Um dia Desses
Quantas vezes eu já fugi, jurando pra mim mesmo nunca mais voltar. E no meio desses juramentos eu voltava, tentando lutar contra os meus pés que insistiam em te encontrar.
Invejosos! Desses existem às levas por aí, que poluem a felicidade com os odores podres da inveja. Mas, quem tem um coração poeta não se entrega ao desalento desses destruidores, pois os sonhos são feitos do que temos no coração.
Me afoguei em você um dia desses. Imaginei a água morna serpenteando nas curvas da sua face, virando uma queda d’água no seu queixo, e eu hora me afogando, hora flutuando. Me afogando. Fluindo nas poças acumuladas em suas covinhas, nessas que quis me enterrar até sumir dentro de você. Procurei por ar em todas as coisas que nunca tivemos, nos míseros momentos em que, sãos, deixamos o tempo abraçar-nos, e os acasos desfazerem, com desamor, o nosso amor.
Continuei ali, me afogando. Por cada beijo na ponta do seu nariz que reservei, e reservados permanecerão. Por cada enrubescer das suas bochechas ao me ouvir suspirar seu nome de lado no travesseiro. Por cada noite daquele verão agridoce, adocicado.
Certo dia me afoguei em você. Com você, por você. Contei, ainda que por pouco tempo, cada gota, cada pingo de chuva que molhou a nossa terra, mas não floresceu nenhuma flor, a nossa flor.
Umas palavras raras
Emiliano Lima de Araujo
Eu tenho que encontrar
Um desses livros caros
Umas palavras raras
Umas poucas certezas
Uns dois ou três amigos,
Um sorriso sincero.
Eu tenho que alcançar
Mais algumas metas
Outros tantos pontos
E eu tenho pressa,
Quero logo tudo
Quero descansar
Um dia eu vou ser
(Pra alguém.)
Um desses livros raros,
Um amigo certo
Um sorriso sincero
Alguma maluca meta
Eu tenho que encontrar
Tudo que preciso alcançar
E eu tenho pressa,
Eu quero descansar.
Não haveria de me desvencilhar desses caminhos, não ousaria inventar e reinventar qualquer percalço, o que é pra ser, assim será, eu sempre soube disso, algo que me convém atentamente observar, o quanto as matérias eminentemente humanas, sempre me surtiram um indescritível efeito interno, algo totalmente superior a uma simples questão de escolha, quase como uma verdadeira vocação, razão pela qual, sopeso os fardos que são indolores, renuncio a todas aquelas coisas, como se não fizessem a menor falta, para simplesmente caminhar contigo pelos mais dificultosos caminhos, de mãos dadas.
ANJO
Como um anjo
Num desses encontros e desencontros da vida
Perdido numa esquina qualquer
Eu me deparei com você
Asas caídas
Olhar terno
As mãos estavam vazias
Mas na alma, o mistério de quem já havia percorrido um mundo inteiro
Tinha gestos sutis
Sussurrava palavras doces
E eu que já estava inerte em meu pedestal
Julgando-me inatingível
Fui envolvida pelo encanto que você inconscientemente, ou não, trazia dentro de si
Tentei fugir, mas já era tarde
Senti-me perdida num labirinto de sentimentos confusos
Tocou-me com tua mão
E para sempre me arrastou ao delírio de tua presença alucinante
Neste instante percebi
Que nunca mais seria a mesma depois de ti...
Anjo
Teu corpo no meu..
deveria ser um mandamento..
desses que vc tem que cumprir todos os dias da tua vida...
É tão notável o que estou sentindo.
E sempre sinto, e torno vezes mais a sentir...
Um dia desses ouvi que, preciso disso para me sentir viva.
A adrenalina que me corre,o perigo da descoberta.
Te sentir,um dos meus perigos favoritos.
E foi então que um desses ventos assoprou mais forte e, como uma pequena ponte, se tornou, enfim, uma passagem que o levou ao outro lado do jogo.
Cuscuz.
Um cuscuz bem suculento
desses de encher a pança
eu só gosto de alimento
que possa me dar sustança
do olho ter um aumento
e do bucho ter confiança.
Moço, sei que muitos dos meus dramas, melodramas e desses meus pensamentos meio complexos, atrapalham essa nossa relação. Mas, se não for pedir muito, por favor, não nos deixe dormir chateados, mesmo que eu ainda insista em discutir por algo que não tenha mais sentido.
Diga alguma coisa do tipo: “Amanhã podemos continuar a discussão, mas agora quero que você saiba que eu te amo e que você é a mulher da minha vida”
Às vezes sonho contigo, e muitos desses sonhos me trazes lembranças das quais eu não queria ter presenciado.
"Sou desses românticos a flor da pele que se assemelha a uma rosa fechada cheia de espinhos. Basta um bom adubo de sentimentos, umas regadas de afetividade, que eu, transbordarei amor."
Operariado
Escorre suor das mãos calejadas
desses sertanejos esperançosos
que agarram o cabo da enxada
com ânimo e certeza
de se a chuva não faltar
haverá sempre o feijão na mesa.
Escorre suor do rosto do operário
numa enfadonha jornada de oito horas
para garantir no fim do mês o salário:
que mal compra a cesta básica ;
que não paga o alugue;
que não paga a escola ;
que nem parece um salário,
mas que parece uma esmola.
O jeito é virar bicheiro,
político ou banqueiro.
Quem sabe pastor de igreja.
Qualquer coisa desse gênero
desde que não fraqueja!
O suor que goteja:
das mãos, do rosto
desses cidadãos
que enriquece o patrão,
o patrão orgulhoso do que faz;
o feitor sem chicote
que açoita seu escravo,
o escravo assalariado
Hoje de repente um sorriso transformou meu dia... Não foi qualquer sorriso, um dia desses já tinha observado ela por aqui... próxima de mim, mas hoje foi diferente, foi mágico... Ela entrou no ônibus como quem não queria nada, deve ter no máximo 30 anos, ela sorriu com os olhos para todos, mas permaneceu ali como se fosse invisível, ninguém a notara, não sei se por preconceito de raça ou pelo simples fato de ser um pessoa como dizem "especial", ou apenas mais uma portadora de transtornos mentais, ela estava ali, linda, negra, e acima do peso mas mudou meu dia, não sei seu nome, não sei a dificuldade que enfrenta, só sei que ela me olhou e sorriu com seus olhos, olhos negros, lindos e sorridentes, e mudou meu dia me fez feliz. Parei por um instante observei, toda educada, esperando sua vez, seu momento... Hoje ela mudou meu dia, minha vida, meus instantes....Talvez Deus estivesse ali... Acho que foi ele quem sorriu pra mim...
Dia da Imprensa
Um dia desses,
não sei por qual motivo,
alguém disse algo,
para não sei quem,
levar alguma coisa
para algum lugar.
Quando não se dá nome aos bois,
ninguém entende o que acontece.