que eu poderia sentir por alguém.
Decepcionei uns. Fiz a diferença pra outros. Sempre fiz o que achava certo, de acordo com meus princípios. Nunca tive a intenção de machucar alguém, mais na vida, mesmo sem querer, sempre acabamos machucando pessoas.
Fui a menina, que tinha os pés no chão, a cabeça no lugar, o coração na mão, e que sempre fazia o que queria. Pelo menos expressava o que sentia.
Gritava,chorava,corria e brincava.
Não deixei de ser menina, mais agora mulher.
Responsabilidades, maturidade, ideais, escolhas.
A menina mulher que sonha, em acordar todo dia na companhia do seu grande amor, que logo depois de tomar café, pensa que um mundo ilógico à espera lá fora, e mesmo com todos os porens, não vai desistir na primeira barreira que encontrar, que irá chegar em uma sala,e ver no olho de cada criança,que elas podem muito mais,que imaginam,e quando eu pensar,si caso eu pensar em desistir,é por elas que eu não vou. E ao chegar em casa depois de um longo dia,eu veja que às pessoas,que eu mais amo,vão estar na minha volta,que mesmo que um dia não seja,o melhor,quando eu chegar em casa vou poder colocar alguém na cama,e disser eu te amo muito,vou poder deitar na cama,e quando eu olhar nos olhos,da pessoa que estiver ao meu lado,vou saber que tudo que fiz,durante toda a minha vida valeu,exatamente o valor que devia.
Não acredito que não valeu a pena é que nada é ou foi em vão, prefiro acreditar que tudo na nossa vida e experiência e aprendizagem é que por mais que tentamos mudar as coisas nunca conseguimos mudar ao máximo, mais sempre vale a pena TENTAR, é isso foi o que sempre fiz e vou continuar fazendo é assim buscando sempre o melhor pra mim e pra quem esta comigo e para os que estão ao meu redor. Estamos sempre em mudanças e crescendo com nossos erros e como friso, nada será em vão. Nunca acreditei que nada é pra sempre mesmo falando que é pra sempre, quando falo por momento ou por impulso pois no fundo sabemos que não é. Muitas vezes deixamos de acreditar por não tentar e por medo de achar que não vai dar mais certo, paramos no meio do caminho e voltamos ao início, assim perdendo tempo e muitas vezes machucando a nós mesmos e aos outros, mais nunca me arrependi por essas voltas por durante essa trajetória ganhei experiências e vivi momentos que pra sempre serão inesquecíveis, e com as pedras que surgem no meu caminho eu as recolho e construa minha escada, pra que um dia eu possa alcançar meus objetivos e chegar aonde eu sempre quis. Felicidade? está ao nosso redor, basta você enxergar e saber aproveitá-la e viver intensamente feliz, assim, aproveitando cada momento da sua vida, pensar em você, fazer por você é também amar você. Portanto faça pra você, viva pra você, crie, inove, fuja, descubra, sinta e seja sempre você.
Sei que não mentirias para mim , porém caso minta , valeu por me fazer acreditar nas suas mentiras tão ditas com verdades (...)
Não sei dizer por quantos dias de minha vida fui feliz, mas admito que toda ela até aqui valeu a pena, por cada minuto de felicidade que proporcionei a alguém!
Quando partimos deixamos sonhos, palavras perdidas e lembranças em páginas de um livro que não valeu a pena ter sido lido.
Não me entregue o seu amor tão facilmente! Dá-me o prazer de lutar por ele e dizer que valeu a pena.
Valeu TERNURA,...Minha vida é uma LOUCURA,...Você é uma FORMOSURA,...Pelo modo em que me ATURA,...E isso não é pra qualquer CRIATURA,...E se um dia por VENTURA,...Eu falhar e não vier a tua PROCURA,..Certamente estarei em alguma SEPULTURA....E seja lá por onde eu andar vou fazer tua vida SEGURA
Como agora estou por aqui, foi por ter sobrevivido às aventuras vividas no Congo.
Valeu muito como experiencia de vida, pois é vivendo que damos o real valor à vida...
Ósculos e amplexos,
Marcial
UM BRASILEIRO NA AFRICA (epílogo)
Marcial Salaverry
Nosso grande objetivo, quando decidimos embarcar nessa aventura africana, era uma tentativa de acertar nossas finanças, seriamente abaladas por algumas besteiras cometidas, e também por motivos de saúde.
