Um Texto sobre a Mulher Maravilhosa
CASAMENTO NA IGREJA
Tem gente que acha careta, tem gente que acha um luxo. A verdade é que ninguém é indiferente a uma cerimônia de casamento realizada na igreja, com direito a tapete vermelho, marcha nupcial, véu e grinalda. A maioria das garotas sonha com esse momento, o de ser entregue ao noivo pelas mãos do pai e de vestido branco, mesmo que essa simbologia tenha perdido o significado. Os futuros cônjuges podem estar dividindo o mesmo teto há meses e até ter um filhinho, quem se importa? A verdade é que casamento na igreja é um rito de passagem, um momento de bênção e de satisfação à família, aos amigos e à sociedade. O amor pode prescindir desse ritual todo, mas um pouco de pompa e circunstância não faz mal a ninguém.
Já que o casal optou pelo sacramento do matrimônio e quer fazê-lo diante de Deus, o mais seguro é não inovar. Nada de entrar na igreja sob os acordes da trilha sonora do Titanic, casar de vermelho e decorar a igreja com cactus. Você não está numa passarela do Dolce & Gabanna, está na capelinha da sua paróquia: Mendelssohn, velas, copos-de-leite e uma boa Ave-Maria na saída, quer coisa mais chique e inatacável?
Se eu tivesse casado na igreja seria a mais convencional das noivas. Só uma coisa eu tentaria mudar, ainda que levasse um sonoro não: o sermão do padre. "Promete ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-lhe e respeitando-lhe até os fins dos seus dias?" Nossa, não é tempo demais? Bonito, mas dramático. Os noivos saem da igreja com uma argola de ouro no dedo e uma bola de chumbo nos pés. Seria mais alegre e romântico um discurso assim:
Ela: "Prometo nunca sair da cama sem antes dar bom-dia, deixar você ver os jogos de futebol na tevê sem reclamar, ter paciência para ouvir você falar dos problemas do escritório, ter arroz e feijão todo dia no cardápio, acompanhar você nas caminhadas matinais de sábado, deixá-lo em silêncio quando estiver de mau humor, dançar só pra você, fazer massagens quando você estiver cansado, rir das suas piadas, apoiá-lo nas suas decisões e tirar o batom antes ser beijada".
Ele: "Prometo deixar você sentar na janelinha do avião, emprestar aquele blusão que você adora, não reclamar quando você ficar quarenta minutos no telefone com uma amiga, provar a comida tailandesa que você preparou, abrir um champanhe no final de tarde de domingo, assistir junto o capítulo final da novela, ouvir seus argumentos, respeitar sua sensibilidade, não ter vergonha de chorar na sua frente, dividir vitórias e derrotas e passar todos os Natais do seu lado".
Sim, sim, sim!!!
Poesia Matemática
Às folhas tantas
do livro matemático
um Quociente apaixonou-se
um dia
doidamente
por uma Incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerável
e viu-a do ápice à base
uma figura ímpar;
olhos rombóides, boca trapezóide,
corpo retangular, seios esferóides.
Fez de sua uma vida
paralela à dela
até que se encontraram
no infinito.
"Quem és tu?", indagou ele
em ânsia radical.
"Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode me chamar de Hipotenusa."
E de falarem descobriram que eram
(o que em aritmética corresponde
a almas irmãs)
primos entre si.
E assim se amaram
ao quadrado da velocidade da luz
numa sexta potenciação
traçando
ao sabor do momento
e da paixão
retas, curvas, círculos e linhas sinoidais
nos jardins da quarta dimensão.
Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidiana
e os exegetas do Universo Finito.
Romperam convenções newtonianas e pitagóricas.
E enfim resolveram se casar
constituir um lar,
mais que um lar,
um perpendicular.
Convidaram para padrinhos
o Poliedro e a Bissetriz.
E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro
sonhando com uma felicidade
integral e diferencial.
E se casaram e tiveram uma secante e três cones
muito engraçadinhos.
E foram felizes
até aquele dia
em que tudo vira afinal
monotonia.
Foi então que surgiu
O Máximo Divisor Comum
freqüentador de círculos concêntricos,
viciosos.
Ofereceu-lhe, a ela,
uma grandeza absoluta
e reduziu-a a um denominador comum.
