Um dia Percebemos Mário Quintana
ESTIO
Um fio d'água
Na face de mármore.
E, afinal, a desertificação.
Quem drenou o pântano
Dessa alagada ilusão?
O POEMA QUE NÃO FIZ
O poema que não fiz
Me angustia
É dor que não digeri
Solidão rompendo trilhas...
DERRADEIRA LIÇÃO DO NÃO ESQUECIMENTO
Sempre haverá
um lugar à mesa
e uma melodia brincando
nos telhados da saudade.
A Pedra
Ofereço esta pedra a todas as pessoas que escrevem suas histórias n'areia, para que escrevendo nela, nem o vento, nem a chuva, nem a mais turbulenta onda do mar possam apagá-las. Ofereço também aos que têm sede de julgamento para que atirem-na contra a própria testa tendo consciência que nem mesmo o mais sensato juiz é isento de erros. Ofereço-a ao fraco, para que a exemplo dela, tenha força, firmeza e solidificação. Ofereço-a também ao forte, para que lembre que fora com esta, quem um dia, Davi matara Golias. Ofereço-a, ao caminho, para que não haja a facilidade de se chegar sem antes vencerem os obstáculos. Ofereço esta pedra ao pobre, para que veja que tem a primeira peça para construiu um castelo. Ofereço-a ao apressado, para que nela tropece e saiba entender que devagar se vai mais longe. Ofereço-a aos que têm coração rochoso, para que veja que dali não sai, não entra, não cresce, não muda e não floresce nada, nem ninguém. Por fim, ofereço esta pedra a todos os homens e mulheres, para que entendam que somos tal qual, podendo edificar um castelo ou desmoronar um homem. Ofereço-a, assim, pra que compreendam que como ela, viemos do pó, e ainda como ela, a ele retornaremos.
"Eu me chamo Antônio."
Eu me chamo Antônio e vivo pelas beiras das calçadas. Tenho olhares tristes de alguém que perdeu um futuro e mal sabe se acorda amanhã. Eu me chamo Antônio e mendigo centavos quaisquer, roubo restos de comida que distraiam minha fome e à tardinha procuro um papelão que me cubra ao frio nesta cidade escura e silenciada pelas noites longas. Me chamo Antônio e maquio minhas dores, maquinando roubar sorrisos de pessoas que são felizes e não sabem disso. Me chamo Antônio e sou um velho palhaço triste em busca do sonho bobo de viver, porque até hoje apenas existi. Me chamo Antônio e sou apenas mais um neste mundo de hipócritas, sou só mais uma realidade desprezada pela sociedade e contada nos índices tristes das enquetes dos jornais deste país de Antônios. De antônimos. Me chamo Antônio e sou fome, pobreza e solidão... sou só mais um pidão de esquina. Peço moedas, peço sorrisos ou alguém que me estenda as mãos. Peço abraços, olhares ou atenção. Moço, eu me chamo Antônio e já levei muitos nãos! Já supliquei subempregos e já pulei os muros da escola só pra saber como era estar lá dentro e o que era “ter educação”. Eu já chorei por dentro rindo pra fora e já me dei conta do que viver é. Me chamo Antônio e vivo assim, vestido em trapos e maquiado de palhaço, causando risadas largas nem que pra isso tenha de rir da minha própria desgraça. Pois é, pois bem... Muito prazer, eu me chamo Antônio e sou mais um avesso que a vida fez. Eu me chamo Antônio e sou o antônimo dos sonhos que o mundo tem.
"A única certeza de que precisamos
é a do que sentimos. E, às vezes,
nem isso nos dá a garantia
de verdadeiras atitudes"
Viver a viva sem ilusão é ser iludido pela realidade, numa vida pena, sempre há vaidade.
Não fujas do real, pois o irreal é a mais pura verdade, transparece na sua face sua falsa identidade fingindo-se real sem ter medo da verdade. Acredita na moral, quando vive a imoralidade nesta sociedade. Isto é uma realidade?
Para que você quer ter todas as mulheres do mundo, se apenas uma vai te fazer feliz, pelo resto da sua vida?
"Seus olhos vêem coisas
que o mundo natural não vê.
Poesia, verso e prosa: só descobre,
essa coisa nobre, quem se interessa em ler.
Quero ser uma lembrança boa
para nunca sair da tua vida.
Não ser uma história esquecida,
nem muito menos à toa.
Pois Amar vai além do físico,
vai além de todo ser.
Amar é poesia.
É verso, prosa, melodia.
Amar, é como Ama...
você.