Trem
Ou embarcarmos num trem
Que esvai, evaporando
E deixando nu,
Desabrigado, desobrigado,
Diz obrigado no réquiem.
Há anos eu andava por um trem
que se dizia ter um bom destino,
até que um dia resolvi descer,
chamaram-me de louco,
descobri que o trem era uma farsa,
e o destino era o sonho dos outros,
hoje vejo o trem passar na minha frente,
mesmo assim acabo embarcando,
sempre quando posso eu desso,
e continuo solitário pela minha caminhada.
Aproveite cada momento único que a vida te deu. O tempo é um trem só de ida e as lembranças nos permitem sentir o gostinho do que foi e não volta mais.
Do Bom Mineiro -
Trem é palavra
Quando palavras não se tem
Qualquer trem serve.
Eu nunca vi trem algum
que não tivesse gosto de outro trem
Assim como jamais toquei certo trem
Que não lembrasse trem qualquer
Trem nenhum eu entendo
Trem qualquer compreendido
Qualquer trem trocado por trem
Todo trem se explica
(do livro de poemas 'Do Universo Rabisco o Mundo'
O Batizado da Boneca
"Na pracinha, a igreja...
Porteira fechada...
E o trem de longe, já vem apitando
passando lentamente pela cidade...
Meio tarde... sol escaldante...
Sandálias novas,
rendas e babados em alvos vestidos,
fitas coloridas nos cabelos,
as meninas entram na penumbra
do recinto sagrado;
rindo e cochichando
sob o olhar assombrado dos santos
perturbados por inesperada revoada...
Mergulhando seus dedos
nas águas bentas da pia batismal
o menino padrinho
de padre fingindo
inicia o solene batizado da boneca...
In nomine Patris, et Filii
et Spiritus Sancti Amen…"
"Quem anda no trilho é trem de ferro, sou água que corre entre pedras, passo por cima dos obstáculos ou simplesmente o contorno.
Não espero seguir um caminho, eu o crio!!"
Vou pegar o último trem
mas aqui não tem mais maria fumaça
só na língua, mesmo assim...
é uma língua que querem matar
&
enterrar entre o que restou dos mourões carcomidos
ferros retorcidos
eis ai...
toda nossa dor lusitana.
Na linha do trem que pro sul desce,
Um ser tão pobre que padece
Sobre as ruas da cidade grande.
Um sertão nobre se voltasse
Mil léguas retroativas.
Respirar o ar limpo e quente
E não mais poeiras radioativas.
Ela babando e dançando, te seduz
A letra confusa te induz
A alimentar esse avestruz que de todos se alimenta.
Sobra oportunidade pra quem tem,
Sobra oportunista pra quem vem,
Claramente que não convém.
Amigos de pele de onça reveste,
O lobo na pele do cordeiro investe,
Não deixe seu palmo de terra
Pra viver a guerra biomédica onde você é a peste.
A Viagem
O trem é um só, com muitos vagões;
O trem é um só, com vagões diferentes;
O trem é um só, contemple as regiões;
O trem é um só, não sejam apenas divergentes;
O trem é um só, aproveite a vida;
O trem é um só, viva a oportunidade;
O trem é um só, mas um dia chegará a partida;
O trem é um só, que chegue a ida pela idade;
O trem é um só; plante o amor;
O trem é um só; demonstre seu valor;
O trem é um só, mostre o seu ser;
O trem é um só, volte para novo resplandecer;
By José Schmitsler Filho
O limite é como um trem, sabendo controlar, você chega a qualquer lugar.Mas basta perder o controle,
para que você se perca." (16/08/24)
Vai melhorar. Uma hora a tapioca vira. Esse trem passa. Fique firme. Balança, mas não cai. Aguenta o tranco. Rapadura é doce, mas não é mole não. Jesus acalma a tempestade
esse trem de diário é bom porque eu queria desbloquear ela mas relendo eu vi que ela não gostava de mim
O TREM DA VIDA
A vida é qual um trem de passageiros que vem e vai pra Minas Gerais.
Traz saudade e deixa saudade, e o bão mesmo de verdade é a gente viver em paz.
Vem trazendo a parentágem que a gente não vê faz tempo.
E quando vai,fica a saudade que o nosso peito invade e é aquele desalento.
Quem já viajou de trem?
Da janela vê se a paisagem que vai passando ligeiro, o truc trac da roda esfregando sobre o trilho , vai mostrando que a vida com seu brilho é como trem de passageiro.
E este trem da vida,
que não traz só coisa boa,
vez enquando entristece, quando alguém resorve e desce,sem adeus, assim atoa.
E a viagem vai seguindo,
com as estações e os destinos onde sempre desce alguém.
E quem sabe nesta vida, qual o dia repentino, da gente descer também?