Ele, Quociente, percebeu
que com ela não formava mais um todo,
uma unidade.
Era o triângulo,
tanto chamado amoroso.
Desse problema ela era uma fração,
a mais ordinária.
Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade
e tudo que era espúrio passou a ser
moralidade
como aliás em qualquer
sociedade.
Liberdade
Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...
Um dia você aprende que deve obedecer. Um dia você aprende que não pode ter tudo o que quer, que gente que tem orgulho próprio é chato e que se deve ser solidário. Que você não deve confiar em ninguém, que deve 'fazer o bem sem olhar a quem', que, se for menino, não chora e que, se for menina, deve-se preservar.
Você vê que a vida é só uma e que deve aproveitá-la. Você aprende que deve-se pensar duas vezes antes de tomar qualquer atitude. Você aprende que deve aprender com seus erros e aprende que raramente aprende com seus erros. Você aprende a se contradizer, você aprende a mudar de idéia, você aprende a se calar, você aprende a aceitar. Aprende que deve lutar pelos seus ideais. Aprende que deve sonhar e que deve ter os pés no chão.
Você percebe que quem imita os outros não tem personalidade e que quem é autêntico é esquisito e excluído. Você aprende que as pessoas podem ser muito cruéis. Que as pessoas podem dar tudo de si mesmas para ajudar. Você aprende que sentir ciúmes é ruim. Você aprende que quem não sente ciúmes é desleixado.
Aprende que não deve se preocupar muito com as coisas. Aprende que não deve deixar a vida correr solta. Que o maior tesouro são os amigos e que você perde os amigos. E ao perder, ainda jogam na sua cara que não era uma amizade verdadeira. Que os outros te julgam e que você não deve julgar ninguém. Que deve-se olhar além das aparências. Que as pessoas te julgam pelo que você aparenta. Que dinheiro importa. Que amor acaba. Que amor verdadeiro não acaba. Que não existe amor verdadeiro. Que dinheiro não trás felicidade.
Aprende que quanto mais você se esforça, mais insuficiente parece ser. E que não se deve desistir dos sonhos. Também, que se deve desistir de coisas que não se consegue depois de tentar muito. Aprende que a vida é curta. Aprende que você ainda tem a vida toda pela frente. Aprende que há burrices como preconceito e discriminação. Aprende que sente preconceito. Aprende que julga os outros e aprende que se deve aprender a tratar as pessoas igualmente. Aprende que as pessoas não são iguais. Aprende que as pessoas somos iguais. E que alguns são mais iguais que os outros.
Aprende que não pode errar e que não se acerta sempre.
Aprende que cantar faz bem. Aprende que pode-se ser altamente repreendido por cantar. Aprende que dançar é bom e que as pessoas podem te repreender por dançar. Aprende que as pessoas te magoam sem nem precisarem de um motivo. E que podem fazer comentários como se você não se importasse com aquilo.
Aprende que quando a pessoa é fora dos padrões ela se sente ofendida quando lhe falam isso. Aprende que as pessoas são fora dos padrões e fingem não se importar. Que fazer piadas é legal e que é melhor fazê-las do que manter a amizade. E que quem não aceita as piadas são tolos. Que a sinceridade é utópica e desnecessária. Que sinceridade é tudo. Que confiança se perde fácil.
Aprende que por mais que tente o contrário, um dia vai magoar alguém. Aprende que com conversas tudo se resolve. Aprende que tem gente que não sabe conversar e que nessas conversas, as palavras podem funcionar como armas.
Aprende que de repente as palavras podem significar nada, algo muito importante ou várias coisas. Aprende que alguns momentos são inúteis... e que outros, que parecem ser tão simples, mudam tudo.
No fim, você aprende que tudo o que você aprende chega a um belo resultado: aporia.
Por mais voltas que o mundo dê, um dia todos nós iremos nos encontrar em algum ponto.
Um ponto pacífico, onde estaremos falando a mesma língua, bebendo o mesmo vinho, contando nossas histórias e rindo, um riso leve e sincero.
Assim, estaremos prontos para percorrer juntos este longo caminho; em que simplesmente falamos de nossos dias, vendo o futuro com olhos livres.
Persiga um sonho, mas não deixe ele viver sozinho.