Havíamos previsto ficar pelo menos 10 anos por lá, que julgávamos seria o necessário para fazer um bom “pé de meia”. Aliás, o objetivo era fazer os dois pés...
As coisas foram um pouco facilitadas quando comecei a viajar, pois os ganhos triplicavam, como também eram triplicados os riscos de vida que corria. Havíamos reduzido em dois anos a previsão de nossa estadia lá. E poderíamos, talvez, eliminar mais um ou dois anos, tão bem corria tudo.
Contudo, algo estava para acontecer. A política estava começando a se modificar, e o tratamento das autoridades para com os estrangeiros começou a mudar. Sutilmente, mas notava-se que havia algo de podre na Republica Democrática do Congo, e que não era a chikwanga...
Em fins de 1970, eles inventaram um novo documento para os estrangeiros, a famigerada “Carte Jaune”, ou seja, “Cartão Amarelo”, começando assim a fazer algumas restrições quanto a nossa permanência lá. Por causa desse documento, muita gente teve que deixar o País. Como eu estava legalmente empregado, com Contrato de Trabalho em vigor, apenas teria que apresentar um diploma que justificasse alguma especialização. Escrevi para minha família, pedindo que enviassem algum Diploma para lá. E meu sobrinho enviou-me um Diploma de Especialização em Corte e Costura, emitido pela Singer. E eu virei “Tecnicien en Couture”. Com algumas gorjetas bem distribuídas, tudo ficou arranjado. E poderíamos continuar por lá.
Foi quando comecei a viajar pelo interior do Congo. Graças a esse diploma da Singer, permaneci por lá, e pude então viver todas aquelas aventuras.
De repente, não mais que de repente, os ares começaram a ficar pesados. E outras mudanças estavam no ar.
O Presidente Joseph Desiré Mobutu, resolveu cortar todos os vínculos colonialistas, e começou a mudar o nome de todas as cidades, ruas, praças, enfim, tudo que tivesse nome estrangeiro, a começar por ele mesmo, que passou a se chamar Mobutu Sese Seko. A Republique Democratique du Congo, mudou para Zaire. Comecei a ver as coisas mal paradas.
A situação estava nesse pé, quando fui para a viagem ao Kivu, e em Goma, fiz amizade com o Cônsul Geral da França lá, e durante um jantar ele me confidenciou o que iria acontecer no Congo, perdão, no Zaire, e fiquei arrepiado com o que ouvi, pois iria mexer diretamente em nosso bolso, e eventualmente com nossa vida, pois a segurança iria passar a ser insegurança...
Torna-se necessária uma pequena explicação, pois segundo meu contrato de trabalho, meu pagamento era dividido em 75% depositados na Bélgica em francos belgas, e 25% em dinheiro local, mais que suficiente para nossas despesas, pois tinha toda a assistência da firma, no que diz respeito a despesas médicas, farmacêuticas, odontológicas, e também moradia.
Bem, segundo meu amigo Jules, a coisa a partir de 1972 iria mudar radicalmente. Até Junho de 1972, iriam ser proibidos os depósitos de salários em contas no exterior, e o salário seria pago integralmente em zaires... Vi literalmente as coisas ficarem pretas, e resolvi que estava na hora de voltar ao Brasil. Iria aproveitar que já estava com direito a férias, e simplesmente diria Adieu Congo, perdão, Zaire.
Mas havia um problema. Como viria em férias, a firma iria pagar as passagens de ida e volta, mas se eu me demitisse dizendo que não regressaria, a viagem seria por minha conta.
Foi aí que mostrei pra eles o que é o “jeitinho brasileiro”. Vendi o carro, alegando que iria comprar um novo quando voltasse, e deixei o carro encomendado na concessionária. Quase um mês antes de minha viagem, peguei todos os objetos que queria trazer, e cuja saída não era permitida, como peças de marfim e madeira entalhada, enfiei em 8 baús de zinco, chamados de “mal-en-fer” e levei ao aeroporto para despachar como “bagagem não acompanhada”. Uma razoável quantidade de zaires foi suficiente para tornar desnecessária a revista das malas pela alfândega local, e para garantir que seriam embarcadas no mesmo avião em que eu viajaria, para que chegassem comigo ao Brasil. Os funcionários da alfândega de Kinshasa ainda estão esperando que eu leve os sapatos brasileiros que prometi para meu regresso.