Cícero Marcos
Eu vivo um dia de cada vez,
Levanto-me cedo, enfrento o trem,
E volto tarde, sem ninguém.
Construo sonhos de papelão,
Como um mendigo,
Mãos calejadas, olhos cansados,
Essência perdida.
Vivo um dia de cada vez,
Como se fosse o último,
Não por querer viver,
Mas por precisar comer.
Construo um lar de solidão,
Como um empregado,
Com tijolos de suor e dor,
E paredes de ilusões.
Vivo um dia de cada vez,
Como se fosse uma prisão,
Não por querer viver,
Mas por não ser ninguém.
Construo uma vida de incertezas,
Enfrento a vida, e me perco,
Sem coragem para lutar...
Ele permanece à beira do limiar, o vento frio da estação tocando seu rosto enquanto o trem repousa por um momento. A porta aberta à sua frente é um convite silencioso, mas a decisão pesa como um fardo nos ombros. De dentro do vagão, ele observa o caos organizado da estação. Pessoas correm de um lado para o outro, cada uma com seus próprios destinos, carregando sonhos, dores e despedidas. A estação é imensa, cheia de vida, cores que se misturam em um psicodélico turbilhão de emoções, refletindo o turbilhão dentro dele.
É como se o mundo inteiro estivesse em movimento, exceto ele.
Ali, parado no limiar, com os pés ainda dentro do trem, ele sente a hesitação apertar seu peito. O próximo passo não é apenas uma escolha física — é uma decisão que ecoa na alma. Há tanto peso no ato simples de sair do vagão, como se estivesse deixando para trás uma parte de si, uma vida que já não faz sentido continuar. Cada rosto que passa por ele é uma lembrança do passado que tenta se afastar. Há dor, sim, mas também há uma promessa de algo novo do outro lado. Só que para dar esse passo, ele precisa deixar algo para trás, algo que talvez nunca mais volte a ser.
E então ele percebe: a verdadeira viagem não é sobre o destino. É sobre as paradas, os momentos em que decidimos se seguimos em frente ou se ficamos.
A estação pulsa à sua frente, vibrante e viva, mas a escolha é dele. Ficar no trem, confortável no familiar, ou descer, enfrentar o desconhecido e descobrir o que a vida reserva do outro lado?
No fundo, ele sabe que o trem não esperará para sempre.
Eu desci da estação. Não foi fácil, não foi leve, mas foi necessário. Deixei o trem seguir sem mim, e junto com ele, tudo o que não era mais meu, tudo o que me prendia e me fazia duvidar de quem eu realmente sou. Não preciso mais correr atrás de algo que nunca foi para mim. Não preciso fingir que estou bem, não preciso lutar para ser mais do que sou. E isso, de um jeito estranho, me traz paz.
Eu desci carregando cicatrizes que ainda ardem, mas são minhas. Eu as aceito. Não vou mentir: ainda dói. Despedir-se de algo que um dia fez parte de mim sempre vai doer, mas agora eu respiro. Pela primeira vez em tanto tempo, respiro sem sentir o peso esmagador no peito. Não preciso mais medir minhas palavras, não preciso mais pisar em ovos. Não estou curado, não estou inteiro, mas estou livre. E essa liberdade, por mais amarga que tenha sido a conquista, é minha.
Aqui fora, a estação parece imensa. Mas não me assusta mais. O trem que seguiu em frente me deixa para trás, e tudo bem. Eu não preciso continuar naquele caminho. Finalmente, eu estou no meu próprio. A dor ainda me acompanha, sim, mas ela não me define mais. Eu a sinto, mas ela não dita meus passos. O horizonte é vasto e desconhecido, mas ao invés de medo, sinto um leve alívio. Não preciso saber o que vem a seguir, só preciso seguir.
Agora posso ser quem eu sou, sem medo, sem forçar um sorriso, sem tentar me encaixar em algo que nunca coube em mim. E por mais que isso traga uma espécie de solidão, ela é mais confortável do que qualquer máscara que já usei. Eu não preciso ser mais do que sou. E isso, finalmente, me basta.
Quando o trem chegar...
Traga consigo a esperança, igual a mente de uma criança, sem com a maldade se preocupar.
Quando o trem chegar
Traga consigo novas datas, novas histórias e um amor para com alguém se vivenciar...
Quando o trem partir...
Carregue todo esse fardo de mim,
Que eu permaneça aqui até encontrar o meu lugar
Quando o trem partir
Leve consigo as memórias de uma pessoa que outrora não queria mais permanecer neste lugar...
A vida é como uma viagem de trem que nos leva a um destino inevitável,
as vezes, ficamos tão focados nas estações que esquecemos de apreciar a paisagem mas devemos lembrar que a viagem é tão importante quanto o destino final, então aproveite cada momento, mesmo nas paradas mais simples, pois são as paradas ao longo do caminho que nos moldam e nos ensinam.