Descubra-se todos os dias, deixe-se levar pelas vontades, mas não enlouqueça por elas.
Procure, sempre procure o fim de uma história, seja ela qual for.
Dê um sorriso para quem esqueceu como se faz isso.
Acelere seus pensamentos, mas não permita que eles te consumam.
Olhe para o lado, alguém precisa de você.
Abasteça seu coração de fé, não a perca nunca.
Mergulhe de cabeça nos seus desejos e satisfaça-os.
Procure os seus caminhos, mas não magoe ninguém nessa procura.
Arrependa-se, volte atrás, peça perdão!
Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se achá-lo, segure-o!
Nota: A publicação da obra que contém este poema foi autorizada pela autora e está registrada corretamente na Fundação Biblioteca Nacional Ministério da Cultura - Escritório de Direitos Autorais.Link
...Mais"Nesta direção", disse o Gato, girando a pata direita, "mora um Chapeleiro. E nesta direção", apontando com a pata esquerda, "mora uma Lebre de Março. Visite quem você quiser quiser, são ambos loucos."
"Mais eu não ando com loucos", observou Alice.
"Oh, você não tem como evitar", disse o Gato, "somos todos loucos por aqui. Eu sou louco. Você é louca".
"Como é que você sabe que eu sou louca?", disse Alice.
"Você deve ser", disse o Gato, "Senão não teria vindo para cá."
Trancar o dedo numa porta dói.
Bater com o queixo no chão dói.
Torcer o tornozelo dói.
Um tapa, um soco, um pontapé, doem.
Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua,
dói cólica, cárie e pedra no rim.
Mas o que mais dói é a saudade.
Saudade de um irmão que mora longe.
Saudade de uma cachoeira da infância.
Saudade de um filho que estuda fora.
Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais.
Saudade do pai que morreu, do amigo imaginário que nunca existiu.
Saudade de uma cidade.
Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa.
Doem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama.
Saudade da pele, do cheiro, dos beijos.
Saudade da presença, e até da ausência consentida.
Você podia ficar na sala e ela no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá.
Você podia ir para o dentista e ela para a faculdade, mas sabiam-se onde.
Você podia ficar o dia sem vê-la, ela o dia sem vê-lo, mas sabiam-se amanhã.
Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se menor,
Ou quando alguém ou algo não deixa que esse amor siga,
Ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é basicamente não saber.
Não saber mais se ela continua fungando num ambiente mais frio.
Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa daquela alergia.
Não saber se ela ainda usa aquela saia.
Não saber se ele foi na consulta com o dermatologista como prometeu.
Não saber se ela tem comido bem por causa daquela mania
de estar sempre ocupada;
se ele tem assistido às aulas de inglês,
se aprendeu a entrar na Internet
e encontrar a página do Diário Oficial;
se ela aprendeu a estacionar entre dois carros;
se ele continua preferindo Malzebier;
se ela continua preferindo suco;
se ele continua sorrindo com aqueles olhinhos apertados;
se ela continua dançando daquele jeitinho enlouquecedor;
se ele continua cantando tão bem;
se ela continua detestando o MC Donald's;
se ele continua amando;
se ela continua a chorar até nas comédias.
Saudade é não saber mesmo!
Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos;
não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento;
não saber como frear as lágrimas diante de uma música;
não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.
Saudade é não querer saber se ela está com outro, e ao mesmo tempo querer.
É não saber se ele está feliz, e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por isso...
É não querer saber se ele está mais magro, se ela está mais bela.
Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim doer;
Saudade é isso que senti enquanto estive escrevendo e o que você,
provavelmente, está sentindo agora depois que acabou de ler...
Nota: Versão adaptada da crônica "A dor que dói mais" de Martha Medeiros. Muitas vezes atribuída de forma errada a Miguel Falabella, sob o nome "Saudade" ou "Saudade dói".
...MaisAmor, que o gesto humano n'alma escreve,
Vivas faíscas me mostrou um dia,
Donde um puro cristal se derretia
Por entre vivas rosas e alva neve.
A vista, que em si mesma não se atreve,
Por se certificar do que ali via,
Foi convertida em fonte, que fazia
A dor ao sofrimento doce e leve.
Jura Amor que brandura de vontade
Causa o primeiro efeito; o pensamento
Endoudece, se cuida que é verdade.
