Um dia Percebemos Mário Quintana
DIÁLOGO FINAL
Por que choras, quem és?
És aquela por quem ele tanto esperou?
Se és, olha-o aos teus pés,
Foste tu que o mataste.
Se tivesse vindo,
Quem sabe, ele agora estaria sorrindo,
E tu estarias chorando,
Por ve-lo num sono profundo.
Foi por tua indecisão,
Que esse nobre coração,
Nunca mais vai palpitar.
Foste tu a preferida,
Por quem ele deu a vida,
Somente por te amar.
AVISO ATRAVÉS DO VENTO
Um dia hei de vir bater em tua porta.
Hás de perguntar quem é e não obterás resposta.
E então, sem saber, virás ao meu encontro
E nada verás, a não ser o vento que sopra.
Hás de sentir a sensação do medo,
Um medo sem lógica,
Pois ao amanhecer, quando vieres despertar-me cedo,
Saberás que fui eu quem bateu em tua porta.
Peço-te, porém, que não chores
E nem fiques melancólica,
Pois sou feliz, faço parte do tempo.
Eu sou o vento que sopra;
Portanto, não temas quando, novamente,
Eu vier bater em tua porta.
Jamais te iludas, querida,
com conversa de ninguém,
pois saibas que nesta vida,
quem muito quer, nada tem...
O teu sorriso, querida,
é que sempre me entristece,
mas saibas que nesta vida,
quem ama também esquece...
Humanidade imperfeita!
Por que dão valor à cruz,
Se sabem que ela foi feita
Para maltratar Jesus!...
Por dentro sinto teu pranto,
ó pobre coração meu.
Coração, não sofras tanto
por alguém que te esqueceu!...
Amor, quiseste a riqueza:
hoje a tens e és infeliz.
Vivo ainda com a pobreza,
amo outra e sou feliz!...
SOU
Sou importante,
sem importância
Sou amor,
sem amante,
Sou rico,
sem riqueza,
Sou justo,
sem justiça,
Sou mau,
sem maldade,
Sou alguém,
sem ninguém,
Sou você?
Afinal cheguei,
porém muito tarde
pois aquela a quem tanto amei
partiu para a gloriosa eternidade.
Vejo teu corpo sem vida
cansado de tanto esperar
uma esperança perdida
que jamais há de retornar,
Lágrimas não hei de derramar
pois pretendo te reencontrar
do outro lado da vida,
E a vida que nos espera
o ódio, a ambição não impera,
nem a matéria também,
pois lá o amor é puro
não se pensa no futuro
a não ser espiritual.
LEMBRANÇA
Ao sonhar te chamo,
e te vejo rindo feliz,
como te adoro, te amo.
Nosso lar será eterno,
E nunca infeliz.
Essas palavras foram ditas no passado,
Por uma fraca, hoje criatura,
Que agora diz ter encontrado,
Uma outra flor, nova, bela e pura.
E aquela outra flor cansada, hoje acabada,
Que amor, carinho e filhos te deu,
Será esta recompensa, que ela mereceu?
Na inspiração a vi, parecia estar conformada,
E naquele olhar simples, vi decepção, melancolia,
Seu nome eu não sei, talvez quem sabe, Maria.