Um dia Percebemos Mário Quintana
Outro dia fui comprar um abajur. A mocinha me olhou e perguntou:
- Luminária?
Eu olhei em volta, tinha uma porção de abajur.
- Não, abajur mesmo, eu disse.
- De teto?
Fiquei olhando meio pasmo para a vendedora, para o teto, para a rua. Ou eu
estava muito velho ou ela estava muito nova.
No meu tempo - e isso faz pouco tempo - o abajur a gente punha no
criado-mudo, na mesinha da sala.
E lá em cima era lustre. - Lustre?
Descobri que agora é tudo luminária. Passou por spot, virou luminária. Pra
mim isso é pior que bandeirinha virar auxiliar de arbitragem e passe (no
futebol) chamar-se - agora - assistência.
Quem são os idiotas que ficam o dia inteiro pensando nessas coisas? Mudar o
nome das coisas? Por que eles não mudam o próprio nome?
A mocinha-da-luminária, por exemplo, se chamava Mariclaire. Desconfio até
que já tivesse mudado de nome. Pra que mudar o nome das coisas?
Eu moro numa rua que se chama Rodovia Tertuliano de Brito Xavier. Sabe como
Se chamava antes? Caminho do Rei. Pode? Pode.! Coisa de vereador com minhoca
na cabeça e tio para homenagear. Mas lustres e abajur, gente, é demais.
Programação de televisão virou grade. Deve ser para prender o espectador
mais desavisado. Entrega em domicílio virou delivery. Agenda de correio,
mailing. São os publicitários, os agentes de 'marquetingui'?
Quer coisa mais bonita do que criado-mudo? Existe nome melhor para aquilo?
Pois agora as lojas vendem mesa-de-apoio. Considerando-se a estratégica
posição ao lado da cama, posso até imaginar para que tipo de apoio serve. E
por que é que agora as aeromoças não querem mais ser chamadas assim? Agora
são comissárias. Não entendo: a palavra comissária vem de comissão, não é?
Aeromoça é tão bom e terno como criado-mudo. Pior se as aeromoças virassem
moças-de-apoio. Taí uma ideia.
E tem umas palavras que surgem de repente do nada. Quer ver?: luau. Isso é
novo. Quando eu era jovem, se alguém falasse essa palavra ou fosse
participar de um luau, era olhado meio de lado. Era pior que tomar vinho
rosê. Coisa de bicha, isso de luau.
Mas a vantagem de ser um pouco mais velho é saber que o computador que hoje
todo mundo tem em casa e que na intimidade é chamado de micro, nasceu com o
nome de cérebro-eletrônico. Sabia dessa ?
E sabia que o primeiro computador, perdão cérebro-eletrônico, pesava 14
toneladas? E que, na inauguração do primeiro, os gênios da época diziam que
até o final do século, se poderia fazer computadores de apenas uma tonelada?
Outra palavrinha nova é stress. Pode ter certeza, minha jovem, que, antes de
inventarem a palavra, quase ninguém tinha stress.Mais ou menos como a TPM.
Se a palavra está aí a gente tem de sofrer com ela, não é mesmo? No meu
tempo o máximo que a gente ficava era de saco cheio. Estressado, só a turma
do luau.
E agora me diga: por que é que em algumas casas existe jardim de inverno e
não jardim de verão? E, se você quiser mudar o nome desta crônica para
linguiça, pode. Desde que coloque o devido trema. Também conhecido como dois
pinguinhos.
### Alma Silenciosa
Penso mais do que faço,
Escrevo mais do que falo.
Amo mais do que sou amado,
Ouço mais do que sou ouvido,
Silencio-me mais do que grito.
Sou mais conquistado do que conquisto,
Observo mais do que me observam.
Sou mais atencioso do que me percebem,
Sorrio mais do que me entristeço,
Irrito-me mais do que é natural,
Compreendo mais do que sou compreendido.
Talvez ajude mais do que sou ajudado.
Entre ser e ter,
Entre dar e receber,
Sou aquele que do pouco baralho é dado.
Mas creio que, na mesma proporção:
Vivo, corro, sou aquilo que Deus é em mim.
Com superioridade em alguns degraus,
E imerso em inferioridade noutros.
Não posso fugir, nem vestir-me
Daquilo que está ausente de minha natureza.
Ainda que eu tente, o tempo ditará
Quem sou.
Pois o ter é vulnerável ao tempo,
Nada do que se tem é para sempre.
Mas pode a verdadeira essência de Ser
Ser intemporal.
O que se é, não pode fugir de nós.
Ou se é, ou nunca se foi,
Enquanto o que se tem pode não se ter amanhã.
Alma, solitária a minha!?
Talvez, mas eu sei que vivo.
Corro, caminho, me relaciono, sorrio,
E sou dentro das proporções que Deus,
O supremo, fez e faz de mim.
Não posso ser superior nem inferior,
Minha medida, minha vastidão,
Que até eu mesmo desconheço,
Estão guardados na sapiência de Deus.
Afinal, não me conheço ao todo!
Pois isto exige mais do que experiência,
Envolve um grau profundo de sabedoria.
** 07.06.2024**
Existem campeões que nascem com todas as condições para serem campeões.
Existem campeões que venceram as adversidades e se formaram no fogo e no ferro.
E existem fracassados que não acreditam em si mesmo e esperam a escravidão acabar na morte.
Quem é você?
Quanto a procurá-lo novamente, o Sr. Corleone é extremamente sensível. Ele nunca perde um segundo favor quando lhe recusaram o primeiro.
Livro: O Poderoso Chefão
Se as pessoas não perdoam seus erros mesmo depois de ter sido pedido o perdão sincero, o problema não é mais seu.
Rancor também é um pecado grave. Paga quem carrega no peito.
"[...] quando alguém nos encara com muito fervor, as moléculas do ar se aquecem. Nessas horas, é totalmente possível notar que nos olham. Sabemos, inclusive, pelo raio de temperatura diferente, de qual direção vem o tiro"
(trecho de "Parece Dezembro: romance inspirado nos versos de Chico Buarque")
"[...] não pode haver silêncios quando há muito a regurgitar. Pouco importa justiça ou dignidade. Mais tarde, se for o caso, que venha o remorso"
(trecho de "Parece Dezembro: romance inspirado nos versos de Chico Buarque")
"Diz-se que a vida é feita de oportunidades. E que nenhum raio cai duas vezes no mesmo lugar. Sem isca, como pegar peixe?"
(trecho de "Parece Dezembro: romance inspirado nos versos de Chico Buarque")
Nem sempre a paixão te leva a lugares inesquecíveis. Mas quase sempre, a sensações e emoções jamais vividas.