Vácuo
E no vácuo da sua ausência
Abriu-se, de repente, um buraco negro
E pra dentro dele lá se foi meu coração.
O vácuo do universo me faz pensar, pensar grande e pequeno ao mesmo tempo..
Que mesmo dentre o mísero vácuo, existe grandes explosões..
Uma delas, você causou em meu coração.
Por vezes me esforço para esquecer você e o vácuo que se forma é gigante. Derramam-se as cores do mundo, derretendo, sumindo, junto comigo.
Do Tempo
Agora não é tarde,
Mas também não é cedo.
Há um espaço que não existe,
Um vácuo, um hiato.
O tempo aqui não se conta,
Ele não adianta nem atrasa os ponteiros.
Aqui nada move à primeira vista,
Mas tudo muda de lugar o tempo todo.
O tempo aqui é curto,
Mas também é longo,
É uma breve eternidade.
Não avança, nem retrocede.
É uma sucessão de erros perfeitos,
E de acertos equivocados.
O tempo aqui se cansa,
E recosta num passado,
E se esfrega, se roça, até arrancar farpas.
...E se purifica por um segundo.
CAUSA DE MIM
Eu sou a coisa nula de um todo vácuo...
Não existo por ter, mas por ser.
Não tenho a coisa, sou a coisa.
Não desvendo mistérios, sou um mistério.
Não sou demente, nem sou esperta:
sou satisfatória para quem é satisfeito comigo.
Lanço flechas na vida.
Miro somente o imaterial.
E só acerto o alvo, quando ele é grande,
que é para a ponta da flecha entrar bem no fundo do cerne.
Não espero salvar o mundo, para dominá-lo depois.
Nem quero que o mundo me salve,
para depois me tirar o sonho de ser eterna.
E mesmo sem muitas explicações,
quero apenas que a causa, me cause infinitamente.
Vácuo Cardíaco
Com o coração murcho lá vou eu
Vazio como um vácuo que você criou
E cada batida que ele então sofreu
Foi um golpe que você proporcionou
Cheio do nada ele tenta se aquentar
No frio sentido após teu calor sumir
Não vê maneiras de sobrepor o amar
Onde o sentimento passou a não existir
Colocaram facas através dos gomos
E dos quatro, todos estão vazando dores
Não voltaremos a ser o que realmente somos
Se nessa vida apenas vive quem descobre amores
Meu amor não te aprisionou com chave
E por isso tua velocidade de partir existiu
Você não mostra sentir, mas sei que sabe
Que quando foi embora, meu coração partiu
perseguido pelo infinito de nada, vivendo no vácuo.
Esperança?
A luz que nos guia é a mesma que nos cega?!
O MILAGRE DO AMOR
No vácuo da noite silenciosa
o poeta reluta em controlar seus sentimentos,
mas já exausto e sem anteparos,
rende-se às forças exteriores que invadem suas entranhas.
Não há mais palavras a serem ditas e até os versos,
extasiados,
atiraram-se no amplexo da vida.
E de repente o desejo incontrolável de ouvir a voz que vem do eterno,
de admirar os olhos lindos e sinceros,
de fitar a magia do sorriso franco e puro.
Já não há mais resistência e razão e até mesmo a lógica partiu para o espaço infinito.
Tudo agora é encanto e em pensamento ele busca desesperadamente os traços e curvas nos arquivos da memória,
esculpindo, na solidão da noite,
cada linha daquele corpo ausente,
redesenhando o rosto,
os gestos,
o jeito especial,
sonhando com a ternura no entrelaço do abraço que lhe devolveu o entusiasmo pela vida.
A poesia se foi
e se os sentimentos são mais poderosos do que as palavras
é porque nada pode um poema ante o milagre do amor…
O que a opinião é senão uma leve expressão de sua conduta, um grito no vácuo das relações sociais atuais, que sinceramente, pode ser bem guardada e trancafiada num belo baú de tesouros, à espera de uma bela gatuna.
O VÁCUO DAS MENSAGENS
No vácuo das mensagens que me dás,
Sinto um vazio que me invade em paz.
Palavras soltas, sem rumo ou direção,
Um silêncio que tortura meu coração.
O celular em minhas mãos, ansioso,
À espera de um sinal, algo precioso.
Mas o vácuo persiste, sem explicação,
E a solidão se instala, sem permissão.
Nas entrelinhas dos emojis sem sentido,
Percebo a ausência de um amor comprometido.
Onde antes havia troca e conexão,
Agora há apenas uma desconexão.
O vácuo das mensagens me faz questionar,
Se ainda há espaço para nos reencontrar.
Será que o amor que um dia floresceu,
Agora se perdeu, se esvaneceu?
Mas mesmo no vácuo, ainda guardo esperança,
De que um dia haja uma mudança.
Que as palavras voltem a fluir,
E o vácuo se transforme em pleno existir.
Enquanto isso, sigo no vácuo a refletir,
Se é tempo de seguir em frente ou resistir.
Pois o vácuo das mensagens me ensinou,
Que o amor verdadeiro não se cala, não se esvai, não se calou.
Acaso
Uma pétala de plástico,
Solta pelo espaço,
Navegando na imensidão do vácuo,
De certa forma preenchendo o vazio...
Um peito de aço,
Ferido e solitário,
Pulsando no espaço
Ao acaso...
Diante de um frio,
Que o fogo não congela,
Queima gazes,
E, alimenta as células...
Cometas que carregam,
Encomendas entre galáxias,
Que sobraram, entre tantas
Centenas,
Que se apagaram
A milhões de anos atrás!
È, por lá, que viaja a pétala.
Aquilo que um dia foi amor, se tornou vastidão de ânsia e decepções. Se perdeu no vácuo do descuidado de uma das partes, o reluto ficou exausto e deu espaço ao sódico desamor.
O Astronauta...
Vejo a Terra nesta vastidão
De muitos brilhos e pouca luz
O silencio deste vácuo se faz ato
Que pouco de qualquer coisa traduz
Repenso em mim longe de casa
O homem que por vezes foi ao espaço
Nunca de dentro de si desvendou
Dos seus buracos todos seus pedaços