Um dia Percebemos Mário Quintana
Amor Próprio
A palavra humanidade, na grande maioria das vezes, é utilizada por nós não somente pra denominar determinada espécie, mas sim, com o objetivo de designar um conjunto de regras morais e necessidades afetivas. Somos seres acostumados a viver em sociedade, essa interação, por mais que muitos digam que não, com a tentativa frustrada de quererem ser diferenciados, acaba impondo determinadas necessidades, onde a maior de todas é amar e ser amado, aceitar e ser aceito pelo outro. É por esse motivo, que muitos, num estado de carência extrema, acabam aceitando situações pouco confortáveis para a sua pessoa, esquecendo, muitas vezes, que a pessoa mais importante de todas e seu primeiro e verdadeiro amor, está ali, em frente ao espelho.
Momentos
As melhores coisas da vida, o dinheiro não compra. Quanto vale um abraço? Um beijo da pessoa amada? A companhia de seu pai ou de sua mãe? Não tem preço. Você pagaria quanto pra sentir borboletas revirarem seu estômago ao ver uma pessoa especial? Certamente, momentos, não são comprados, são vividos.
Eu disse a mim mesmo que não era pra brincar com fogo, porque eu já sabia que iria me queimar. Mas como eu poderia me segurar se existe uma parte em mim que desejava incontrolavelmente se queimar? Será que seria uma boa escolha me entregar ao calor intenso sabendo que a dor viria junto?
Desapegue. Não faça as malas. Simplesmente vá. Vá para onde o por do sol é lindo, a maré é baixa e e a tua felicidade é a sua única preocupação. Sinta o que tiver de sentir. Renove sua alma. Viver em ciclos, embora traga segurança, cansa o espírito e vicia. E todo vício faz mal. Ao não ser um: o amor. Por este, vale a pena o perigo e o prazer de se tornar um dependente amoroso.
Faça de você sua principal motivação. Sua luta. Suas falhas. Sua melhora. Ganhe mérito pelo que você suou pra conseguir. Não espere nada nem ninguém ser sua âncora. Apenas seja seu próprio navio. E não afunde nunca mais.
Se Aristóteles disse que as mulheres eram homens incompletos, da metade do século XX para o XXI são os homens que são tidos como incompletos por algumas mulheres.
Não se pode ter mais uma opinião sem que outras pessoas sintam-se ofendidas, pois o que impera em nossos dias é o vitimismo e a fraqueza das pessoas.
Serradura
A minha vida sentou-se
E não há quem a levante,
Que desde o Poente ao Levante
A minha vida fartou-se.
E ei-la, a mona, lá está,
Estendida, a perna traçada,
No indindável sofá
Da minha Alma estofada.
Pois é assim: a minha Alma
Outrora a sonhar de Rússias,
Espapaçou-se de calma,
E hoje sonha só pelúcias.
Vai aos Cafés, pede um bock,
Lê o <<Matin>> de castigo,
E não há nenhum remoque
Que a regresse ao Oiro antigo:
Dentro de mim é um fardo
Que não pesa, mas que maça:
O zumbido dum moscardo,
Ou comichão que não passa.
Folhetim da <<Capital>>
Pelo nosso Júlio Dantas ---
Ou qualquer coisa entre tantas
Duma antipatia igual...
O raio já bebe vinho,
Coisa que nunca fazia,
E fuma o seu cigarrinho
Em plena burocracia!...
Qualquer dia, pela certa,
Quando eu mal me precate,
É capaz dum disparate,
Se encontra a porta aberta...
Isto assim não pode ser...
Mas como achar um remédio?
--- Pra acabar este intermédio
Lembrei-me de endoidecer:
O que era fácil --- partindo
Os móveis do meu hotel,
Ou para a rua saindo
De barrete de papel
A gritar <<Viva a Alemanha>>...
Mas a minha Alma, em verdade,
Não merece tal façanha,
Tal prova de lealdade...
Vou deixá-la --- decidido ---
No lavabo dum Café,
Como um anel esquecido.
É um fim mais raffiné.
E naquele abraço de brisa morna, do parapeito da minha varanda vi a assustada partícula de pó afastar-se, em direcção ao rio tranquilo. Gritando aterrorizadamente satisfeita com o seu medo.
PROFESSOR
Louvado seja Nosso Deus
Pela sua paciência aquática;
Capaz de contornar as revoltas
E amolecer os corações.
Que bom! Você existe!
É nosso(a) colega e educador(a).
Como a chuva revitalizante,
Entusiasma os “fracos” e “tímidos”.
Obrigado por ser
A companhia saudável
Que os pais buscam
Para suscitar a sabedoria.
Parabéns pelo seu dia,
Parabéns pela sua alegria,
Por ser um exemplo
De que vale apena viver.
(Autor: Mário Joaquim Batista)
Ter certezas absolutas sobre o funcionamento da mente é como ter a certeza do número de formigas existentes num formigueiro.
Das Sete Canções de Declíno
Um frenesi
hialino arrepiou
Pra sempre a minha carne e a minha vida.
Foi um barco de vela que parou
Em súbita baía adormecida...
Baía embandeirada de miragem,
Dormente de ópio, de cristal e anil.
Na ideia de um país de gaze e Abril,
Em duvidosa e tremulante imagem...
Parou ali a barca – e, ou fosse encanto,
Ou preguiça, ou delírio, ou esquecimento,
Não mais aparelhou... – ou fosse o vento
Propício que faltasse: ágil e santo...
...Frente ao porto esboçara-se a cidade,
Descendo enlanguescida e preciosa:
As cúpulas de sombra cor de rosa
As torres de platina e de saudade.
Avenidas de seda deslizando,
Praças de honra libertas sobre o mar...
Jardins onde as flores fossem luar;
Lagos – carícias de âmbar flutuando...
Os palácios a rendas e escumalha,
De filigrana e cinza as catedrais –
Sobre a cidade a luz – esquiva poalha
Tingindo-se através longos vitrais...
Vitrais de sonho a debruá-la em volta,
A isolá-la em lenda marchetada:
Uma Veneza de capricho – solta,
Instável, dúbia, pressentida, alada...
Exílio branco – a sua atmosfera,
Murmúrio de aplausos – seu brou-há-há...
E na Praça mais larga, em frágil cera,
Eu – a estátua que nunca tombará...
Quando adormeço, sonho com o teu olhar de desejo,
ao acordar revelo o meu sonho,
ao te encontrar realizo do meu eterno desejo e
faço de ti a minha doce Rainha.