Olhai como Amor gera, num momento
De lágrimas de honesta piedade,
Lágrimas de imortal contentamento.
CANÇÃO DOS HOMENS
Que quando chego do trabalho ela largue por um instante o que estiver fazendo
- filho, panela ou computador - e venha me dar um beijo como os de antigamente.
Que quando nos sentarmos à mesa para jantar
ela não desfie a ladainha dos seus dissabores domésticos.
E se for uma profissional, que divida comigo o tempo de comentarmos nosso dia.
Que se estou cansado demais para fazer amor,
ela não ironize nem diga que "até que durou muito" o meu desejo ou potência.
Que quando quero fazer amor ela não se recuse demasiadas vezes, nem fique impaciente ou rígida, mas cálida como foi anos atrás.
Que não tire nosso bebê dos meus braços dizendo que homem não tem jeito pra isso, ou que não sei segurar a cabecinha dele, mas me ensine docemente se eu não souber.
Que ela nunca se interponha entre mim e as crianças, mas sirva de ponte entre nós quando me distancio ou me distraio demais.
Que ela não me humilhe porque estou ficando calvo ou barrigudo, nem comente nossas intimidades com as amigas, como tantas mulheres fazem.
Que quando conto uma piada para ela ou na frente de outros, ela não faça um gesto de enfado dizendo "Essa você já me contou umas mil vezes".
Que ela consiga perceber quando estou preocupado com trabalho, e seja calmamente carinhosa, sem me pressionar para relatar tudo, nem suspeitar de que já não gosto dela.
Que quando preciso ficar um pouco quieto ela não insista o tempo todo para que eu fale ou a escute, como se silêncio fosse falta de amor.
Que quando estou com pouco dinheiro ela não me acuse de ter desperdiçado com bobagens em lugar de prover minha família.
Que quando eu saio para o trabalho de manhã ela se despeça com alegria, sabendo que mesmo de longe eu continuo pensando nela.
Que quando estou trabalhando ela não telefone a toda hora para cobrar alguma coisa que esqueci de fazer ou não tive tempo.
Que não se insinue com minha secretária ou colega para descobrir se tenho amante.
Que com ela eu também possa ter momentos de fraqueza e de ternura, me desarmar, me desnudar de alma, sem medo de ser criticado ou censurado: que ela seja minha parceira, não minha dependente nem meu juiz.
Que cuide um pouco de mim como minha mulher, mas não como se eu fosse uma criança tola e ela a mãe, a mãe onipotente, que não me transforme em filho.
Que mesmo com o tempo, os trabalhos, os sofrimentos e o peso do cotidiano, ela não perca o jeito terno e divertido que tanto me encantou quando a vi pela primeira vez.
Que eu não sinta que me tornei desinteressante ou banal para ela, como se só os filhos e as vizinhas merecessem sua atenção e alegria.
E que se erro, falho, esqueço, me distancio, me fecho demais, ou a machuco consciente ou inconscientemente,
Ela saiba me chamar de volta com aquela ternura que só nela eu descobri, e desejei que não se perdesse nunca, mas me contagiasse e me tornasse mais feliz, menos solitário, e muito mais humano.
É loucura odiar todas as rosas porque uma te espetou.
Entregar todos os teus sonhos porque um deles não se realizou, perder a fé em todas as orações porque em uma não foi atendido, desistir de todos os esforços porque um deles fracassou.
É loucura condenar todas as amizades porque uma te traiu, descrer de todo amor porque um deles te foi infiel. É loucura jogar fora todas as chances de ser feliz porque uma tentativa não deu certo.
Espero que na tua caminhada não cometas estas loucuras. Lembrando que sempre há uma outra chance, uma outra amizade, um outro amor, uma nova força.
Para todo fim um recomeço!
O NÃO QUE TINHA ALMA DE SIM
"(...) Aonde está a força de negar um desejo se enquanto ele não é saciado continua existindo?
O tempo não se encarrega de matar desejos, apenas de substituir os personagens.
(...)Esse é o maior problema dos desejos, eles não aceitam não como resposta. Você só coloca um ponto final nele se for até o fim. E o fim pode ser um simples enjôo ou, na pior das hipóteses, a morte.
