Trovas de Amor
Engana-se quem pensa que o carnaval
é a festa das máscaras e fantasias.
Na verdade é justamente em seus dias
que as verdadeiras faces, ocultadas pela covardia,
são expostas com todos os seus instintos,
excessos, anomalias morais e anseios inconfessos,
mostrando ao mundo a essência pervertida
de quem ao longo do ano regressa ao seu casulo
e adota uma identidade disfarçada!
Se devemos amar ao próximo como a nós mesmos, concluo que a falta de amor próprio seja uma agressão ao mundo!
Romantizamos de tal forma nossas concepções acerca do amor, que minimizamos dois de seus mais nobres sintomas: a cumplicidade e o altruísmo!
Quem se aplica a assumir falsas e secretas identidades, seguramente não merece elogios pela verdadeira!
Às vezes eu me envergonho do sono omisso que adere ao comodismo e à indiferença perante o grito dos excluídos!
Eu não acredito na proclamada felicidade dos individualistas. Se a chuva não faz acepção de flores, é mentiroso o sorriso que só pensa em si!
No casaco de peles da madame parasita eu vejo um tapa que esvazia o prato de muitos e uma dívida de sangue com a natureza!