Uma Mao Lava Outa Ambas Lavam o Rosto

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Administrar é como segurar um pombo em sua mão. Se você aperta muito, ele morre; se você afrouxa, ele voa.

A velha mão
segue traçando versos
para o esquecimento.

Esta é a mão
que às vezes tocava
tua cabeleira.

O aborrecimento entrou no mundo pela mão da preguiça.

Amigos verdadeiros são os que nos acodem inopinados com valedora mão nas tormentas desfeitas.

Camilo Castelo Branco
BRANCO, C., Memórias do Cárcere, 1862

É indispensável querermos deitar a mão a mais do que podemos alcançar; senão para que serviria o céu?

Fiz o gol com a minha cabeça e a mão de Deus...

A esperança é a mão misteriosa que nos aproxima do que desejamos e nos afasta do que tememos.

Quem bebe água pela mão alheia acaba morrendo de sede.

Um beijo na mão faz-te sentir muito, muito bem, mas um bracelete de diamantes e safiras dura para sempre.

Os pintores só devem pintar com os pincéis na mão.

A mão que me espera
traça o caminho da volta
abrindo janelas.

Nos gestos da mão
baila a brasa do cigarro:
pisca o pirilampo.

Fugiu-me da mão
no vento com folhas secas
a carta esperada.

Não foi nada de especial, chutei com o pé que estava mais à mão.

Os que têm o dom da palavra e são oradores, têm em mão um grande instrumento de charlatanismo: felizes se não abusam dele.

Quando o idealista mete a mão na algibeira, torna-se inconscientemente realista.

O homem é inteligente porque tem uma mão.

Jardins e jardins entremeados de acordes musicais. Iridescência ensanguentada. Vejo meu rosto através da chuva. Rebuliço estrídulo do vento agudo que varre a casa como se esta estivesse oca de móveis e de pessoas. Está chovendo. Sinto a boa chuvarada de verão. Tenho uma cabana também – às vezes não ficarei no palácio, mergulharei na cabana. Sentindo o cheiro do mato. E fruindo da solidão.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Se é pra sofrer, que seja sozinho, onde seu rosto possa estampar desalento, inchaços, nariz vermelho, olhar perdido, boca crispada. Se é pra sofrer, que o corpo possa verter, vergar, amolecer. Se é pra sofrer, que possa ser descabelado, que possa ser de pés descalços, que possa ser em silêncio.

Que os demônios levem pro inferno aquele que bate à nossa porta bem no meio da nossa fossa, aquele que telefona bem no auge das nossas lágrimas, aquele que nos puxa para uma festa obrigatória. Malditos todos aqueles com quem não podemos compartilhar nossa dor, e nos obrigam a fingir que nada está se passando dentro da gente.

Disfarçar um sofrimento é trabalho de Hércules. Um prêmio para todos aqueles que conseguem fazer com que os outros não percebam sua falta de ânimo nos momentos em que ânimo é tudo o que esperam de nós: nas ceias de Natal, jantares em família, reuniões de trabalho. Você não quer estar ali, quer estar em Marte, quer estar em qualquer lugar onde não seja obrigado a sorrir.

Há sempre o momento de pedir ajuda, de se abrir, de tentar sair do buraco. Mas, antes, é imprescindível passar por uma certa reclusão. Fechar-se em si, reconhecer a dor e aprender com ela. Enfrentá-la sem atuações. Deixar ela escapar pelo nariz, pelos olhos, deixar ela vazar pelo corpo todo, sem pudores. Assim como protegemos nossa felicidade, temos também que proteger nossa infelicidade. Não há nada mais desgastante do que uma alegria forçada. Se você está infeliz, recolha-se, não suba ao palco. Disfarçar a dor é dor ainda maior.

Martha Medeiros
Crônica "Infeliz em público", 2004.

Nota: Trecho da crônica "Infeliz em público" de Martha Medeiros.

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