(...)O desejo me acompanhou até em casa. Muito , muito mais forte que minha nobreza em ter dito não.
(...)Tive medo de ser só desejo, porque para mim sempre foi mais. Prefiro ser perseguida pelo meu desejo, que não tem dia para acabar, do que ser abandonada mais uma vez pelo seu, que dura no máximo três horas."
Se por um instante Deus se esquecesse de que sou uma marioneta de trapos e me presenteasse com mais um pedaço de vida, eu aproveitaria esse tempo o mais que pudesse...
Possivelmente não diria tudo o que penso, mas definitivamente pensaria tudo o que digo.
Daria valor às coisas, não por aquilo que valem,mas pelo que significam.
Dormiria pouco, sonharia mais, porque entendo que por cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz.
Andaria quando os demais se detivessem,acordaria quando os demais dormissem.
Se Deus me presenteasse com um pedaço de vida, deitava-me ao sol, deixando a descoberto, não somente o meu corpo, como também a minha alma.
Aos homens, eu provaria quão equivocados estão ao pensar que deixam de se enamorar quando envelhecem, sem saberem que envelhecem quando deixam de se enamorar...
A um menino eu daria-lhe asas, apenas lhe pediria que aprendesse a voar.
Aos velhos ensinaria que a morte não chega com o fim da vida, mas sim com o esquecimento.
Tantas coisas aprendi com Vós homens... Aprendi que todo o mundo quer viver no cimo da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a escarpa.
Aprendi que quando um recém nascido aperta com a sua pequena mão, pela primeira vez, o dedo do seu pai, agarrou-o para sempre.
Aprendi que um homem só tem direito a olhar o outro de cima para baixo, quando está a ajudá-lo a levantar-se.
São tantas as coisas que pude aprender com Vocês, mas agora, realmente de pouco me irão servir, porque quando me guardarem dentro dessa caixa, infelizmente estarei morrendo.
Sempre diz o que sentes e faz o que pensas.
Supondo que hoje seria a última vez que te vou ver dormir, te abraçaria fortemente e rezaria ao Senhor para poder ser o guardião da tua alma.
Supondo que estes são os últimos minutos que te vejo, diria-te “Amo-te” e não assumiria, loucamente, que já o sabes.
Sempre existe um amanhã em que a vida nos dá outra oportunidade para fazermos as coisas bem, mas pensando que hoje é tudo o que nos resta, gostaria de dizer-te o quanto te quero, que nunca te esquecerei.
O amanhã não está assegurado a ninguém, jovens ou velhos. Hoje pode ser a última vez que vejas aqueles que amas. Por isso, não esperes mais,fá-lo hoje, porque o amanhã pode nunca chegar. Senão, lamentarás o dia em que não tiveste tempo para um sorriso, um abraço, um beijo e o teres estado muito ocupado para atenderes esse último desejo.
Mantém os que amas junto de ti, diz-lhes ao ouvido o muito que precisas deles, o quanto lhes queres e trata-os bem, aproveita para lhes dizer, “perdoa-me”, “por favor”, “obrigado” e todas as palavras de amor que conheces.
Não serás recordado pelos teus pensamentos secretos. Pede ao Senhor a força e a sabedoria para os expressar.
Demonstra aos teus amigos e seres queridos o quanto são importantes para ti.
Por que raios a gente tem de romantizar qualquer demonstração de carinho de um homem se na maioria dos casos eles só querem nos comer?
E por que ficamos tão putas se eles apenas nos comem e caem fora?
Quem disse que eles são obrigados a nos amar eternamente só porque conheceram de perto a nossa beleza interior? E, finalmente: que mal há em sermos gostosas e os homens quererem nos comer?
Por que isso parece ofensivo? Por que nos sentimos usadas se ambos estão lá de livre e espontânea vontade?
Curativos para um Coração Partido
Hoje, acordei sentindo uma grande dor no peito; sentei-me ao pé da cama, coloquei minha mão sobre meu peito, e perguntei ao meu coração:
- O que você tem? Por que está tão inquieto dentro de mim?
Você está doente?
Fiquei uns minutos em silêncio e aí foi minha alma a começar a ficar inquieta. Perguntei a ela:
- O que tens? Porque se atormenta dentro de mim?
