Trilhos
Por você eu dançaria tango no teto, eu limparia os trilhos do metrô e até mesmo pararia de exagerar dessa forma.
Como a roda de um trem sobre os trilhos, o ponteiro do relógio gira cada vez mais rápido e me faz lembrar o tempo que perdi com você na esperança que valesse a pena.
NÃO SEI
Não sei se morrerei poeta.
Não sei se viverei sem trilhos.
Não sei se ficarei cega
e não enxergarei os brilhos
das estrelas sobre minha cabeça.
Não sei se morrerei à mingua.
Não sei se me faltará ar.
Não sei se ficarei asfixiada
pela falta que você me faz.
Não sei se morrerei amando.
Não sei se saberei continuar
se tudo que existe agora,
de repente, se acabar.
Não sei se morrerei tranqüila.
Não sei se viverei em paz,
se nessa sua alma agitada
todas as minhas vontades eu entregar.
Só sei que você me basta
ao se fazer refrão dos meus dias lentos,
sol de minha escuridão,
lua de minhas noites claras
batuques de meu coração.
Eu não saberia dizer o que mudou, mas concordamos que algo saiu dos trilhos. Parece que finalmente chegou a hora de sair. Talvez seja o fim, e , é a culpa é minha.
"Caminho da Fazenda...
trilhos de suor e coragem
nem tudo em ti é selvagem
seu povo humilde; é bondade
suas lendas; a realidade
e mais que tudo em verdade
é a triste dor da saudade"...
E agora são novos trilhos, novos ares, o que passou já não importa, o que há de ser será, se passou é porque assim havia de ser, o destino por mais errado que pareça ser, acredite, ele nunca erra, pois tudo ocorre no seu determinado instante. Por isso não vos prendeis ao passado, a vida segue, e logo verá que o que julgava bom, pode ser ainda melhor, afinal, o destino sempre se encarrega de nos proporcionar infinitas surpresas.
CPTM
SOBRE OS TRILHOS
TREM-NAMENTO DE CHOQUE.
PESSOAS AMONTOADAS,
RESISTINDO,
DESACOMODADAS.
"SEGURE SUA CARGA.
NA SAÍDA, CUIDADO:
SENÃO VAI PRA VALA!"
Se por hora a vida parece desencarrilhar-se diante dos nossos olhos, melhores serão os trilhos, quando a eles retornarmos. (taw ranon)
As dores do mundo
Eu sinto as dores
Dos trilhos
Órfão casal
Sem o carinho do trem
Eu sinto as dores
Do sertão
Chuva torrente
Luar? Platinar a quem?
Eu sinto as dores
Do parto
Calor da alma
Seus chutes também
Eu sinto as dores
dos meus amores
Castos pastores
Sem teus olhos decolores
Eu sinto as dores
Das flores
Que florescem teus lábios
Mas choram o campo
Eu sinto as dores
Das palavras
Presas nos olhos
Se afogando no sal
Eu sinto as dores
Dos braços
Pontes eternas
Entre a alma e o corpo
Eu sinto as dores
Dos meus pés
Seguindo os sapatos
Que seguem tua voz
Eu sinto as dores
De cães doentes
Que comem capim
E não sabem falar
Eu sinto as dores
Dos meus tremores
Sem os cobertores
Dos teus amores
Eu sinto as dores
Da inocência tua
Que olha adiante
E só vê uma sombra
Eu sinto as dores
Da pressa tua
Que olha atrás
E não vê a minha.
A saudade dos meus filhos
dói, machuca, me amordaça...
Eu comparo aos velhos trilhos
por onde o trem já não passa.
Tudo está nos trilhos, você me faz bem... Para que a pressa se posso aproveitar cada sorriso seu?
Sentindo-me sozinho lhe procuro e encontro a paz... Para que pular os estágios se posso desfrutar de cada momento ao seu lado?
O pudor, recíproco - sim, recíproco! -, aquece a minha alma... Para que permanecer gélido se há uma chama que se chama paixão?
Não sei e nem pretendo encontrar definição, mas para quê? Se eu certifico tal sentimento, não existe motivo para definições posteriores. Ainda que tornem-se póstumas estas memórias, permanecerá vivo o amor nascido no coração. Não importará qual verme roerá primeiro minhas carnes frias, qual das caveiras serei eu... Para para que preocupar-se com isto se eu posso simplesmente deixar que tudo aconteça naturalmente?
Entenda, portanto, que independerá a circunstância. De nada valerá a prova. Inúteis serão as tentativas de eternizar algo que um dia se finda; mas que enquanto perdura, afronta a oposição, dá cabo da melancolia e alegra o coração.
A velha vontade de lustrar os trilhos do trem com meu próprio sangue surge novamente com força infindável.
Caminhos(in)versos
Desnudam-me a arte, o espelho, o tempo e os trilhos.
Mostram-me quem sou, quem não sou,
quem poderia ter sido...
Quem não deveria ser de jeito nenhum!
Ao reverberar em mim, a arte, faz surgir a poesia.
No espelho, meu corpo adquire forma,
enquanto desconforma a vida em sua imensa sabedoria,
conforma-se meu corpo, na silhueta errante refletida no espelho.
O tempo, dá-me, os limites de que preciso.
Na exatidão de teu agir, molda-me a seu bel-prazer
com a precisão cirúrgica de um bisturi.
Os trilhos são os descaminhos, os segredos guardados, os espinhos.
Neles, sigo em apresentação solo, sem platéia ou aplausos
sigo, errante como sempre, e fazendo um monte de merda.
Trilhos que destinam o vai e vem, perpétuos mas objetivos, levam e trazem emoções, partidas e chegadas, quem sabe com a espera, caminhos se cruzem em uma só direção!
Se ainda posso homenagear a terra natal
Na terra onde nasci,
Os trilhos cortavam o pequeno lugarejo,
Como brilhantes luzindo a luz solar.
não quero apenas seguir,
quero seguir ao seu lado..
mesmo que por algum motivo eu saia dos trilhos
tentarei voltar pois escolhi seguir ao seu lado
mesmo que por algum motivo eu pare no caminho
tentarei volta a andar pois escolhi seguir ao seu lado
mesmo que o caminho fique estreito demais..
tentarei continuar pois escolhi estar ao seu lado.
Dos trilhos por onde caminhei
os riscos da solidão
os riscos da contramão.
Dos mares que naveguei
as ondas que me quebraram
e as ondas que me levaram.
Agora restou a história,
versos e dramas.
De um coração,
a viva memória.
ÚLTIMA ESTAÇÃO
Quando nascemos,
tomamos um vagão
na locomotiva da vida.
Os trilhos, são destinos já traçados.
Não temos como muda-los.
A viagem é breve e termina na proxima estação.
Quanto ao teu vagão na locomotiva,
voce pode transforma-lo
num salão de festas ou
um cortejo fúnebre.
Você pode escolher.
Mas lembre-se, voce está pagando por essa viagem.
Então, faça valer a pena, até o apito final,
até a última estação.