Vai Ficar na Memoria
A memória coletiva é muito mais algo que nos une aos outros do que algo que nos separa. Saber que um suposto inimigo hospeda o mesmo inconsciente de sonhos e arquétipos que nós é um convite a rompermos a crosta dos mal-entendidos e darmos um passo rumo ao entendimento.
(VI)
no olhar mudo das tílias interrogo o destino
tenho na memória o meu pai cultivando os campos
e por companhia uns olhos tristes de juventude perdida
dói-me o vento que passa
são tristes as flores no meu olhar
desabrocharam mortas
Muitas coisas efêmeras perduram mais que as materiais. A fugacidade gruda na memória dessa e de todas as vidas...
“De todas as pessoas que passaram pela minha vida, são poucas as que ficaram na minha memória, mas quando se trata de você, eu guardo as lembranças mais bonitas.”
Quando você não esquece cada ínfimo detalhe dela é porque não foi gravado na sua memória, mas sim, encravado no fundo da sua alma.
Quando os olhos
Presenciam partida,
A memória se encarrega
De guardar momentos
especiais no coração.
Minha memória fraca
Não se prende a datas
Aniversários,
Dia da semana,
Quinzena...
Mas há fatos que acontecem
Na vida
Que mereciam ser comemorados
Pra sempre
14 de janeiro, um renascimento
Uma fonte inesgotável
Palavras não são suficientes
Para descrever
No silêncio só se houve
Um compasso ritmado
Como a volta de um mergulho
Ao encontro do ar pra respirar
E conseguimos juntos encontrar o
Caminho de volta
Guiados pelo misterioso
Mundo dos poetas
Agora sim
Vivo de novo!
É assim que senti.
No tempo
Amei-te desde sempre em mim
Mesmo que o sempre tenha sido
Um tempo perdido na memória
Apenas o que lembro de ontem
E ontem foi todo o meu tempo!
…Talvez seja eu possuído de virtude
Uma mera crente e doce inquietude
Onde me deposito na vontade Amar
Novo e firme em cada azul do teu olhar!
Vivo na plácida certeza de encontrar
Na alma pura e terna de todo teu ser
Verdadeira e paciente forma de amar
Mesmo quando eu não sei esperar!
… Talvez me perca no tempo
Naquele tempo em que vejo
Dias e noites desfilarem
Sem que o amor se revele
Na fisicalidade dos corpos
Que apenas se desejam!
Riu-me Hume
A inconsistência
De se comparar
A memória do mar,
Com o verdadeiro
Luar
Sob o cheiro da
Tempestade assim
Seria:
Digna vossa
Histeria
E então o seu sorriso ficou fixo em minha memória.
E todas as vezes que fecho os olhos é a primeira imagem que vem em minha mente.
Não faça da tua memória
Uma favela, expande ela, pois tens competência para abranger
O mundo dentro dela.
Pense nisso!
Tributo à Memória de Santo Aleixo
Quando o Senhor fez o desenho de Santo Aleixo, usou preciosos recursos naturais. Montou rios, cachoeiras, córregos, cascatas: com suas mãos contornou as montanhas e não poupou detalhes nos recortes assincrônicos.
Os vales de Santo Aleixo têm um carpete de variados tons de verde! Deu muito trabalho, porque não estava sendo feita uma cidade somente; Ele selecionava plantas e flores para a preservação da beleza natural! Depois, no silêncio da criação, testou o canto dos pássaros, tingiu begônias, variou nas samambaias... Gravou a assinatura digital do Dedo de Deus. “E viu Deus que era bom.”
É tão elegante romântico e discreto o encontro dos rios, tanto na calmaria como na enchente deles, num abraço ofegante de águas e pedras. Eles não se importam com o chuveiro de respingos nos entornos, porque é um prazer a mais sair batizando tudo ao redor.
Viver em Santo Aleixo é desfrutar diariamente do encontro de dois grandes fenômenos: o milagre da distância do barulho efervescente dos caldeirões sufocantes e o conforto da proximidade com as cidades serranas que emolduram. A natureza é cúmplice...
Santo Aleixo é seara onde se planta e colhe talentos. É palco para a gravação de comerciais de TV, grandes filmes, apresentação de atores, autores, jornalistas, mestres tecelões, cantores, atletas, escritores, poetas: gente que brilha! Aqui os Frutos da Terra resplandeceram e abriram espaço para semear.
Mário Rossi, um dos maiores compositores do Brasil, foi contramestre na Fábrica de Andorinhas, durante quatro anos. Foi a Santo Aleixo buscar inspiração para compor mais de 150 belas canções que foram gravadas por Vicente Celestino, Carlos Galhardo, Nelson Gonçalves, Anjos do Inferno, Orlando Silva, Dalva de Oliveira, Odete Amaral, Ângela Maria e muitos outros. Ao compor O destino desfolhou, tão bela é a música, que entusiasmou milhares de acordeonistas da geração dos anos 60 pelo Brasil a fora.
Armando Viana e sua esposa Marie Louise Matos, grandes artistas plásticos, fixaram residência em Santo Aleixo, durante muitos anos e ali, extasiados com a deslumbrante beleza, deixaram o acervo precioso que se expõe nos mais importantes espaços culturais do mundo.
Santo Aleixo provou que seus filhos, mesmo aqueles cujos nomes não constam da lista registrada dos ilustres, não fugiram à luta. Trabalharam 20, 30 anos, de pé, anos e anos, criaram seus filhos, com a maior dignidade e honraram com sua biografia a galeria dos homens de bem.
Escrever sobre Santo Aleixo é homenagear nossos pais!
“ Prefiro deletar todos os momentos ruins de minha memória, do que viver preso nas coisas amargas do passado...”
Uma identidade nacional é a memória dos grandes feitos realizados em comum. Foi a partir de 2013-2015 que o povo brasileiro começou a escrever a sua história em vez de recebê-la pronta. Espero que tome gosto pela coisa e nunca mais se deixe conduzir por seus próprios representantes e empregados.
Muros
Os muros da minha memória vez ou outra quebram alguns tijolos.
Deixando à mostra o nostálgico passado me fazendo beber lembranças.
Como o vento azul que nos transpassa sem permissão.
Aquela lancheira azul como era cheirosa.
O bigode daquele professor como era engraçado.
Tudo é tão vago e confuso.
Tolice não saborear o gosto amargo que o passado nos concede.
É importante, para encontrar o futuro, buscar o passado. Homem sem
memória é homem sem contexto de vida. Para entendermos o que representam as novas tecnologias de comunicação no nosso tempo histórico, temos que, primeiro, traçar perspectivas por meio de fatos e de
acontecimentos do passado e do presente.