Minha alma disse:
- Estou assim porque você está assim; você me faz perguntas, mas não tenho as respostas e sei que isso o faz infeliz. Você se sente tão pequeno, e isso me faz pequeno também. Você queria ser diferente, eu fico triste por você. Você está tão só, e eu me sinto sem você. Mais uma vez tornei a ficar em silêncio. E foi aí que meu coração
meio confuso me respondeu:
- Estou tão triste. Sinto-me tão pequeno. Estou magoado com você!
Fiquei sem jeito e perguntei:
- O que foi que eu te fiz?
Ele respondeu:
Você sofre tanto com as pessoas; preocupa-se com elas, é atencioso, procura ser prestativo e na maioria das vezes, sempre se decepciona. Você ama e depois sofre
e fala que a culpa é minha. Você espera por algo que não vem e fica triste. Aí você chora e dói em mim. Preciso de curativos para um coração partido. Curativos bons.
Perguntei ao meu coração:
- Como assim, bons?
Ele respondeu:
Curativos que estanquem essa sua tristeza, essa sua mágoa,
essa sua solidão. Que estejam com você nos dias frios e nas noites vazias, nos dias de tempestade
e nas horas que você se sentir tão só. Que eles sejam tão grandes que possam envolver seu corpo em um abraço cheio de ternura e que você se sinta seguro e amparado.
Curativos que te façam sentir o quanto você é especial e amado, mesmo que você nunca tenha sentido esse amor, nem de seus próprios pais.
Preciso de bons curativos, que não sejam eternos, afinal nada é para sempre, mas, que não sejam descartáveis. Curativos que absorvam esse sofrimento, essa dor. essa ferida que não se vê, apenas se sente.
Que sejam fortes, e a prova d’água, para que não se estraguem com suas lágrimas, que sejam macios, para poder te fazer carinho nos dias em que você se sentir carente. Curativos que, acima de tudo nunca o decepcionem,
prometendo coisas que não cumpram.
Curativos companheiros e sinceros, que se importem realmente com você. Não quero pena, quero amor. Amor de verdade. Preciso que você também se ame e prometa que vai procurar cuidar mais de mim, sou parte de você e se você sofre eu sofro também.
Queria poder colocar você dentro de mim, secar suas lágrimas, ninar você. Dizer-te que tudo vai passar e te proteger das decepções da sua vida, afinal você já sofreu tanto que não sei como ainda consigo bater forte em seu peito!
Você é especial, pena ninguém perceber isso.
Para além da orelha existe um som, à extremidade do olhar um aspecto, às pontas dos dedos um objeto – é para lá que eu vou.
À ponta do lápis o traço.
Onde expira um pensamento está uma ideia, ao derradeiro hálito de alegria uma outra alegria, à ponta da espada a magia – é para lá que eu vou.
Na ponta dos pés o salto.
Parece a história de alguém que foi e não voltou – é para lá que eu vou.
Ou não vou? Vou, sim. E volto para ver como estão as coisas. Se continuam mágicas. Realidade? eu vos espero. É para lá que eu vou.
Na ponta da palavra está a palavra. Quero usar a palavra “tertúlia” e não sei aonde e quando. À beira da tertúlia está a família. À beira da família estou eu. À beira de eu estou mim. É para mim que vou. E de mim saio para ver. Ver o quê? ver o que existe. Depois de morta é para a realidade que vou. Por enquanto é sonho. Sonho fatídico. Mas depois – depois tudo é real. E a alma livre procura um canto para se acomodar. Mim é um eu que anuncio. Não sei sobre o que estou falando. Estou falando do nada. Eu sou nada. Depois de morta engrandecerei e me espalharei, e alguém dirá com amor meu nome.
É para o meu pobre nome que vou.
E de lá volto para chamar o nome do ser amado e dos filhos. Eles me responderão. Enfim terei uma resposta. Que resposta? a do amor. Amor: eu vos amo tanto. Eu amo o amor. O amor é vermelho. O ciúme é verde. Meus olhos são verdes. Mas são verdes tão escuros que na fotografia saem negros. Meu segredo é ter os olhos verdes e ninguém saber.
À extremidade de mim estou eu. Eu, implorante, eu a que necessita, a que pede, a que chora, a que se lamenta. Mas a que canta. A que diz palavras. Palavras ao vento? que importa, os ventos as trazem de novo e eu as possuo.
