Um Homem para Casar
Nenhum homem é uma ilha, completo em si próprio; cada ser humano é uma parte do continente, uma parte de um todo.
Da maciez de uma esponja molhada até à dureza de uma pedra-pomes, existem infinitas nuances. Eis o homem.
Oh, que bênção seria não se casar jamais, nem jamais envelhecer, mas passar toda a vida, inocente e indiferentemente, junto as árvores e aos rios que só nos podem manter a calma e como que para sempre crianças em meio aos percalços do mundo! O casamento ou qualquer alegria perturbariam a clareza da visão que ainda possuo. Foi a ideia de perdê-la que gritei no meu íntimo: "Não, nunca hei de deixá-los por um amante ou um marido", pondo-me de imediato a caçar coelhos no mato, com os cachorros e Jeremy.
Antes de me casar eu tinha seis teorias sobre como educar aos filhos. Agora tenho seis filhos, e não me resta nenhuma teoria.
Casar-se é saber que, após uma briga, ao dizeres “Sai, e não voltes nunca mais!”, dentro de si o coração fala aflito: “Por favor, não saia. Fique para sempre...”
Casar-se é ter a certeza de que acordarás todos os dias e descobrirás um novo motivo para se apaixonar pela mesma pessoa.
Navegar é preciso; viver não é preciso.
Quero para mim o espírito [d]esta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:
Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
A maioria pensa com a sensibilidade, e eu sinto com o pensamento. Para o homem vulgar, sentir é viver e pensar é saber viver. Para mim, pensar é viver e sentir não é mais que o alimento de pensar.
Não há solidão mais triste do que a do homem sem amizades. A falta de amigos faz com que o mundo pareça um deserto.
Sou demasiado orgulhoso para acreditar que um homem me ame: seria supor que ele sabe quem sou eu. Também não acredito que possa amar alguém: pressuporia que eu achasse um homem da minha condição.
O homem que sofre antes de ser necessário, sofre mais que o necessário.
A coisa mais indispensável a um homem é reconhecer o uso que deve fazer do seu próprio conhecimento.
O homem que não tem a música dentro de si e que não se emociona com um concerto de doces acordes é capaz de traições, de conjuras e de rapinas.
Não creio, no sentido filosófico do termo, na liberdade do homem. Todos agem não apenas sob um constrangimento exterior mas também de acordo com uma necessidade interior.
É difícil acreditar que um homem está a dizer a verdade quando você sabe que mentiria se estivesse no lugar dele.
O mundo é de quem não sente. A condição essencial para se ser um homem prático é a ausência de sensibilidade.