Passei os últimos dias, despedindo-me dos locais, e apenas os amigos mais chegados é que souberam que não voltaria.
Dei um adeusinho para Chuttes, Ma Valée, Boulengerie du Parc Hembize, piscina da OUA, e avisei aos crocodilos do Congo que seu jantar brasileiro ficaria adiado sine die...
Senti um friozinho na barriga, quando fui chamado pela alfândega, na hora do embarque. O que eles poderiam querer? Foi apenas para me lembrar que estavam esperando pelos sapatos brasileiros. E eu disse que dentro de dois meses estaria de volta...
O garboso avião da Panam nos levou a Dacar, com escalas em Monrovia, Accra e Lagos.
Com essas escalas todas, tentem visualizar a cena. Neyde, Iara, Alexandre e Marcial, cada qual com três sacolas de mão, precisando carregar tudo em cada escala, já que nada poderia ficar no avião... As crianças quase sumiam debaixo das sacolas com seus brinquedos favoritos...
Em Dacar, ficamos algumas horas esperando a conexão com o avião da Swissair que nos traria ao Brasil. Consegui acesso ao Depósito de Cargas, e constatei que meus amigos da alfândega congolesa, perdão, zairoise, haviam cumprido sua palavra. Lá estavam meus queridos baús, que seguiriam para o Brasil no mesmo avião.
Quando o avião decolou, dei uma última olhada para a África, e mentalmente mandei um adeus a todos os amigos que lá havia deixado. Senti um nozinho na garganta, e meu filho viu aquela lágrima furtiva, e chorou junto.
Havia sido uma bela aventura, foram anos em que pude reavaliar todos meus conceitos de vida.
Vi que solidariedade é o maior veiculo para se chegar à felicidade. Vi que mais do que nunca existe Alguém lá em cima que olha por nós. E como estava pertinho Dele, fechei os olhos, e agradeci por toda ajuda que me deu lá, e que não foi pouca.
E deixo por conta da imaginação de quem quiser, a emoção que senti ao sobrevoar o Rio de Janeiro, ao passar pertinho do Cristo Redentor, ao pisar em território brasileiro, e, suprema glória, tomar um guaraná gelado...
Assim foi a grande aventura da minha vida. Claro que tive que me segurar para manter minha decisão de não regressar, pois quando devolvi as passagens de retorno para a firma em Kinshasa, avisando que não voltaria, por “questões de saúde”, eles devolveram as passagens, com uma bela gratificação, e um novo contrato de trabalho em excelentes condições. Ocorre que eles não sabiam que eu sabia da grande modificação que ia acontecer. Então, fiquei com a gratificação, e tornei a devolver as passagens e o contrato avisando que minha decisão infelizmente, era irrevogável.
Pensei que seria capitulo encerrado em minha vida, pois sequer imaginava que um dia iria escrever minha história africana.
E agora, sinceramente, lamento não ter feito anotações do que vivi lá. Tive que buscar no cantinho da memória as lembranças do que lá passei.
UM BRASILEIRO NA ÁFRICA, relata com fidelidade o que vivi num país que se chamava Congo, mudou para Zaire, e voltou a ser Congo... Como eles estarão lá?
Caso este livro chegue às mãos de alguém que ainda lá esteja, ou que lá tenha vivido, e que chegou a conhecer o “Brasileiro do Hasson”, que receba o abraço que não consegui dar quando resolvi voltar de vez para o Brasil, com muita saudade, e boas lembranças das aventuras lá vividas. Ao escreve-las, algumas vezes tive que parar, para deixar que a saudade falasse através de algumas lágrimas que teimosamente acompanham boas recordações, principalmente os momentos vividos na convivencia dos amigos portugueses que sempre dedicaram uma amizade sincera a este brasileiro maluco...
Quem sabe um dia voltarei para rever locais, e talvez alguém que ainda lá esteja, e enquanto isso não acontece, procuro sempre fazer de cada dia,UM LINDO DIA, e às minhas queridas amizades, desejo o mesmo.