Eu à beira do vento. O morro dos ventos uivantes me chama. Vou, bruxa que sou. E me transmuto.
Oh, cachorro, cadê tua alma? está à beira de teu corpo? Eu estou à beira de meu corpo. E feneço lentamente.
Que estou eu a dizer? Estou dizendo amor. E à beira do amor estamos nós.
EU, ETIQUETA
Em minha calça está grudado um nome
que não é meu de batismo ou de cartório,
um nome... estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida
que jamais pus na boca, nesta vida.
Em minha camiseta, a marca de cigarro
que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produto
que nunca experimentei
mas são comunicados a meus pés.
Meu tênis é proclama colorido
de alguma coisa não provada
por este provador de longa idade.
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,
minha gravata e cinto e escova e pente,
meu copo, minha xícara,
minha toalha de banho e sabonete,
meu isso, meu aquilo,
desde a cabeça ao bico dos sapatos,
são mensagens,
letras falantes,
gritos visuais,
ordens de uso, abuso, reincidência,
costume, hábito, premência,
indispensabilidade,
e fazem de mim homem-anúncio itinerante,
escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É duro andar na moda, ainda que a moda
seja negar minha identidade,
trocá-la por mil, açambarcando
todas as marcas registradas,
todos os logotipos do mercado.
Com que inocência demito-me de ser
eu que antes era e me sabia
tão diverso de outros, tão mim mesmo,
ser pensante, sentinte e solidário
com outros seres diversos e conscientes
de sua humana, invencível condição.
Agora sou anúncio,
ora vulgar ora bizarro,
em língua nacional ou em qualquer língua
(qualquer, principalmente).
E nisto me comparo, tiro glória
de minha anulação.
Não sou - vê lá - anúncio contratado.
Eu é que mimosamente pago
para anunciar, para vender
em bares festas praias pérgulas piscinas,
e bem à vista exibo esta etiqueta
global no corpo que desiste
de ser veste e sandália de uma essência
tão viva, independente,
que moda ou suborno algum a compromete.
Onde terei jogado fora
meu gosto e capacidade de escolher,
minhas idiossincrasias tão pessoais,
tão minhas que no rosto se espelhavam
e cada gesto, cada olhar
cada vinco da roupa
sou gravado de forma universal,
saio da estamparia, não de casa,
da vitrine me tiram, recolocam,
objeto pulsante mas objeto
que se oferece como signo de outros
objetos estáticos, tarifados.
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
de ser não eu, mas artigo industrial,
peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem.
Meu nome novo é coisa.
Eu sou a coisa, coisamente.
Já não me importo
Já não me importo
Até com o que amo ou creio amar.
Sou um navio que chegou a um porto
E cujo movimento é ali estar.
Nada me resta
Do que quis ou achei.
Cheguei da festa
Como fui para lá ou ainda irei
Indiferente
A quem sou ou suponho que mal sou,
Fito a gente
Que me rodeia e sempre rodeou,
Com um olhar
Que, sem o poder ver,
Sei que é sem ar
De olhar a valer.
E só me não cansa
O que a brisa me traz
De súbita mudança
No que nada me faz.
COMUMENTE É ASSIM
Cada um ao nascer
traz sua dose de amor,
mas os empregos,
o dinheiro,
tudo isso,
nos resseca o solo do coração.
Sobre o coração levamos o corpo,
sobre o corpo a camisa,
mas isto é pouco.
Alguém
imbecilmente
inventou os punhos
e sobre os peitos
fez correr o amido de engomar. Quando velhos se arrependem.
A mulher se pinta.
O homem faz ginástica
pelo sistema Muller.
Mas é tarde.
A pele enche-se de rugas.
O amor floresce,
floresce,
e depois desfolha.
Amar, nunca me coube
Mas sempre transbordou
O rio de lembranças
Que um dia me afogou
E nesta correnteza
Fiquei a navegar
Embora, com certeza,
Não possa me salvar
Amar nunca me trouxe
Completo esquecimento
Mas antes me somou
Ao antigo tormento
E assim, cada vez mais,
Me prendo neste nó
E cada grito meu
Parece ser maior
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